sexta-feira, dezembro 19, 2008
FURDÚNCIO EM IPANEMA CANCELADO
quarta-feira, dezembro 17, 2008
A FARRA DOS DONATIVOS EM SANTA CATARINA
terça-feira, dezembro 02, 2008
O VESTIDO AZUL
quarta-feira, novembro 26, 2008
ATÉ TU, BRUTUS EDUARDO PAES
terça-feira, novembro 25, 2008
LUIS ALBERTO MENDES- TESÃO E PRAZER
VICKY CHRISTINA BARCELONA
MENINO DE ENGENHO- Graciliano Ramos
quarta-feira, novembro 19, 2008
O CHAPÉU
Foi a primeira coisa que viu. Antes de ver o homem viu o chapéu. Das histórias da cidade, houve uma época, de fato, em que as pessoas usavam chapéu. Homens e mulheres. Era chique. A elegância feminina se completava com luvas e meias de seda. Para ela, tudo isso era um horror. Não se imaginava vivendo naquele tempo. A cidade é quente, o verão africano,e quanto menos roupa melhor. Imagine só, luvas e meias de seda!
O cara era jovem, agora ela olhava o homem, o chapéu misteriosamente fazendo uma certa sombra no seu semblante, não era feio o tipo. Ele notou o interesse dela, e sorriu, e ela sorriu de volta. Ele se aproximou e começaram a conversar. Descobriram que moravam próximos. Trocaram números de telefones e ficaram de se encontrar breve. Ela torceu para que no encontro ele não fosse de chapéu.
No dia seguinte ela esperou o telefonema. Não veio. Ela não quis ligar. Talvez por conta do chapéu, ele fosse um cara das antigas e ela não queria se mostrar oferecida.
Três dias depois, falaram-se e combinaram um encontro- pra dali a alguns minutos. Ele morava próximo, num pé estava na casa dela.
Viu o chapéu se aproximando e se sentiu incomodada. Por que ele insistia tanto no chapéu? Vai ver é calvo, tem piolho ou já tem cabelo branco e quer esconder. Descobriu que era puro charme e que ele gostava bastante de usar. Ela achou que o relacionamento não ia dar certo. Tinha medo do diferente, para ela o legal era todo mundo mais ou menos igual, no mesmo padrão.
Ele lhe contou uma história triste. Apesar de estar com vinte e quatro anos, era viúvo. A mulher morrera num incêndio, grávida, há dois anos, e ele ainda estava perdido. Ela ficou embatucada. O cara usava chapéu, passara por um trauma violento, não podia dar certo. Ele falava da falecida, mas fazia carinhos nela. Que estranho, será assim mesmo? Beijaram-se, ele se despediu e ficaram de se ver novamente.
O romance foi suave. Ele era carinhoso, atencioso, a chatice era que agora começara a falar da cunhada, que tinha a idade dela e era a cara da falecida. E continuava a usar chapéu. Tinha vários. E ela continuava a implicar com esse hábito, do século passado, da época de seu avô.
Ele era um partidão e ela sentiu que se fizesse uma pressãozinha poderiam se casar. Ela queria muito um marido, qualquer um. Ele queria uma mulher. Só que estava na dúvida, entre ela e a cunhada. A batalha era desigual. A cunhada exercia certo poder sobre ele. E ela não sabia até que ponto ele se entregava aos encantos da outra. Virou o jogo. Conheceu o irmão mais novo dele, numa festa de rua. Os dois estavam juntos e ele apresentou. O irmão foi super simpático, mais jovem do que ela, e bem bonitão. E não usava chapéu.
Resolveu usar o irmão num plano maquiavélico que começou a elaborar ali mesmo, por puro ciúme, porque sabia que o namorado ia para a fazenda e conseqüentemente se encontraria com a famigerada cunhada. Jogou charme e seduziu o rapaz. O namorado viu, sorriu, não deu muita bola, enfiou o chapéu, deu um beijo de despedida e foi-se embora.
