REVENDO O QUE FALEI NO QUE CONCERNE AOS FILMES E SÉRIES TURCAS- CLAIRE OBSCUR E 8 EM INSTAMBUL MERECEM SER VISTOS.
Uma mãe de uma amiga me disse uma vez que "não há nada como um dia atrás do outro com a noite em permeio". E é isso mesmo.
Ontem assisti na grade da Neflix esse filme muito interessante e contundente #Claire Obscur cujo tema é muito interessante. Foca dois lados da sociedade turca, o moderno e o tradicional, onde duas mulheres de backgrounds tão diferentes compadecem do mesmo mal: necessidade de amor e a luta pela redefinição de suas vidas. Sehnaz é uma psiquiatra de um hospital numa pequena cidade, e que trabalha num hospital público para onde a jovem Elmas é levada após uma tragédia de grandes proporções. Elmas é muçulmana, pobre e aos 13 anos foi obrigada a casar com um homem que poderia ser seu pai. É impressionante, pelo menos para mim, essa prática horrorosa dos pais escolherem os maridos, esposas para os seus filhos. E não há como não se compadecer e entender o personagem de Elmas, bravamente interpretado. Vale a pena.
O outro é # 8 em Istambul, série - primeira temporada, onde de novo a condição da mulher é o ponto central da trama, e como em Claire Obscur foca os dois lados da sociedade turca, o moderno e o tradicional. E de novo a psiquiatra no foco - totalmente conturbada, me levando a crer que o personagem de sua paciente é mais feliz do que ela, ou melhor, que dada a prisão de sua vida sabe levá-la melhor do que a primeira, rica e elegante.
Tenho dificuldades em entender qualquer religião fundamentalista onde a lista de proibições vira a página. Não vivemos numa sociedade livre, claro, há regras para sempre obedecidas e seguidas, mas quando a regra viola o livre arbítrio, aí fica mesmo muito difícil de se entender. Cada um deve mesmo levar a vida que escolher, e pelo menos viver prazerosamente, se não para que viver? Meryem é uma faxineira com problemas de saúde, ela tem desmaios pontuais, então aconselhada por Dodja, seu conselheiro espiritual procura uma psiquiatra, que de cara não simpatiza com a moça, muçulmana, usando o véu, em contraste com ela, maquiada, usando roupas bonitas e saltos altos, mas por obrigação de seu ofício, a atende. O roteiro é muito bem costurado, com outras histórias se complementando, todas no mesmo círculo, achei interessante, como se para entender uma personagem, as outras ajudam o entendimento, formando um painel legal. Os conflitos são os mesmos : a opressão da mulher na sociedade turca. A atriz compreendeu bem o seu personagem e leva sua beleza e doçura para compô-lo. As cenas entre ela e a psiquiatra são preciosas, podendo o público ler no silêncio da médica, o seu pensamento conturbado pelos fatos que Meryem lhes traz.
No cinema italiano os atores gritam, no indiano, turco, brasileiro,argentino também. Arre. Haja ouvidos.
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