segunda-feira, dezembro 31, 2007

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA

Ah, olha que roteirizar um livro de García Marquez deve ser difícil pra chuchu. Mas, já vi filmes tão maravilhosos saídos de livros que achei que esse poderia também ser show. Que decepção. O filme se arrasta e as interpretações de atores que não sabem usar a musicalidade do idioma inglês fazem deles canastrões. Fiquei feliz quando o filme acabou. Nem Javier Barden que é um senhor ator se salva. Ah sim, Benjamin Bratt é a melhor coisa em cena. O único que fala inglês, se bem que no filme ele usa um certo sotaque.

A CULPA É DO FIDEL

A filha de Costa-Gravas fez um filme delicioso. Passei momentos felizes vendo a pequena Depardieu (Será que é neta do George?) dando um show de interpretação. O filme tem momentos mágicos e o que as crianças dizem parece real. Adoro filmes assim, que retratam situações cotidianas de qualquer época que marcaram a história desse planeta. Até a menina entender o que passava levou o filme todo, com situações engraçadas, cheias de humor. Um momento forte foram os exilados chilenos cantando uma canção em que todo o patriotismo e esperança de dias melhores estava contido na letra. Muito legal.

sábado, dezembro 15, 2007

MEUS OLHOS CASTANHOS


Foi hoje

Quanta alegria!

Que reencontrei

O brilho maroto

De meus olhos castanhos

Andava fugido

O danado

Num de repente

Passado e presente

Se olharam saudosos

Dizendo gracinhas

Relembrando-me estórias

E através do espelho

Riram baixinho

De minha surpresa

Foi tão bom

Reencontrar

O brilho maroto

De meus olhos castanhos!

terça-feira, dezembro 11, 2007

A VIDA DOS OUTROS

Pois é, é cada filmaço, e eu vendo tudo. Esse é um filme alemão passado na década de 80, focalizando a Alemanha Oriental e a tremenda repressão em que viviam seus cidadãos. A Alemanha que alimentou Hitler, pelo menos pra mim, mostrou a mesma cara nesse filme. De um outro ângulo claro, mas com cerceamento de liberdade de pensamento e perseguição política. O filme foi aplaudido no final. E mais uma vez pude comprovar, feliz, que na Alemanha os atores e atrizes também não são repaginados, como a Carla Ribas em A Casa de Alice. Bonitos na sua simplicidade: pessoas iguais a você e a mim. Bem, se eu tivesse o porte de rainha da atriz, ficaria muito feliz. A mulher é linda.

A CASA DE ALICE

Meninos e meninas, a Carla Ribas é um show. O filme é show de bola. Está ali retratado milhões, bilhões de casas brasileiras. É um soco na boca do estômago. Roteiro bom, atuações legais, menos as dos meninos que falam com ovo na boca. Momentos dramáticos e Carla Ribas brilhando, brilhando. Ela tem uma cara normal, sem plástica, sem silicone no corpo, sem lábios à la Angelina Jolie, sem lipo, enfim uma mulher comum como costumavam ser as atrizes há alguns anos atrás. e como trabalha!!! Virei fã.

O EDIFÍCIO YACOUBIAN

Foi o primeiro filme egípcio que vi. Fiquei comovida. Poderia falar aquela língua. Fiquei prestando atenção aos sons que saíam das bocas dos atores, fazendo-me lembrar sons ouvidos na infância. O filme é super interessante, e a crítica do jornal O Globo foi direta: um grito de socorro de uma sociedade que se vê afundada no arcaico. Bem, semelhanças de miséria e corrupção, temos aqui e lá, o que difere talvez seja apenas uma questão de latitude.O machismo arrogante, o poder sem limite dos poderosos, a máfia cruel da droga em parceria com pessoas do governo, o sexo como trampolim para uma vida melhor, e muita música, que me irritou um pouco em momentos que achei desnecessário. Tenho apenas uma crítica: quando o personagem gay tenta explicar sua homossexualidade o texto é da pior qualidade. Ele culpa a mãe inexoravelmente. Ora não é culpa de ninguém, aliás, que culpa? A pessoa é gay por opção, por gostar, não porque a mãe é puta, como o texto do filme tenta mostrar. E o final do personagem não é dos melhores. Dá também para se ter uma boa sacada da merda que é o fundamentalismo islâmico.Torno a dizer: não temos capacidade para entender o oriente muito menos o oriente médio. Eles têm outros valores e vêem a vida por outro prisma. E há momentos líricos na personagem da Claudine, uma francesa, acho, que vive no Cairo e toca piano no seu bar, freqüentado por pessoas de maior poder aquisitivo. Muito interessante e gostei muito de ver o filme.

domingo, dezembro 02, 2007

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ DE VARGAS LLOSA

Só com esse nome- Vargas Llosa- imponente, sonoro, já se podia prever que o sucesso estava garantido. O nome faz a pessoa ou é o contrário? Je ne sais pas, mas o fato é que o livro é extraordinário. Tive a sorte, esse anos, de ler livros fenomenais. Autores que nunca li antes, fazem parte agora da minha leitura recorrente. Travessuras da menina má é desses livros que são impossíveis de se deixar de lado. Você dorme e acorda com ele, e fica triste no ponto final. A niña é mesmo muito mala. Houve momentos que tive muito raiva do Ricardo, o eterno enamorado da chilenita. Vai ser babaca assim nos quintos do inferno. O amor patológico sempre me intrigou. As pessoas sofrem e nã conseguem se desligar. Incrível. Babenco fez um belo filme sobre o assunto, O Passado, dando aos atores oportunidade de brilharem. É o caso de Travessuras, uma estória ímpar de um gênio literário. Salve a Literatura! Axé!