Nas semanas seguintes ela saiu com o irmão mais novo, que não usava chapéu, mas em compensação um perfume fortíssimo, que lhe trazia enjôo. Fez um exame de consciência e viu que a parada estava perdida. O outro não se decidia, ela não queria esperar, e esse usava e abusava de perfume, o que ela já não estava agüentando, além de não ser um partidão como o irmão.
Os anos se passaram, ela se casou, se separou, e um dia o viu, sem chapéu, e percebeu que a cabeça era horrorosa. Ah, era por isso que usava chapéu. Cabisbaixo, segura o cotovelo de uma mulher. Seria a cunhada? Fingiu que não viu, passou batida.
ILEGAL E DAÍ?
quinta-feira, novembro 06, 2008
POLICIAMENTO OSTENSIVO
BARACK OBAMA
Ontem, a história de novo se fez com Barack Obama. O príncipe negro, de carisma transbordante, olhos de águia e discurso afinadíssimo na ponta da língua. O povo americano está de parabéns, deu uma tremenda aula de democracia. O mundo todo se emocionou,e a festa rolou de norte a sul, de leste a oeste. Rostos de várias cores, sorrisos em profusão e muita gente chorando. Obama quando aparece, eclipsa o que estiver do lado. A família é bonita, ele beija a mulher, diz que a ama, ela responde também dizendo que o ama, meus olhos ficam emocionados e torço para que ele faça um bom governo. O Mundo precisa de um líder, e é muito legal que seja aquele príncipe de ébano com um pé no Quênia, não é o máximo?
Espero que por aqui se aprenda a lição, que começou com a classe e a elegância de GABEIRA.
terça-feira, novembro 04, 2008
DENÚNCIA
sábado, novembro 01, 2008
SISTEMA PENAL BRASILEIRO
quinta-feira, outubro 30, 2008
MINÚSCULOS ASSASSINATOS E ALGUNS COPOS DE LEITE
CABBRAL, PAES E LULA
O segundo se comporta como a criatura na cola do seu criador.
O terceiro se mostra terrivelmente embaraçado nas fotos.
Não era isso que eu queria para o Rio.
Vamos rezar.
A LOJA DE MÓVEIS USADOS
Passeava os meus olhos por uma Copacabana decrépita quando ao passar por uma loja de móveis usados tive a atenção despertada por uma mesa de jacarandá empoeirada, circundada por belas cadeiras. Parei e admirei aqueles móveis, e por alguns momentos viajei no tempo. Visualizei uma sala de jantar ampla, com flores silvestres no centro da enorme mesa, e em cima do aparador peças antigas de prata-de-lei. Uma família grande e feliz encontrando-se em volta da mesa para o almoço de domingo. Crianças corriam em volta e empregados traziam bandejas fumegantes que colocavam sobre a alva toalha de linho. Pela janela o dia passava morno. Podia até sentir o cheiro do assado. Ao meu lado, alguém suspirou. Virei-me e vi o velho apoiado na sua bengala. Olhava para aqueles móveis. Uma lágrima sentida escapou de seus olhos. Veria ele o que eu via? Vivenciava aquilo que eu orquestrava? Quando percebi que a emoção também me pegava pelo pé, apaguei a cena, e continuei o meu passeio.
quinta-feira, outubro 23, 2008
VANDALISMO
quarta-feira, outubro 22, 2008
PAULO FRANCIS
sexta-feira, outubro 17, 2008
TRÁFICO NO RIO DE JANEIRO
O último a sair apague a luz
quarta-feira, outubro 15, 2008
SOBRE BARULHO
domingo, outubro 12, 2008
IMPUNIDADE NO TRÂNSITO
Há que se mudar essas leis. Essa gente é criminosa e pegar de 4 a 6 anos de cadeia é pouquíssimo, quando ainda pegam. Isso tem que acabar, e cabe a nós mudar.
