sexta-feira, junho 27, 2008
SEX AND THE CITY
BERNARDO CARVALHO- O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO
segunda-feira, junho 23, 2008
CYD CHARISSE
sábado, junho 21, 2008
NÃO AO CRIVELLA
terça-feira, junho 17, 2008
CRIVELLA
segunda-feira, junho 16, 2008
A MORTE DE MEU AMIGUINHO JACQUES
A CÚPULA DO PT É AUTISTA
MORTE NA PERIMETRAL
TRAGICOMÉDIA BRASILEIRA
quinta-feira, junho 12, 2008
A NOVA CPMF
quarta-feira, junho 11, 2008
O DIREITO DE GREVE
terça-feira, junho 10, 2008
O HOMEM E SEU CARRO
Todos os dias, às 7 horas cravadas, eu dava de cara com ele, passando uma flanelinha no seu carro, lustroso e tão limpo que qualquer pessoa podia nele se mirar, e além da imagem refletida, podia se chegar a ver até o fundo da alma. E ele tirava um pozinho aqui, outro acolá, esperando a filha descer para levá-la ao colégio.
Era um sujeito de meia-idade, altura mediana, claro, de cabelos brancos com um topete rebelde, óculos de hastes negras, uma ligeira barriga impedindo o bom caimento do cinto, e o que me chamava à atenção, era o fato de estar sempre com a mesmíssima roupa, embora limpa e com as calças bem vincadas. Nunca cheguei a ver sua mulher, e vi sua filha apenas uma vez. Era bonitinha a pequena, calma e delicada. Lembro-me que entrou no carro com o maior cuidado para não amassar a saia do colégio.
O carro era luxuoso em contraste visível com o prédio onde morava: um edifício de três andares, sem garagem, modesto para os padrões da rua, ladeada por edificações com playground, piscina, sauna, bosque e garagens de dois andares.
Mudei meus horários e nunca mais vi o vizinho.
Passaram-se alguns anos e ontem, o revi. Passou por mim com uma flanelinha na mão, e eu procurei imediatamente o Vectra de outrora. Dessa vez era um Honda Fit prateado, luzindo de tão limpo, esperando a hora de entrar em ação. Seu dono olhava para ele em franca adoração. Não esperei para ver a menina. Sorri feliz de vê-lo ali. Recebi no coração uma lufada de lembranças de tempos mais felizes.
sábado, junho 07, 2008
O LOBBY DOS SUPERMERCADOS
O QUE É SER UM POLÍTICO NO MEU MODESTO PARECER.
- Ter vergonha na cara
- Ter dignidade ou ética
- Falar a verdade
O POLÍTICO rouba muito e legisla em proveito próprio, visando o bolso. Álvaro Lins e Garotinho são os exemplos que vieram à tona. Mas quem não se lembra de Quércia, Maluf, Jader Barbalho, João Alves, Collor, João Alves, e ih, vou parar por aqui, porque essa gente suja a minha página.
SÃO QUASE TODOS UNS ESCROTOS
terça-feira, junho 03, 2008
A CONTA DA LIGHT
segunda-feira, junho 02, 2008
ERA UM ROMÂNTICO INVETERADO
ERA UM ROMÂNTICO INVETERADO
Numa festa, um grupo animado discutia sobre o amor. A aposta era saber quem era mais romântico o homem ou a mulher. Quando ele tentou falar, sua voz era sempre abafada pela das mulheres que tentavam puxar a sardinha para o seu lado.
- Homem não é romântico. Não adianta. É racional, e age com a cabeça no pênis.
- Que é isso? Eu abro a porta do carro para a mulher entrar, levo rosas no primeiro encontro e depois da primeira transa, sempre ligo no dia seguinte.
As mulheres se entreolharam e analisaram o sujeito da cabeça aos pés.
- E ainda tem mais. Gosto de colecionar as calcinhas. Tenho um monte delas. Cada cheiro me lembra uma mulher: todas inesquecíveis.
As mulheres se entreolharam de novo e olharam o homem com olhares cobiçados.
Ele não se alterou. Só não disse que usava as calcinhas. Elas podiam não entender.
METRÔ
DANCIN'
DANCIN’
Não dançava há décadas, e o convite veio a calhar. Mas, fantasmas do passado assombraram sua mente.
-Detesto ter que esperar sentada um homem me tirar pra dançar. Já passei da idade, e quando tinha, não gostava.
- Não é nada disso. Os caras vêm incluídos no cardápio- concluiu às gargalhadas, Francisca Regina.
- Como é que é? Perguntou uma incrédula Ruth Maria.
- Simples: é um restaurante novo, chiquérrimo, e que pra atrair as mulheres ricas e sozinhas de Copacabana e adjacências, inventou esse cardápio: bufê com direto a bebida, e os rapazes pra dançarem com a gente. É caro, mas a gente pode.
Foram.