quinta-feira, novembro 22, 2007

AS MORDOMIAS DO GOVERNO

Vocês estão acompanhando as reportagens do Globo sobre a mordomia nos três poderes? É de dar nojo não é mesmo. Mobilize-se e critique. Precisamos repensar este país. Dê sua opinião www.oglobo.com.br/pais

AS VANS ALTERNATIVAS DE NITERÓI

Fico triste ao constatar como o brasileiro pensa pequeno. Acompanho com interesse o esforço do prefeito de Niterói em querer implantar o projeto Linhas de Vizinhança, vans que farão ( ou fariam) os trajetos alternativos fora dos principais corredores viários. Imediatamente o sindicato já se opôs - ninguém pode se inscrever, é a ordem. É a máfia do tráfico, desse submundo infernal que truculentamente impede qualquer medida para melhorar a situação de quem usa transporte coletivo, que em países como o nosso é precário, imundo e demorado. Morro de inveja quando vejo os filmes americanos, principalmente se é passado em Chicago, com os trens correndo pela superfície, lindos, limpos e velozes. O transporte coletivo no Rio de Janeiro é criminoso. Ônibus barulhentos, sujos ( agora já os de ar-condicionado), linhas em profusão, estimulando o trânsito caótico e nenhuma autoridade com coragem de reverter a situação: menos linhas, mais conforto e trânsito melhor ordenado. A propina deve rolar solta.

quinta-feira, novembro 15, 2007

A TRILOGIA DE YASMINA KADRHA

Quem lê os livros de MOHAMED MOULESSEHOUL fica cativo. Esse autor magrebino que escreve sob pseudônimo (Yasmina é sua mulher), publicou uma trilogia focando o Afganistão, Palestina e Israel e outro sobre o Iraque. O pano de fundo é a devastação social, econômica e moral dessas terras devastadas pelo fundamentalismo islâmico. As relações são conturbadas, como não poderiam deixar de ser, e também para a gente de dar conta que não temos capacidade para entender o Oriente. Os livros são ótimos, provocadores e bastante envolventes.

CPMF

Os parlamentares não ouviram o povo. Do Oiapoque ao Chuí, todos bradavam pelo fim da CPMF, pois os filhos-da-puta fizeram ouvidos moucos e esse imposto injusto e obsceno vai continuar por mais três anos.

segunda-feira, novembro 12, 2007

ODEIO O CÉSAR MAIA

Cada vez que chove horrores nessa cidade tropical, eu xingo o prefeito. Como César Maia é o idiota de plantão, então eu xingo, xingo até me acalmar. É doloroso andar no Rio quando chove torrencialmente.O trânsito pára, poças de água fedorentas cobrem as ruas, calçadas, carros passam pelas poças e lançam essas águas em cima da gente, ratos bóiam de barriga pra cima, cocôs de animais e humanos esfacelam-se e a gente bravamente tenta andar por sobre as águas que nem Moisés, mas é claro, isso aqui não é o mar Vermelho. Pagamos um preço muito grande pelo descaso em que deixamos ficar a cidade. A classe média e as mais abastadas olham apenas para seus umbigos e não nos importamos com a desgraça que está em nossa volta. Precisamos dar um basta nisso, exigindo serviços básicos que melhorem a nossa vida. Podemos não eleger ninguém, mas quem ganha a eleição não governa sem o nosso apoio. Falo do que vejo e vejo muito. A cidade está decadente, a violência acabou com todos os parâmetros de crescimento. As fábricas, as empresas, saíram todas do Rio de Janeiro, e o que ficou é rebutalho. As malditas favelas crescem a não sei quantos por centos ao ano e com isso a deteriorização da cidade também cresce. O fato é que precisamos de justiça social e muitos programas sociais também. Se não integrarmos essa multidão que vive marginalizada vamos pagar cada vez um preço maior. E aí vai, a imundície que cai pelas encostas, bloqueio de túneis, arrastão de bandidos nos congestionamentos, trânsito impossível, povinho estressado, a raiva latente dos que têm menos, bem a lista deve ser até maior, mas estou também ficando de saco cheio. Não vejo luz no fim do túnel. Odeio o César Maia.

domingo, novembro 04, 2007

BERNARDO CARVALHO- NOVE NOITES

Foi meu amigo Sérgio Branco quem me apresentou a Bernardo Carvalho. Foi meu amigo Iran quem escreveu sobre ele numa revista literária. Então, foi com grande alegria que recebi Nove Noites de presente. Acabei de ler. É magnífico, como diz o Sérgio, um poema sinfônico de várias vozes. Milton Hatoum também narra assim. O livro é genial. A partir de uma estória verídica ele vai documentando através dos fatos e criando a ficção onde pode se permitir. A prosa é vigorosa, o estilo impecável e nós entramos no enredo de corpo e alma. A cada página uma descoberta, ele não deixa a peteca cair. Trata-se da estória de um antropólogo americano que desembarcou no Brasil em 1939 para estudar a cultura indígena do Alto Xingú e em pouco tempo se suicida. Daí o relato a duas vozes, aliás a três, por conta de umas cartas que o americano escrevera. Sérgio já leu todos os livros dele, e eu pretendo fazer o mesmo. Fica aí a dica. Fiquei fã de Bernardo Carvalho.

O IMPOSTO SINDICAL É UMA VERGONHA

Para mim, que não sei ler entre linhas, esse imposto deu mordomia a muita gente. É nojento mesmo, e é triste constatar a vocação brasileira para o roubo e a impunidade. Todo mundo rouba mas nos países sérios o ladrão é punido. Se volta a roubar, não sei, mas aqui, ele é denunciado e continua. Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.... e dá-lhe mané.

sábado, novembro 03, 2007

A COPA DO MUNDO É NOSSA

Foi patético para não dizer deprimente ver o presidente Lula , e os políticos que governam os estados mais importantes dessa Banana Republic felizes e sorridentes quando do anúncio que o Brasil vencera, sem concorrentes, a HONRA de sediar a copa. Somos muito subdesenvolvidos mesmo para dar tanto valor a isso, e ainda mais com a presença desses políticos babacas querendo fazer média. O exemplo do Pan está visível. Não deu lucro, foi uma gastança pública e tanta. Esses bilhões que vão ser gastos na Copa poderiam entrar para ajudar a nós todos: melhores hospitais, escolas, habitação, e diminuição das injustiças sociais. Quem sabe o país melhorava?

domingo, outubro 28, 2007

PREFEITURA X TÚNEL REBOUÇAS

Não sei porquê as autoridades não são indiciadas por crimes contra a população. O descalabro que aconteceu com o Túnel Rebouças, e as declarações do prefeito é de deixar qualquer um atônito e profundamente enraivecido com a mentalidade retrógrada e altamente terceiro mundista desses governantes de merda. Pagamos um alto preço por morarmos num país de terceiro-mundo. Nossos problemas são os mesmos dos outros países da América Latrina, Índia, África e sei mais de onde. Para agravar temos um povo omisso, que só gosta de futebol e carnaval, e o resto que se dane. Nossos políticos são corruptos e preparados para enriquecer a custa de nós, otários da classe média que viajamos pelo mundo, mas que não aprendemos nada para por em prática aqui. César Maia diz que quem reclama do fechamento do Túnel Rebouças é quem tem carro. Ora, faça-me o favor, uma via onde transitam milhares de carro, passagem entre a zona norte e sul, e esse prefeito infame tem a ousadia de dar uma resposta dessa. Sorte não ter passado nem um carro por ali na hora do desabamento. Estamos pagando um alto preço para viver no Rio de Janeiro, uma cidade que já foi bonita, hoje é imunda, violenta, onde não há ordem urbana e onde todos fazem o que querem. Estou indignada.

segunda-feira, outubro 15, 2007

HAIRPSRAY

Saí do filme encantada. Adoro musicais e os americanos dão show. John Travolta faz uma mãezona gordona, deliciosa. O ator trabalho bastante bem seu personagem com trejeitos femininos que eu, pelo menos, tinha vontade de pular no seu colo e chamá-lo de mamãe e lhe sapecar beijinhos nas faces rosadas. Os dançarinos são incríveis e meu amigo Iran ficou maravilhado com a Michele Pfeifer, que também está arrasando. Passsei horas me divertindo a valer. O filme além de abordar a estória de uma menina gora que consegue dançar num programa de televisão, tem como pano de fundo a luta pela igualdade dos negros americanos.

terça-feira, outubro 02, 2007

INCÊNDIO NA UERJ

Estou preocupada como o governo do Estado trata a cultura e a educação. O prédio da Uerj pede socorro há varios anos e a Biblioteca Estadual é um esqueleto em decomposição. Será que esse incêndio foi criminoso como foi o da Biblioteca no início da gestão do caudilho gaúcho?

ENFIM, GUIMARÃES ROSA

Cresci olhando e admirando a sonoridade do nome de Guimarães Rosa, mas não tinha ainda me aventurado na sua leitura - achava que não ia entender. Isso antes de começar a escrever. Estava eu me alongando depois de um treino duro e Synval, amigo e ator, me perguntou se eu já tinha lido Grande Sertão: Veredas. Ante a resposta negativa, me chamou (ele estava sentado no chão, fazendo um exercício para a lombar), eu sentei-me ao seu lado e tive o privilégio de ouvir um trecho do livro, dito com uma carga de emoção que nunca mais vou esquecer. Era Riobaldo enamorado de Diadorim e falando de seu amor por ele, com as estranhezas que sentiu achando que estava amando um homem. Synval é mineiro e falou tal e qual. Nesse mesmo da pequei o livro na biblioteca e li quatro páginas. Fechei o livro maravilhada, mas como estava lendo um livro sobre a China ( 1421, o ano em que a China descobriu o mundo), não quis misturar. Quatro das depois falei com o Iran pelo telefone e lhe disse que ia ler Grande Sertão. Ele me aconselhou a entrar no mundo de GR aos poucos. Pelas primeiras estórias, por exemplo. Comecei pelo O Burrinho Pedrês. No início lia e relia. Que belo, quanta poesia, quanta criatividade. Estava lendo um livro de um escritor genial e único, mas quem não sabe disso? Eu, até aquele momento. Seu estilo é simplesmente fascinante e fico me perguntando como será ler GR em italiano, norueguês, alemão e até em inglês? Já é impossível em português, a gente entende porque é da terra, mas nunca vi conhecer tanto a língua como ele. É de uma originalidade estilística absolutamente genial, Me preparo para Grande Sertão. Estou agora lendo Primeiras estórias e estou indo bem no meu cursinho preparatório.

domingo, setembro 16, 2007

POR QUE SERÁ QUE O RIO NÃO SE DESENVOLVE?


Leio que as favelas do Rio aumentaram em cinco anos. Todos sabem que o futuro da cidade está seriamente comprometido com a favelização em torno. Todos sabem também que o Estado Do Rio de Janeiro não arrecada impostos suficientes uma vez que as grandes indústrias saíram daqui. A conseqüência é gente sem emprego, sem possibilidades de ascender economicamente, violência exacerbada, falta de civilidade, e a lista é longa. E ainda temos César Maia, que criminosamente se omite nas edificações da Rocinha, e faz vista grossa para os problemas urbanos da cidade. Deputados populistas no pior sentido que essa palavra possa ter, incitam moradores de uma recém favela surgida no Rio das Pedras (acho) a não abandonarem seus casebres e a afrontarem as forças públicas do Estado, em prol, sinceramente não sei de quê. Já para ao norte, ou melhor, acima do Equador, Nova York se revitaliza. O setor imobiliário tem novo boom e a classe média está deixando Manhattan e ocupando espaço em bairros outrora considerados pobres. A divisão entre Uptown e Downtown também está desaparecendo e o sul e norte da ilha vão ficando parecidos. E bem verdade que depois do 11 de setembro muita coisa mudou. Lugares que eram conhecidos por abrigarem drogados estão dando lugar a moradia de estudantes, a economia é forte e há três moradores da ilha concorrendo para Presidente: Hilary Clinton , Obama e Giuliani. Só tem que dar certo.

A CHARRETE DA LEITURA


Que notícia mais alvissareira: no nordeste uma BRASILEIRA, Mônica Oliveira, professora da Escola Municipal João Francisco de Melo (Pernambuco, e imaginem a miséria de salário que deve ganhar) leva livros em cima de um jegue para a criançada, que mora no sertão, ler. A iniciativa está os motivando a escrever. Surgiram já pequenos poetas de dez e onze anos e uma menina que quer ser escritora. Ah, como fazem bem esses exemplos, num Brasil tão corrompido e injusto. Bravo Mônica.

quinta-feira, setembro 13, 2007

RENAN CALHEIROS, DÁ PRA ENTENDER?

Cruzes, como é que pode? Nossos políticos são mesmo desclassificados e péssimos exemplos pra todos nós. Que desmoralização medonha é essa? Aluízio Mercadante que sempre achei um homem de idéias boas, dignas, se absteve de votar. Acho que a carreira dele acabou. Tem que fechar Senado, Congresso e mandar essa gente suar a camisa. Torno a dizer, político não tem que receber NADA para representar o povo. Que tenha a sua profissão, e legisle pelo seu estado, cidade, apenas algumas horas por semana e depois do expediente. Queria ver! Me sinto otária o tempo todo. Os senadores do Rio também não ficaram por baixo. Estão todos igualados na merda.

segunda-feira, setembro 10, 2007

CENA VISTA DA JANELA


Estavam os dois na grande janela olhando o movimento da rua. Ela, senhora passada dos sessenta e ele um rapaz de não mais de vinte anos. Não eram parentes, não se conheciam, apenas resolveram desfrutar, quase que na mesma hora, a paisagem vista da janela, já que não tinham muito que fazer, naquele dia entediante de outubro.

O ar pesado prenunciava chuva. O calor fazia com que os passantes parassem para comprar água dos camelôs postados ali naquela esquina por onde passavam hordas de trabalhadores humildes. Carrocinhas de camarão fedorento, de milho, de cachorro quente empesteavam o ar. Homens sem camisa conversavam aos gritos e quando a bexiga incomodava, se aliviavam por ali mesmo. Ninguém ligava ninguém torcia o nariz. Os guardas municipais, em três na esquina, de costas para a bagunça, contavam os minutos para se apresentarem a corporação e irem para as suas casas em tempo de ver as novelas da Globo.

Silenciosos, a senhora e o rapaz continuavam olhando a rua. Tiveram a atenção despertada para dois meninos de rua, talvez quinze dezesseis anos, que acintosamente pediam dinheiro a todos que passavam por eles. Alguns davam outros não. Um deles, de modos efeminados, se requebrava todo e soltava gritinhos histéricos a cada trocado recebido. Juntos dividiam o camarão, o cachorro quente, o milho. A senhora e o rapaz continuaram mudos, mas os olhares convergidos para os dois pivetes. Os dois, depois de saciarem a fome, resolveram atravessar a grande avenida de quatro pistas. Foram se metendo entre os carros e só não foram atropelados por milagre. Continuaram vendo a cena, a senhora e o rapaz. A senhora resolveu falar:

- Que coisa, você viu? Não roubaram porque receberam uns trocados. Mas eu tenho certeza que assaltam, e com muita violência.

O rapaz concordou e perguntou, timidamente.

- O que a senhora acha que vai acontecer com eles?

- Vida longa, acho que não vão ter, não. Se não matarem a vítima serão mortos um dia pela própria polícia. Não vão durar muito não.

E a senhora e o rapaz olharam para a rua em tempo de ver os dois dançando na frente dos carros, alheios ao perigo, num mundo que só eles entendem como é.

sábado, setembro 01, 2007

LANÇAMENTO DE CONTO ENTRE CONTOS

Meu primeiro livro de contos foi lançado no dia 28 de agosto, um dia chuvoso, de ventos fortes (que me destruiu um guarda-chuva) e de trânsito caótico. Cheguei à Casa da Gávea atrasada e já fiquei contente quando avistei alguns amigos, a Valeska da 7 letras e minha comadre. Aos poucos foram chegando meus heróicos amigos e a Casa foi se enchendo de carinho e afeto. Meu coração explodia de alegria e a cabeça recebia pontadas. Sabia que a emoção descontrolava a pressão, mas o que fazer? Continuei recebendo abraços carinhosos, mas a Casa não encheu como eu esperava. A chuva continuava a cair e muito. O momento alto do lançamento foi os contos lidos pelos compadres, afilhada e as amigas Terezinha e Eliene, atrizes também. Eu estava numa bolha de felicidade. Os contos falados por eles adquiriram outros tons, tomaram outros vôos. Nem parecia que eu os tinha escrito. Foi o dia mais feliz de minha vida. Fiquei orgulhosa de ter amigos tão especiais. Minha afilhada Júlia deu um show- falou tão bem e é tão linda e doce. O momento sensível foi a entrada de minha amiga Lilian Ferraz, que trabalhou comigo no Consulado Americano em priscas eras. Lilian acompanhou todos os meus amores e todos os meus sonhos. E me dava conselhos sábios. E ela subiu de muletas os 21 degraus da Casa da Gávea, ajudada pelo porteiro, mas subiu num dia cinzento e feio como foi o dia 28 de agosto. Mas dentro de mim fazia sol e o céu era de brigadeiro. No dia seguinte os telefonemas foram inúmeros. Meus amigos me agradeciam pela noite linda, elogiando o alto astral e de como foi legal a leitura dos contos. Minha caixa de mensagens também ficou cheia de mensagens do mesmo teor. Como fiquei feliz e esqueci de dizer - os contos estão fazendo o maior sucesso. VALEU, MEUS AMORES. MUITO OBRIGADA.

ACIDENTE DE TREM

Acidentes trágicos mexem muito comigo. Penso no desespero das pessoas vendo a morte tão perto, na solidão de suas dores e na completa desesperança em que se encontram naquele momento. Não é à tôa que Deus existe. Todos se pegam com Ele. Mas ao ler que ladrões saqueavam as vítimas em momento tão cruel me pus, de novo, a pensar nessa sociedadezinha podre em que vivemos. Será que isso aconteceu na tragédia do World Trade Center, no choque de trens na Espanha? Não me lembro de ter lido a respeito, mas li a notícia carioca e fiquei triste de pertencer a um país onde pessoas da mesma nacionalidade que a minha cometem atos tão bárbaros. O Brasil avança, claro, parece que a pobreza realmente diminuiu, mas enquanto os governantes não olharem com cuidado para essa classe de gente desprivilegiada em termos de educação, saúde, moradia e ascensão social, essa barbárie irá continuar e cada vez pior. Louvo ações como o do Afro-Reggae, o Nós do Morro, Danço para não Dançar, e tantas outras que fazem um trabalho bonito nas comunidades pobres, mas ainda é muito pouco. Ações como essas fazem como eu não me reconheça no lugar em que vivo.

O BARRACO DOS SENADORES

Lendo no jornal o barraco entre os senadores fui diminuindo, diminuindo de tamanho e mais um pouco era engolida pelo ralo. Que péssimo exemplo essa gente dá. Não é à tôa que cada dia que passa estamos pior em termos de educação e civilidade. Como é que pode senadores da República se comportarem como pessoas grossas e sem educação. Pressupoem-se que pessoas de alto nivel tenham modos mais refinados e eu acreditava até que o pum fosse mais cheirosinho do que o da ala de baixo. Mas o que vejo atualmente no Congresso, no Senado, nas declarações do presidente Lula, no prefeito César Maia, no governador Sérgio Cabral são atitudes e declarações que mostram bem que a merda deles fede mais do que esgoto a céu aberto. Tenho clareza absoluta em relação aos políticos - em quem voto e em quem não voto. E a cada dia que passa sou totalmente a favor do fechamento deste congresso e de um outro em que os políticos não recebam salário para trabalhar e muito menos ajuda para roubarem do jeito que roubam. Se um dia isso for feito, voto de novo. Isso tem que acabar e somos nós que temos de mudar isso.

domingo, agosto 26, 2007

LULA E A ELITE INTELECTUAL

Demorei a comentar o fato porque fiquei perplexa com as considerações do presidente Lula em relação às bolsas dos mestrados e doutorados. Não é possível que não enxergue que uma nação precisa de cientistas, mestres e doutores para sua evolução científica, tecnológica e literária. Uma nação se faz com homens e livros, já dizia Monteiro Lobato. É necessário sim, que todas as crianças estudem, mas tenho muitas dúvidas quanto ao assistencialismo do Bolsa Família. Canso de ler que o Brasil avançou alguns passos em relação à pobreza absoluta e fico querendo acreditar MESMO. Amigos mais radicais me acham ingênua, dizem que preciso aprender a ler entrelinhas. Não tenho essa habilidade. Leio o que vejo na minha frente. Porque também sou assim- falo direto sem subterfúgios. Mas voltando às primeiras linhas: o presidente Lula até porque não tem nenhum estudo acadêmico se vangloria de ter chegado à Presidência com pouco estudo, e por isso menospreza a elite intelectual. Acho esse pensamento muito perigoso e preconceituoso. Hoje lendo o jornal percebo que faço parte de uma corrente forte e brilhante que também acha que o Brasil não tem jeito não. É triste, mas também me alivia- reclamo com muita razão. Não gosto do seu governo e é só ver o que acontece- caos na saúde, na aviação, nas estradas e vai por ai afora.

sábado, agosto 25, 2007

A AMERICANA DO ARIZONA

A festa na casa dos Smiths prometia. O apartamento, num dos lugares mais nobres do Rio de Janeiro, o Parque Guinle, havia sido preparado especialmente para essa festa. Celebrava-se o noivado de Emily, a filha do meio do casal, com Chris da Silva, um publicitário carioca com pinta de cafajeste. Todos nós sabíamos a boa bisca que ele era, mas não tivemos coragem de dizer para ela. Também acreditávamos que ele poderia, desta vez, estar de fato apaixonado. Soubemos que não estava, e que continuava o cafajeste de sempre, quando seis meses depois terminou o noivado, e foi morar em São Paulo com uma antiga namorada. Suspiramos aliviados por Emily.

Eu tinha vindo para o Brasil num programa do Peace Corps e me encantei pelo jeito simpático dos brasileiros. Trabalhei com famílias humildes em Minas e quando vim passar uns dias no Rio de Janeiro, fiquei de tal modo seduzido pela cidade rodeada de morros e praia, que decidi que aqui seria a minha nova terra. Eu era um texano bonito, cabelos e olhos negros e bastante namorador. Transitava entre os dois sexos e naquela época estava com Edward, um brazilianist de Boston que estava a mais tempo no Brasil do que eu. Conheci-o num coquetel na casa do cônsul americano. Passamos a noite inteira conversando e percebemos que tínhamos muito em comum. Nada mais natural que iniciássemos uma relação, que foi ficando cada vez mais forte à medida que nos conhecíamos melhor. O Rio de Janeiro sempre foi uma cidade liberal, mas tínhamos cuidado em não mostrar que éramos um casal. Edward também era um homem bonito: louro, musculoso, deixava as meninas bem assanhadas. E morria de rir com isso. Em qualquer lugar que fossemos fazíamos sucesso. Mas éramos fieis um ao outro.

Quando vi Nicole entrar na ampla sala, meu coração balançou. Edward percebeu e não gostou, mas eu não liguei. Fiquei petrificado pela sexualidade felina daquela americana do Arizona, alta, delgada, sem nenhuma maquiagem, descalça, num vestido transparente que lhe deixava as costas nuas. Levava flores no cabelo cacheado, que formavam uma moldura natural para um rosto singular de soberana beleza. Ela era simplesmente deslumbrante. Nunca havia visto uma mulher assim. E não usava nada debaixo daquela roupa tão diáfana. Olhamo-nos por um bom momento. Não resistindo a tantos encantos me aproximei. Começamos a dançar. Para falar a verdade não foi bem uma dança. Eu diria que foi um ritual - o prenúncio do ato sexual. Éramos dois animais se seduzindo, se medindo. Desejávamo-nos com premência e ardor. O tempo todo eu só pensava em como levá-la para a cama. Não demorou muito e fomos nos amar no quarto de Emily. Fiquei cativo de Nicole. Não a larguei mais durante os meses que passou no Brasil. Não havia lugar para mais ninguém. Nem para Edward. Depois de alguns meses, ela foi embora. Passei um tempo depressivo, com saudades, e faltou muito pouco para que eu pegasse um avião e fosse atrás dela. Mas o meu trabalho começava a dar frutos e era importante que eu ficasse aqui. Acomodei-me.

O fato de poder transitar entre os dois sexos sempre magoava quem estava comigo. Só tive um parceiro que entendeu isso bem. Foi Terezinha, mãe de meus filhos brasileiros. Edward nunca transou com uma mulher. Para ele aceitar Terezinha e a minha bissexualidade demoraram vários anos. Eu queria casar, ter filhos, e isso nunca passou pela cabeça de Edward. E para levar meu plano casamenteiro em frente, nos separamos sexualmente, mas ficamos amigos. Ele é padrinho de meu filho mais velho e com o tempo já se incorporou à minha família. É o tio Ed.

Estou casado com Terezinha há trinta anos. E sou muito feliz. Minha carreira se consolidou no Brasil. Sou um nome conhecido no meio educacional. Fundei um instituto com o meu nome. Promovo intercâmbio com estudantes brasileiros e americanos. Viajar pelo meu programa é sinal de prestígio e segurança.

O dia em que você me telefonou dizendo que era a filha de Nicole, tive o pressentimento de que havia mais alguma coisa a ser dita. Quando lhe vi no saguão do hotel, de longe percebi que o pai era eu. Cheguei à casa abalado pelo nosso encontro. Não foi fácil dizer para minha mulher que você existia. E quando juntei as forças e falei, foi um rebuliço sem tamanho. Terezinha, apesar de ser uma mulher a frente do seu tempo, não conseguia aceitar o fato. Chorava pelos cantos. Nossa vida ficou difícil por alguns meses. Ela me evitava, os filhos se dividiram. Queriam e não queriam lhe conhecer. Consolavam a mãe e se viravam contra mim. Uma relação parecida ao amor e ao ódio, como se você estivesse roubando de mim algo que pertencia só a eles. Vivi um verdadeiro inferno familiar. Demorou muito para que o seu nome fosse pronunciado sem traumas. Seus irmãos, hoje, acham legal ter uma irmã americana. Já ouvi minha filha menor, Luísa, se referir a você com muita simpatia. E isso foi uma conquista. A minha tristeza e não lhe ter visto crescer, como vi meus outros filhos. A emoção das primeiras palavras dos primeiros passos, isso é tão importante. É um vácuo que jamais será preenchido. Mas também não culpo Nicole, foi um desejo dela de criá-la sozinha. No fundo foi um ato de extremo egoísmo. Ela sabia que eu estava apaixonado. As coisas poderiam ter sido um desfecho diferente. Às vezes apenas uma palavra muda a trajetória de uma vida. E a minha poderia ter sido mudada, se eu soubesse que tínhamos gerado um filho.

AS AUTORIDADES CARIOCAS ESTÃO MELANDO

Gente, até os bombeiros viraram marginais!! Não sei se me escangalho de rir de nervoso ou choro no meio-fio. A quem recorrer, moçada? A bandidagem aqui nesse país faz escola. Sei não, minha esperança em relação a esse pedaço de terra gigante em berço esplêndido, está escoando ralo abaixo. Sérgio, meu amigo querido, já me disse que devo prestar atenção pra não ficar reclamona, e apresentar soluções. Bem, tenho uma. Voltar ao passado e trocar de lugar com os Estados Unidos que tiveram, pelo menos uma descoberta e civilização com colonos que queriam se dar bem. But this is impossible, então o jeito é remar contra a maré. Fora Renan, fora Anac, fora Infraero, fora Sérgio Cabral que agora deu pra vaiar estudantes, fora César Maia que não cuida do Rio, fora Lula que chora como um bebê chorão, fora todo mundo. Vamos recomeçar, do zero. Como? Não sei. Aceito sugestões. Menos eu para Presidente.

CRIANÇA


Foi muito rápido

:o susto

O segundo fragmentado

Em que o mundo parou

Senti a tragédia

Que se abatera

No meu ventre

Antes túmido de esperança

E agora murcho de dor

A boca aberta

O grito sufocado

O som parado no ar

Meu filho

Pobre anjo torto

Arremedo de gente

Olhava pra mim

Pedindo desculpas

Qual lâmina afiada

A dor lancinando meu peito

Peguei-o nos braços

E nos reconhecendo no infortúnio

Juramos um ao outro amor eterno

sábado, agosto 18, 2007

INSPIRADÍSSIMO JOSÉ MAYER

Está em cartaz no Teatro Villa-Lobos, a peça UM BOÊMIO NO CÉU, estrelado por José Mayer, com direção de Amir Haddad. A peça é uma das melhores coisas que já vi na minha vida. Mayer está inspiradíssimo, beirando a genialidade. Canta, dança, representa e nos encanta com a doçura que emprestou ao seu personagem. De arrepiar. Seus diálogos com Antônio Pedro, outro ator extraordinário, é da gente prender o fôlego pra não perder uma vírgula. O texto é engraçado, lírico e altamente poético. A montagem anda tem Eichabuer no cenário, Aurélio na iluminação e Biza nos figurinos, gente que já está ai nos brindando com qualidade há várias décadas. Fico pensando no quanto a televisão castiga seus atores, com textos bobos e interpretações pífias, a maioria das vezes. É no teatro o verdadeiro habitat do ator. Mayer é um ator vigoroso, voz impecável, carisma extraordinário, enfim um criador de se tirar o chapéu. Mais teatro, compadre. E obrigada por aqueles momentos tão deslumbrantes.

terça-feira, agosto 14, 2007

MILTON HATOUM E CINZAS DO ORIENTE

Todo mundo que lê o meu blog, e não são muitos, já sabem da minha admiração por este escritor amazonense de raízes libanesas. Devorei toda a sua obra com um apetite de adolescente. Terminei agora Cinzas do Norte, um livro amargo sobre a história de Mundo, pela ótica de seu amigo Lavo. As relações familiares complicadas do personagem principal na Manaus de pós guerra, dando adeus aos últimos dias da boa-vida extrativista puxando o fio da meada à uma vida efervescente no Rio, Londres e Berlim, mas tudo isso com uma previsão catastrófica de tragédia. É um belo livro, como disse amargo, mas muito profundo onde as relações são doídas e incompreendidas. Amo Hatoum. No meio desse amargor, há sempre lirismo na sua escrita.

JOÃO GILBERTO NOLL- O CEGO E A DANÇARINA

Ah , sou encantada com os nossos escritores. Sint0-me abençoada por estar trabalhando de novo na Biblioteca Estadual. A relação foi difícil no início, devido à pobreza do lugar, desconforto e falta de infraestrutura até para desenvolver um trabalho legal. Minha tarefa é atender ao público no amplo e imundo Salão de Leitura, cheio de infiltrações e quente como um forno crematório, e como o público que atendo é mínimo, e ainda mais em tempos de internet de fácil acesso, sempre dá para ler, e muito. E estou aproveitando. Não quero outra vida até me aposentar, o que hoje até duvido que possa acontecer no período que eu vinha contando pelos dedos. O salário miserável vai me obrigar a permanecer naquele prédio medonho que me assombra todas as vezes que entro na garagem e olho para aquele livro aberto saído da cabeça do Darcy Ribeiro. E por conta disso cheguei até João Gilberto Noll, gaúcho como os Veríssimos. O Cego e a Dançarina é um livro de contos curtos interessantérrimos, cada um melhor do que o outro. Não deixem de ler esse autor. É um show.

sexta-feira, agosto 03, 2007

SOBRE VÔOS E PONTES

Acompanho as notícias sobre esse trágico acidente da TAM e fico pasma com tudo que leio. Até agora não se chegou a nenhum veredicto. Mas uma coisa é mais claro que água. O Ministro José Viegas já havia alertado sobre possíveis acidentes no espaço aéreo brasileiro e o governo deixou de investir na infraestrutura aérea. E ainda reduziu a verba. E deu-se o caos. Leio hoje que a mesma coisa aconteceu no EUA. Fontes autorizadas alertaram o governo sobre rachaduras na ponte que desmoronou. Lá também faltou investimento na infraestrutura. Cruzes, tanto lá como cá estamos à deriva. Segurança do povo, tanto no ar como no solo não é prioridade governamental. O que seria então?

domingo, julho 29, 2007

CRÔNICA DE UM DOMINGO CHUVOSO




O dia amanhece gelado. Geladíssimo, em se tratando de uma cidade tropical. Minha garganta, de novo, dá sinal que precisa de cuidado, mas eu tenho que sair com o Rex. O cachorro precisa das caminhadas diárias, como eu também, para digerir as calorias em excesso, principalmente em dias como esse. Vestimos capas de chuva e lá fomos em direção ao Mundo Novo, de cujo ponto mais alto se tem uma vista deslumbrante de Botafogo. Eu ia pensando nas mudanças climáticas que ocorrem no planeta e no quanto isso vem afetando o clima. Amigos viajantes se queixando do calor em Praga e em Budapeste e gente morrendo de calor na França e na Espanha. Onde isso vai parar?Daqui a pouco vai nevar no Rio de Janeiro. Mas talvez isso não seja para a minha geração. Meus netos, quem sabe? Recolho os sacos plásticos que encontro pelo caminho e constato a sujeira que deixamos nas nossas calçadas.
O caminho é bonito e sem trânsito aos domingos. Subo a ladeira, observando as árvores e me deixando inebriar por um cheiro de eucalipto. Meu cachorro, em perfeita sintonia com o ambiente, vai ao meu lado sem puxar a coleira, cheirando e deixando rastro pelo calçamento irregular.
A comunidade é pobre, mas bastante limpa e ordeira. Vi pessoas varrendo a entrada de suas casas, nenhum papel ou lixo no chão, e o que mais me chamou a atenção foi a música, bem alta, não a ponto de incomodar o vizinho, mas bastante audível a quem passasse. Ouvi Bethânia e outros que não conheço. Canções que embalavam pessoas que acordavam que tomavam café ou, quem sabe, faziam amor? Com um tempo desses, ficar na cama é uma boa pedida. No meio do caminho uma espécie de coreto. Minha imaginação flui olhando a tosca construção. Bailes semanais, políticos fazendo promessas mirabolantes, casamentos? Um altar de uma santa qualquer cravada na rocha, também me chamou a atenção. Havia velas e alguns votos. A comunidade tem fé na santa. Num vão, entre o coreto e o altar, motocicletas adormecidas cobertas por uma lona. Várias, numa ordem de dar inveja. São dos moto-boys, moradores da comunidade. Ganham uma graninha subindo e descendo, faça sol ou chuva eles defendem o seu. Um senhor varreo coreto. Pergunto as horas. Surpreendo-me. Estou andando há bastante tempo. A chuva cai mais forte, intermitente. Cubro a cabeça e maldigo o tempo, a roupa já mostrando os resultados. Rex marcha impávido, senhor da calçada, alheio à chuva. Um cachorro late à sua passagem, do alto de um muro enorme. Grito pra ele. Rapaz, não te meta à besta, a altura é grande. Mas ele nem liga, os latidos são para o Rex, que olha pra cima e nem se digna a dar um latido sequer. Continuo a caminhada e paro numa clareira em que se avista a cidade. Que coisa mais linda. A névoa paira sobre o dia cinzento. Nem a chuva nem o frio tiram a beleza do que vejo. Mas todo o cuidado é pouco. Passos desavisados me levarão ao Santa Marta, que fica do ladinho. Mas que inveja de seus moradores pela vista que têm.
Volto em baixo de chuva. