O instigante de viver muitas décadas é poder participar ativamente não só do desenvolvimento do país em que se vive e ser testemunha viva da história.
Vamos por parte, e vou fazer o possível para ser sucinta e clara e não me perder no meio do caminho.
Tive o privilégio de nascer em berço de classe média com acesso a um excelente colégio, as artes, e ainda por cima morar no Rio de Janeiro, uma beleza de cidade que não é nem a sombra do que foi. Cresci e me desenvolvi numa cidade agradável, linda, isenta de violência ( as favelas cresciam na surdina, ou melhor com a sociedade e os políticos fingindo que não viam), com problemas de fornecimento de água e luz, mas onde não havia pobreza alarmante, nem mendigos pelas rua. Morava em Botafogo, um bairro cheio de casas, vilas e poucos prédios. Os habitantes eram gentis e havia respeito e educação entre as pessoas. No colégio, formávamos fila para entrar na sala de aula, e também nos levantávamos quando o professor entrava. Não me lembro do professor ser desrespeitado e a bagunça, normal nessas fases- criança e adolescência - não arrepiava.
Na adolescência, andava com amigos pela zona sul, sem medo de assalto ou arrastão, e a praia era uma maravilha. Enchia aos fins-de-semana mas, nada comparado ao que é hoje, que simplesmente não dá nem para entrar, a não ser que o indivíduo se disponha a chegar às seis da manhã e sair às oito.
Não me lembro de político ladrão, mas a verdade é que o Brasil rural até os anos 60, não tinha muito o que roubar, concordam?
Quando pude votar, veio a ditadura e o país entrou numa fase aterradora para os direitos civis, enquanto os militares fizeram de tudo para que o Brasil se desenvolvesse, sabe-se lá as custa do quê. Começou o endividamento do país e a Lei das Diretrizes e Bases foi a pedra fundamental para que a Educação acadêmica fosse para o fundo do poço.
Convivemos anos com a boca lacrada e vendo intelectuais que discordavam do governo sendo mortos e torturados. Uma década passou, e a outra também, e parece-me que por uma exigência internacional a abertura começou a tomar corpo ( não pesquisei exatamente como se processou, mas como disse sou testemunha oral e vivida desta época), e vieram as eleições. O Brasil devia horrores ao FMI, mas as indústrias cresciam, e havia emprego para todos.
A ERA COLLOR foi um desastre. O homem, que fazia furor entre as mulheres, conquistou aos outros com o discurso que ia acabar com os marajás. A patuleia aplaudiu, ele foi eleito, confiscou a poupança - pessoas enfartaram, outras se suicidaram por conta disso, e aquela ministra, Zélia Cardoso de Mello, um equívoco em todos os sentidos, era a capa da Veja. Hoje a criatura mora no EUA. Não sei como Chico Anysio, um homem tão elegante pode se interessar por ela. Enfim....
Assumiu Itamar Franco, que tinha um fraco por mulheres sem calcinha, mas ninguém é de ferro, e acho que é preferível isso a felação de Monica em Clinton, no salão Oval da Casa Branca. Mas, pelo menos Clinton era um senhor presidente e os EUA bombavam em todos os sentidos.
Mas, Itamar deu jeito no Brasil. Era honesto e trabalhou e então assume FHC que instalou nova moeda no país, o Real, contra o PT, que sempre foi contra tudo e todos que não fossem do partido.
A vida melhorou para todos, tínhamos poder de compra, depois de índices de inflação violentos, e estávamos mais felizes. Naquele tempo não prestava tanta atenção à política como hoje, mas vivia o dia-a-dia e sabia que havia melhorado sim. E foi do governo do FHC que o país zerou a conta com o FMI. Havia problemas na saúde e na educação que nunca foi prioridade de governo algum. Havia também descaso com a vigilância nas fronteiras e a droga entrou aqui com facilidade estupenda, vinda da Bolívia e do Peru. FHC privatizou muitas empresas e por causa disso foi duramente criticado.
Um parênteses:
Os militares haviam feito obras de infraestrutura relevantes, principalmente no sul, onde estradas cortavam km de terra. Não pensaram em nenhum momento em ferrovias, era o Brasil grande, herança dos militares. O Brasil cortado por estradas do Oiapoque ao Chuí.
Lula sucedeu a FHC. O país em peso votou no líder do PT, metalúrgico, que incendiava multidões com sua retórica cheia de erros gramaticais, e que nessa eleição virou o Lulinha, paz e amor, abandonando o estilo violento que vinha assumindo todas as vezes em que se candidatava, com Collor, com FHC. Nesta eleição tinha dado o ultimato, ou ganho ou desisto de vez, e o povo gostou do que ouviu. Ele ia mudar tudo, não iria roubar, o governo seria dos trabalhadores.
Havia esperança, todos torcíamos, afinal era o partido dos trabalhadores que estava no poder. Lula também estava repaginado, mais elegante, corte de cabelo impecável, a barba rebelde aparada, e sim, envelheceu, a aparência mais serena agradou, e também por isso venceu.