Ruth Maria entrou desconfiada. Olhou pra os lados e só via mulher. Nem um nadinha de homem. A vontade de voltar para casa foi enorme, aliada ao medo de pagar mico. Volteando pelo salão dois instrutores de dança. Homens de meia-idade, simpáticos e sorridentes.
- Será que esses dois vão dar conta desse mulherio todo? - Ruth Maria sussurrou ao ouvido de Francisca Regina.
- Não esquenta que vão chegar mais uns dois.
A princípio, Ruth Maria não olhava para o salão. Posicionou-se meio de costas, para evitar qualquer convite que a fizesse levantar para dançar. Mas, ao cabo de alguns minutos, não resistiu e olhou para frente com olhar pidão. O convite veio logo.
Levantou-se feliz, embora com medo de não acertar os pés e pisar o parceiro.
O corpo estava duro e nada dos pés deslizarem. Esforçou-se. E foi se esforçando. Os pés começaram a obedecer e o corpo foi ficando levinho. Quando terminou a música, não largava do instrutor. E ele, cavalheiro, lhe beijava a mão, sinal de que a vez dela terminava ali.
A chegada dele causou frisson. Alto, louro, cabelos rebeldes domados por um rabo-de-cavalo, fiapos de bigode no rosto jovem e bronzeado, e um vestígio de cavanhaque, que lhe davam um charme todo especial. Ruth Maria suspirou fundo, e teve raiva de não ser mais tão jovem assim. Em priscas eras, ele já estaria no papo.
Dançar com o anjo louro foi muito especial. Captou todos os cheiros que vinham do corpo do rapaz. Cheiro de banho recente, embora a camisa exalasse um pouquinho de suor.
- Bem que ele podia ter borrifado um pouquinho de perfume. Disfarçava esse cheirinho, um tiquinho incômodo. Nada é perfeito, tenho que me conformar, pensou sorrindo, embalada nos braços fortes do dançarino.
Foi nuns passos arretados de forró, que a química entre eles, subitamente, aconteceu. Os corpos se colaram de tal forma que ao deslizarem num volteio e pararem num breque, se pegaram de rosto colado e respirando no mesmo ritmo, profundamente concentrados no movimento. Ele segurou-a pela cintura, bem firme, e ela espalmou a mão nas costas dele, com determinação. Os corpos se colaram ainda mais forte, e agora eram dois em um. Tocados pela magia, continuaram a dançar, ele de olhos fechados e ela de olhos bem abertos, tentando se convencer que era verdade tudo o que sentia.
Quando voltou à mesa, perguntou para Francisca Regina.
- Será que esses caras também estão a fim de um sexo depois da dança?
- Olha, eu acho que rola. Vou assuntar.
E voltou, assentindo com os polegares para cima.
A troca de cartões foi discreta. Decidiram que o encontro seria na casa dela.
Quando a campainha tocou, Ruth Maria sentiu a premente vontade de ir ao banheiro. Era sempre assim quando estava nervosa, ou ansiosa. Mandou a empregada abrir a porta e servir um conhaque ao visitante, na sala. Ela não ia se demorar.
Voltou, pé ante pé, e olhou para ele, meio escondida, encostada a parede do corredor.
- Eu mereço, eu mereço, apesar da pouca idade desse desgraçado. Vai ver é mais novo que meu filho João.
Ruth se serviu de um conhaque, colocou um cedê de pagode, comprado para a ocasião, e os dois começaram a dançar. Os corpos, já íntimos, se encaixaram direitinho. Ela se deixava levar.
Já na cama, exigiu.
- Vou te colocar uma venda nos olhos. Gosto de sexo sadô. Você topa?
- Com você, topo tudo.
Ruth Maria prendeu os braços e pernas de Gustavo nas bordas da cama, e colocou uma venda nos seus olhos. Sentiu-se melhor assim. Inventou o sexo sadô por que sentia vergonha de expor seu corpo vivido perante a juventude avassaladora de seu parceiro.
Ela foi explorando o corpo do rapaz com ternura e sabedoria. Os beijos nos lugares certos, a mão massageando partes mais sensíveis, os beijos de língua, provocando o prazer. Na mesinha de cabeceira, o lubrificante vaginal para ser usado na hora certa. Num determinado momento, ela o desamarrou, mas pediu que ele continuasse com a venda. Com o homem em cima de seu corpo, se remexendo com vigor, Ruth Maria não pode deixar de sorrir e de se sentir vitoriosa.
- E eu que pensei que a minha vida sexual já tivesse encerrado, pensava. Nunca é tarde.
E celebrou com vontade, deixando-se levar, como na dança.
Na semana seguinte foi ao restaurante. Sozinha, sem Francisca Regina. Quando chegou, Gustavo já estava lá. Ele acenou, sorridente, e ela retribuiu.
Ao dançarem, ela sugeriu.
- E então, vamos nos ver novamente?
Ela sorriu, e encostou o rosto suavemente no dele, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. De felicidade.