quarta-feira, outubro 01, 2008
LULINHA AGORA ACHA QUE A CRISE ECONÔMICA É SÉRIA
CENA REAL
ELEIÇÕES 2008
A FAVORITA
A FAVORITA começou arrepiando. Críticas favoráveis e a audiência ali, comparecendo.Patrícia Pillar, Cláudia Raia. Murilo Benício arrasando logo na entrada. Havia um jogo de ambiguidades na interpretação de Patrícia Pillar que me seduziu. A atriz aproveitava tudo. Aliás, essa foi a tônica dos primeiros capítulos. E a história coesa avançava, não havia barriga, o texto interessante se impunha. Então, depois de um tempo percebi:
- Mariana Ximenes- carinha de boneca mas me diga, que roupa é aquela? É assim que os jovens de São Paulo se vestem? Sou mais a turma daqui, então. Depois de tudo que o personagem passou, crise de identidade de mãe, padrastro vagabundo, morte da mãe adotiva, não era para ela, pelo menos atuar mais desesperada, loucona, sei lá? A garota vai dançar, transa com o namorado, comemora o aniversário da mãe adotiva (já morta) num restaurante finérrimo, e vai para casa. Mas como refém, deu show de bola - até tremeu a boquinha. Acho que era essa emoção, ou algo mais parecido que ela tinha que levar para a dor da crise materna. Ela tinha que ter pirado feio. Não sei se foi o texto, falta de tempo televisivo ou não sei, mas ficou gauche.
- Debora Secco- cruzes, que que deu nela? Totalmente equivocada e chata. Idem para o exagerado Orlandinho e Suely Franco, que perdeu a mão. Está vulgar e cheia de trejeitos.
- Cassiano é um porre, até a voz dele é sacal. Pode ser desses que vão aprender com o tempo.
- Amo Taís Araujo que no início aparecia travestida de Cleópatra. É outra que está ficando chata. É totalmente inverossímil a relação familiar do personagem. O tal do Didu então, coitado, está totalmente perdido e a relação amorosa dele com a Rita não convence de jeito algum. Aliás,acho que nem a própria Cristine Fernandes acredita no que fala.
- No clã dos Coppola a coisa é morna. Cláudia Ohana não tem o que fazer e a família está simpática com seus conflitos.
- Cauá Reymond é tão lindo que dói. Gosto dele, e é engraçado. O texto é bom e ele tira vantagem.
- Meu compadre José Mayer não merecia aquele papel.
- Ary Fontoura é show. Amo as cenas do trio do mal. São bem escritas e a turma manda ver.
- Glória Menezes virou uma avózinha mala. Fez tantas plásticas que está irreconhecível.
- Gosto também de Mauro Mendonça e do avô Pedro. O texto de ambos é bom.
- a casa de Cirlene é divertida, mas as meninas não têm texto legal e não convencem.A história da Cirlene com o Harley com certeza foi inspirada na tragédia do menino Pedrinho sequestrado pela aquela mulher Vilma. É outro caso doloroso que de repente aconteceu e ficou por isso mesmo. Perdeu-se no meio do caminho. Elisânela fez muitas cartas e bocas e pronto: o autor encerrou ali mesmo.
- Não gosto da boca de Zé Bob.
- que homaço é o Damião, hein? Pena que ele só tira a camisa. Gosto dele também, e o embate com Dedina é o tempero sexy da novela.
- Shiva Lenin foi uma grata revelação. O garoto passa o conflito do personagem.
segunda-feira, setembro 22, 2008
O PREÇO DOS INGRESSOS DO CINEMA HÁ 50 ANOS ATRÁS
E não há muito tempo atrás, saiu no mesmo jornal, uma matéria sobre cinema em que o alto custo dos ingressos era comentado. E de fato está muito caro.
quinta-feira, setembro 18, 2008
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E LINHA DE PASSE
Já em Ensaio sobre a Cegueira o enfoque é mais alentador, há uma luz no fim do túnel quando a população que havia ficado cega começa a enxergar. Ambos os filmes me incomodaram, me fizeram sentir pequena e insegura, mas é isso - arte tem que incomodar.
segunda-feira, setembro 15, 2008
LINHA DE PASSE E A CENA DO VEÍCULO DE RADAR MÓVEL INCENDIADOaR
Vamos começar pela depredação da cidade inteira, dos óculos de Drummond ao pênis do Manequinho, às esculturas de Mestre Valentim, das pixações das estátuas, e etc, etc. e etc. e tal. As autoridade comparecem e remendam o mal e fica assim até ao proximo ato. Quem faz isso? De onde vêm essas pessoas? Têm família? Emprego? Vã à escola? Eu não sei, você sabe? O que me revolta e ao mesmo tempo me instiga é descobrir porque não há uma política de moral e cívica que se implante em todas as escolas,noções de cidadania, de respeito ao bem público, de higiene sanitária doméstica e urbana e de tudo mais que diferencie o homem do animal. Estamos, nessa cidade, nos comportando como verdadeiros animais: defecando, urinando e fazendo sexo nas ruas, que por sua vez estão imundas , cheias de esgoto parado, muros pichados, fiação elétrica das ruas quase batendo nas nossas cabeças, enfim, uma cidade como só vI na Índia. Não vou negar que a natureza ainda impressiona, mas o que está no asfalto, ASSUSTA.
E o jornal mostra jovens sorridentes com o incêndio de uma kombi que portava radares móveis. Ficaram felizes e mostraram seu contentamento para as câmeras. É um equívoco preocupante. Pra mim mostra um desprezo pelas leis que deveriam dar segurança a todos, inclusive a eles, motoqueiros, os que mais morrem no trânsito.
E então, fui ver LINHA DE PASSE, que aborda a vida de uma família periférica, cuja mãe tem um filho de homens diversos, é empregada doméstica, é incapaz de dar amor ou cuidar de seus filhos, que são párias nessa sociedade de consumo que a gente vive ( igual a Índia que também tem gente assim - são os intocáveis). O filme é intenso e faz sofrer. Sabem por que faz sofrer? Porque não há luz no fim do caminnho. Duvido que os personagens do filme tenham algum futuro nesse nosso mundo. e não vai haver Bolsa- Família que dê jeito.Enquanto não houver escolas de verdade e se criarem oportunidades de fato, os nossos párias só vão dar certo no futebol ou assaltando para sobreviver. E claro, debaixo da asa de um Fernandinho Beira-Mar.
segunda-feira, setembro 08, 2008
CASAL GAROTINHO- TSE ARQUIVA PROCESSO
AEROPORTO TOM JOBIM
OS DESAFINADOS
terça-feira, setembro 02, 2008
LEMON TREE- o filme
A ELEGANCIA DO OURIÇO- Muriel Barbery
MARCO AURÉLIO
Por muito tempo foi gerente do tráfico na comunidade onde morava. Durão, mantinha todo mundo nos trinques, embaixo da asa. Não matava, tinha horror de droga, mas a grana era boa e ele topava. Era muito respeitado, até que num vacilo a corda arrebentou pro lado mais fraco e foi preso. Ficou pouco tempo na prisão, mas ao sair, não quis o antigo posto. Queria mudar de vida, mesmo que ganhasse salário mínimo. Queria servir de exemplo para o filho, que nascera quando ele estava na prisão e já era um moleque de quatro anos.
Foi num momento de raiva que matou o vizinho. Por pura bobagem. Os dois moleques, o filho dele e do outro disputavam uma bola. O vizinho, querendo agradar ao filho, empurrou o filho do outro e ele caiu ao chão. O ferimento no braço foi coisa-à-toa, mas Marco Aurélio se enfezou, veio com a arma e matou o pai do amigo do filho. Onde já se viu? Empurrar assim, sem mais nem menos o meu moleque? A comunidade entendeu, não tomou partido e velou o morto. Mostrou serviço, o cara é bom. Fazer o quê? Mas voltar pro tráfico não queria não. Ainda mais que Rosilene pintou na jogada. Bem arrumadinha, gostosinha, enfermeira com salário fixo e casinha no alto, foi olhar e se aboletar na casa da mina. Colchão bom, se precisar de consertos domésticos, sei fazer de tudo. E foi fazendo. Nesses noves anos juntos passou por muita coisa. Conseguia trabalho ganhando uma merreca, mas cumpria horário e fazia qualquer coisa. Não assinavam a carteira, sabe como é, presidiário, a gente tem medo, era o que diziam. Mas ele agüentava firme e ia em frente. Era um cara legal, e esforçado, isso todo mundo reconhecia. O ponto alto foi quando teve um caso com a secretária do diretor da empresa onde trabalhava como chefe da limpeza e jardineiro quando o tempo dava. Ele se apaixonou e já se viu morando em Copacabana com a dona. Num por acaso de hora incerta, ele estava ali, disponível, o beijo furtivo gostoso, o volume dele, despudorado nas suas coxas, abraço apertado, resolveu arriscar. De 5 a 10, deu nota 6. O cara metia legal, mas no depois é que a coisa falhou. Não teve tino pra apreciar um bom vinho e não gostou do queijo francês e das torradinhas que ela, elegantemente, colocou sobre a mesa. Estava com fome. Atracou-se num pão com manteiga e na cerveja e lambeu os beiços de tão bom. Ficaram amigos e ele continuou com a enfermeira. O sonho de morar em Copacabana esvaiu-se na espuma da Brahma.
Foi descendo a ladeira que Lineide o viu. E caiu-se de boniteza pro lado dele. Ele fingiu que não viu. Lineide era a mulher do dono do pedaço, o Gordão do tráfico, sujeito enfezado e porco que implicava com todo o mundo e com ele, sobretudo. Não se conformava com o fato dele não ter querido voltar para a vida bandida. Esse cara é mesmo mané, ganha uma miséria e é sustentado pela mulher. Ele sabia desse disse-me-disse mas fazia-se de desentendido. E o Gordo não perdia oportunidade de alfinetar, até que um dia, na festa de aniversário do filho, os dois se cruzaram na varanda da casa. O Gordo foi logo dizendo: que que tu tava falando com a minha mulher? Não ouviu quando ele respondeu: nada- Aliás a resposta não interessava. O que interessava era extravasar a raiva, mostrar macheza. Foi de soco na cara, que logo foi revidado. O Gordo levou a mão ao queixo que já sangrava, e ao bolso, de onde tirou a arma. Mirou a testa do adversário, agora desfecho o tiro e esse filho-da-puta morre. Marco Aurélio, num esforço supremo, teve certeza que foi Deus quem ajudou, conseguiu desviar a arma e foi pra cima do Gordo com tudo: encheu o outro de porrada, cavalgou em cima e só se ouvia o som oco de quem bate para não morrer. Saiu de lá ensangüentado, mancando e conseguiu chegar à casa da irmã, quilômetros longe dali, a pé, porque taxi não conseguiu. A enfermeira, sua mulher, não quis sair do morro. Minha casa é aqui e tenho mãe pra cuidar. Ele não se conformou, afinal foram dez anos, e então, se joga tudo pro alto, assim? Mas armou a vingança. Sou um homem de bem, isso não pode ficar assim.
Planejou a emboscada, tinha vários amigos que lhe auxiliaram, e num sábado de muito sol, muniu-se de uma arma emprestada e ficou à espreita. O Gordo saiu de sua toca, qual lacraia para beijar o sol, e o tiro foi certeiro. Não voltou pra lá, não queria confusão pro seu lado, mas aceitou Lineide do lado direito de sua cama. Mulher trabalhadeira, enfermeira que nem a outra, porque ninguém é de ferro. Enfermeiras cuidam bem da gente, disse pra sua mãe, quando foi visitá-la com a nova mulher a tiracolo.
A AMEAÇA
A calçada, em toda a sua extensão, estava tomada por vendedores ambulantes. Estendiam suas mercadorias em panos estirados sobre o chão ou em encaixes de madeira servindo de apoio. Vendiam biscoitos, balas, bolsas e roupas infantis. Alguns se abrigavam em baixo de barracas de plásticos, imundas. Outros se sentavam ao meio fio ou em bancos improvisados. Pessoas pobres vendendo para pessoas pobres. Se a bexiga apertava, se aliviavam ali mesmo, sem pudor e na frente de quem estivesse passando. De costas, melhor dizendo. Um grupo de pessoas barulhentas atiçou a falsa indiferença dos comerciantes da calçada. Ligados o tempo todo ao menor movimento suspeito, caixas e sacolas antes invisíveis, apareciam como por milagre e mãos treinadas e disciplinadas começavam a colocar a mercadoria exposta para dentro delas, enquanto os olhos se fixavam em algum ponto no horizonte à espreita do surgimento da tropa inimiga: a Guarda Municipal. Segundos tensos custavam a passar, mas ao perceberem que o alvoroço fora causado por estudantes, voltaram a se aquietar. Uma moça parou e comprou biscoitos. As moedas rapidamente deslizaram para o bolso da calça do homem. Numa outra barraca saiu um cachorro quente quentinho com molho para uma boca ávida de poucos dentes. O pipoqueiro, naquele dia, só vendeu um saco de 2 reais. Desistiu e foi para outra esquina. O movimento estava fraco. Forte era o sol que democraticamente banhava rostos e torsos expostos.
quinta-feira, agosto 21, 2008
AS OLIMPÍADAS DE PEQUIM
segunda-feira, agosto 18, 2008
A ALERJ E SEUS SALÁRIOS ULTRAJANTES
A GANG DO ÁLVARO LINS E GAROTINHO
sexta-feira, agosto 08, 2008
O SECRETÁRIO DE FAZENDA DO RIO DE JANEIRO VAI ARROCHAR QUEM ESTÁ ATRASADO COM O IPVA
quinta-feira, agosto 07, 2008
GUARDA MUNICIPAL
domingo, agosto 03, 2008
MATEMÁTICA DE FÁCIL ENTENDIMENTO
VISTORIA DO DETRAN
quarta-feira, julho 30, 2008
ERA UM VEZ
BERNARDO CARVALHO ATACA NA MONGÓLIA
sexta-feira, julho 11, 2008
ANTES QUE O DIABO SABA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO
A BANDA
VIVA AO ABORTO
quinta-feira, julho 10, 2008
VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO
CORRUPÇÃO 4 RODAS
sexta-feira, junho 27, 2008
SEX AND THE CITY
BERNARDO CARVALHO- O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO
segunda-feira, junho 23, 2008
CYD CHARISSE
sábado, junho 21, 2008
NÃO AO CRIVELLA
terça-feira, junho 17, 2008
CRIVELLA
segunda-feira, junho 16, 2008
A MORTE DE MEU AMIGUINHO JACQUES
A CÚPULA DO PT É AUTISTA
MORTE NA PERIMETRAL
TRAGICOMÉDIA BRASILEIRA
quinta-feira, junho 12, 2008
A NOVA CPMF
quarta-feira, junho 11, 2008
O DIREITO DE GREVE
terça-feira, junho 10, 2008
O HOMEM E SEU CARRO
Todos os dias, às 7 horas cravadas, eu dava de cara com ele, passando uma flanelinha no seu carro, lustroso e tão limpo que qualquer pessoa podia nele se mirar, e além da imagem refletida, podia se chegar a ver até o fundo da alma. E ele tirava um pozinho aqui, outro acolá, esperando a filha descer para levá-la ao colégio.
Era um sujeito de meia-idade, altura mediana, claro, de cabelos brancos com um topete rebelde, óculos de hastes negras, uma ligeira barriga impedindo o bom caimento do cinto, e o que me chamava à atenção, era o fato de estar sempre com a mesmíssima roupa, embora limpa e com as calças bem vincadas. Nunca cheguei a ver sua mulher, e vi sua filha apenas uma vez. Era bonitinha a pequena, calma e delicada. Lembro-me que entrou no carro com o maior cuidado para não amassar a saia do colégio.
O carro era luxuoso em contraste visível com o prédio onde morava: um edifício de três andares, sem garagem, modesto para os padrões da rua, ladeada por edificações com playground, piscina, sauna, bosque e garagens de dois andares.
Mudei meus horários e nunca mais vi o vizinho.
Passaram-se alguns anos e ontem, o revi. Passou por mim com uma flanelinha na mão, e eu procurei imediatamente o Vectra de outrora. Dessa vez era um Honda Fit prateado, luzindo de tão limpo, esperando a hora de entrar em ação. Seu dono olhava para ele em franca adoração. Não esperei para ver a menina. Sorri feliz de vê-lo ali. Recebi no coração uma lufada de lembranças de tempos mais felizes.
sábado, junho 07, 2008
O LOBBY DOS SUPERMERCADOS
O QUE É SER UM POLÍTICO NO MEU MODESTO PARECER.
- Ter vergonha na cara
- Ter dignidade ou ética
- Falar a verdade
O POLÍTICO rouba muito e legisla em proveito próprio, visando o bolso. Álvaro Lins e Garotinho são os exemplos que vieram à tona. Mas quem não se lembra de Quércia, Maluf, Jader Barbalho, João Alves, Collor, João Alves, e ih, vou parar por aqui, porque essa gente suja a minha página.
SÃO QUASE TODOS UNS ESCROTOS
terça-feira, junho 03, 2008
A CONTA DA LIGHT
segunda-feira, junho 02, 2008
ERA UM ROMÂNTICO INVETERADO
ERA UM ROMÂNTICO INVETERADO
Numa festa, um grupo animado discutia sobre o amor. A aposta era saber quem era mais romântico o homem ou a mulher. Quando ele tentou falar, sua voz era sempre abafada pela das mulheres que tentavam puxar a sardinha para o seu lado.
- Homem não é romântico. Não adianta. É racional, e age com a cabeça no pênis.
- Que é isso? Eu abro a porta do carro para a mulher entrar, levo rosas no primeiro encontro e depois da primeira transa, sempre ligo no dia seguinte.
As mulheres se entreolharam e analisaram o sujeito da cabeça aos pés.
- E ainda tem mais. Gosto de colecionar as calcinhas. Tenho um monte delas. Cada cheiro me lembra uma mulher: todas inesquecíveis.
As mulheres se entreolharam de novo e olharam o homem com olhares cobiçados.
Ele não se alterou. Só não disse que usava as calcinhas. Elas podiam não entender.
METRÔ
DANCIN'
DANCIN’
Não dançava há décadas, e o convite veio a calhar. Mas, fantasmas do passado assombraram sua mente.
-Detesto ter que esperar sentada um homem me tirar pra dançar. Já passei da idade, e quando tinha, não gostava.
- Não é nada disso. Os caras vêm incluídos no cardápio- concluiu às gargalhadas, Francisca Regina.
- Como é que é? Perguntou uma incrédula Ruth Maria.
- Simples: é um restaurante novo, chiquérrimo, e que pra atrair as mulheres ricas e sozinhas de Copacabana e adjacências, inventou esse cardápio: bufê com direto a bebida, e os rapazes pra dançarem com a gente. É caro, mas a gente pode.
Foram.
Ruth Maria entrou desconfiada. Olhou pra os lados e só via mulher. Nem um nadinha de homem. A vontade de voltar para casa foi enorme, aliada ao medo de pagar mico. Volteando pelo salão dois instrutores de dança. Homens de meia-idade, simpáticos e sorridentes.
- Será que esses dois vão dar conta desse mulherio todo? - Ruth Maria sussurrou ao ouvido de Francisca Regina.
- Não esquenta que vão chegar mais uns dois.
A princípio, Ruth Maria não olhava para o salão. Posicionou-se meio de costas, para evitar qualquer convite que a fizesse levantar para dançar. Mas, ao cabo de alguns minutos, não resistiu e olhou para frente com olhar pidão. O convite veio logo.
Levantou-se feliz, embora com medo de não acertar os pés e pisar o parceiro.
O corpo estava duro e nada dos pés deslizarem. Esforçou-se. E foi se esforçando. Os pés começaram a obedecer e o corpo foi ficando levinho. Quando terminou a música, não largava do instrutor. E ele, cavalheiro, lhe beijava a mão, sinal de que a vez dela terminava ali.
A chegada dele causou frisson. Alto, louro, cabelos rebeldes domados por um rabo-de-cavalo, fiapos de bigode no rosto jovem e bronzeado, e um vestígio de cavanhaque, que lhe davam um charme todo especial. Ruth Maria suspirou fundo, e teve raiva de não ser mais tão jovem assim. Em priscas eras, ele já estaria no papo.
Dançar com o anjo louro foi muito especial. Captou todos os cheiros que vinham do corpo do rapaz. Cheiro de banho recente, embora a camisa exalasse um pouquinho de suor.
- Bem que ele podia ter borrifado um pouquinho de perfume. Disfarçava esse cheirinho, um tiquinho incômodo. Nada é perfeito, tenho que me conformar, pensou sorrindo, embalada nos braços fortes do dançarino.
Foi nuns passos arretados de forró, que a química entre eles, subitamente, aconteceu. Os corpos se colaram de tal forma que ao deslizarem num volteio e pararem num breque, se pegaram de rosto colado e respirando no mesmo ritmo, profundamente concentrados no movimento. Ele segurou-a pela cintura, bem firme, e ela espalmou a mão nas costas dele, com determinação. Os corpos se colaram ainda mais forte, e agora eram dois em um. Tocados pela magia, continuaram a dançar, ele de olhos fechados e ela de olhos bem abertos, tentando se convencer que era verdade tudo o que sentia.
Quando voltou à mesa, perguntou para Francisca Regina.
- Será que esses caras também estão a fim de um sexo depois da dança?
- Olha, eu acho que rola. Vou assuntar.
E voltou, assentindo com os polegares para cima.
A troca de cartões foi discreta. Decidiram que o encontro seria na casa dela.
Quando a campainha tocou, Ruth Maria sentiu a premente vontade de ir ao banheiro. Era sempre assim quando estava nervosa, ou ansiosa. Mandou a empregada abrir a porta e servir um conhaque ao visitante, na sala. Ela não ia se demorar.
Voltou, pé ante pé, e olhou para ele, meio escondida, encostada a parede do corredor.
- Eu mereço, eu mereço, apesar da pouca idade desse desgraçado. Vai ver é mais novo que meu filho João.
Ruth se serviu de um conhaque, colocou um cedê de pagode, comprado para a ocasião, e os dois começaram a dançar. Os corpos, já íntimos, se encaixaram direitinho. Ela se deixava levar.
Já na cama, exigiu.
- Vou te colocar uma venda nos olhos. Gosto de sexo sadô. Você topa?
- Com você, topo tudo.
Ruth Maria prendeu os braços e pernas de Gustavo nas bordas da cama, e colocou uma venda nos seus olhos. Sentiu-se melhor assim. Inventou o sexo sadô por que sentia vergonha de expor seu corpo vivido perante a juventude avassaladora de seu parceiro.
Ela foi explorando o corpo do rapaz com ternura e sabedoria. Os beijos nos lugares certos, a mão massageando partes mais sensíveis, os beijos de língua, provocando o prazer. Na mesinha de cabeceira, o lubrificante vaginal para ser usado na hora certa. Num determinado momento, ela o desamarrou, mas pediu que ele continuasse com a venda. Com o homem em cima de seu corpo, se remexendo com vigor, Ruth Maria não pode deixar de sorrir e de se sentir vitoriosa.
- E eu que pensei que a minha vida sexual já tivesse encerrado, pensava. Nunca é tarde.
E celebrou com vontade, deixando-se levar, como na dança.
Na semana seguinte foi ao restaurante. Sozinha, sem Francisca Regina. Quando chegou, Gustavo já estava lá. Ele acenou, sorridente, e ela retribuiu.
Ao dançarem, ela sugeriu.
- E então, vamos nos ver novamente?
Ela sorriu, e encostou o rosto suavemente no dele, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. De felicidade.