Os primeiros anos da era Lula, minha vida melhorou bastante, e acredito que todos que eram assalariados como eu, tiveram a mesma impressão. O poder de compra aumentou, Lula tirou o IPI para eletrodomésticos da linha branca, e a classe C comprou carro, televisão, geladeira e passou a andar de avião. Houve acesso também aos planos de saúde.
O poder foi subindo à cabeça dos petista e o primeiro a cair foi Antonio Palocci. Amigos meus petista de carteirinha e coração saíram do partido por causa de Dirceu. Me diziam que a coisa tinha melado lá dentro, mas nunca me disseram exatamente o que era. Saiu o Bicudo, o Reale, e então, me toquei, que alguma coisa deveria ir mesmo muito mal dentro do partido. O país ficou estatizante. Tudo praticamente nas mãos do governo.
O governo de Lula adotou uma política externa ruim, dando ênfase ao Mercosul com aquela trinca medonha: Bolívia, Venezuela e Argentina, e desprezando o EUA, grande parceiro brasileiro. E afundamos. Erro.
A educação acadêmia também piorou, levando em conta que já vinha ruim desde a ditadura militar. Caí da cadeira quando li que Monteiro Lobato, o grande escritor brasileiro, que alimentou os meus sonhos de criança com seus livros espetaculares, foi considerado racista e portanto impróprio para o currículo escolar. Isso foi de uma imbecilidade suprema. O Brasil é racista, e até hoje vemos ataques a artistas negros e a pessoas comuns. Bizarro, porque somos misturados, e é isso que faz a nossa grandeza como povo. Li ML e nunca fui racista, pelo contrário. Nunca fui "contaminada" pelas histórias de Lobato, e sim, este grande escritor foi minha fonte de inspiração quando resolvi escrever.
Amigos professores falavam do currículo esdrúxulo imposto pelo MEC, e a polêmica decisão de não reprovar o aluno. Outra coisa que ferrou foi a questão da Leitura. Não se incentivou esse aprendizado tão importante - até porque Lula sempre se gabou de nunca ter lido nenhum livro -, e o que resultou? O ensinamento de várias disciplinas a indivíduos que não sabem o que estão lendo.
O colapso da saúde em todas as instâncias disseminou-se não só na área federal, e veio descendo estadual, municipal, e temos hoje um país decadente e vergonhosos nesta área.
E os roubos vieram à tona, mensalão, petrolão, cai Dirceu, Genuíno, Valério, Delúbio, e mais e mais. Os petistas dizendo que é manipulação da mídia, e o Lula preservado. Até que chega até ele e dona Dilma Rousseff é impedida de governar.
Assisti aos debates e me envergonhava a cada fala dos parlamentares, seja do Congresso ou do Senado.
Milhões, bilhões roubados por um programa de governo foi demais. A dívida do Brasil cresceu assustadoramente e o povo, que paga taxas exorbitantes tem serviços de merda. O partido dos trabalhadores pode ter tirado milhões da pobreza, de fato tirou, só que todos estão voltando para o que era antes de Lula. O país retrocedeu violentamente, em todos os níveis, e sabe-se lá quando vai voltar a crescer.
O estudante brasileiro em comparação aos demais países está na rebarba, o ensino manipulado pela cúpula ignorante de PT fez estrago considerável. Tenho pena dessa turma, porque não vai ser a política das cotas que vai ajudá-los a chegar no topo da pirâmide.
Os benefícios que as castas deste país desfrutam é um acinte para o resto da população. Presidentes e parlamentares cassados TEREM DIREITO A BENEFÍCIOS E APOSENTADORIAS PAGAS COM DINHEIRO PÚBLICO é um tapa na cara de qualquer um.
Louvamos JK que com a construção de Brasília estimulou o uso da caixa dois e a grande roubalheira que se iniciou neste período.
Enfim, hoje é dia de eleição neste país. Nada mudou, os candidatos ao invés de falarem de programas, se agridem o tempo todo. Vemos também assassinatos em massa de candidatos. O Brasil selvagem, entregue à milícias. A vida humana no Brasil não tem valor algum. Morre-se mais aqui do que nas guerras na Síria.
Uma gentalha raivosa pixa monumentos e destrói trens VLT. Assim como se infiltram em passeatas, e quebram mobiliário urbano, incendeiam pneus, e cobrem seus rostos. Covardes.
Não temos um Nobel, não temos cientistas famosos por seus feitos, quando temos, moram fora do Brasil. O incentivo para a pesquisa científica é mínimo, enfim, não vejo saída para este país com Estados e municípios falidos, má gestão e total incompetência política e administrativa. E oposição fazendo oposição pelo simples prazer de fazer opção sem pensar no Brasil.
EIS PORQUE NÃO ME UFANO DESTE PAÍS.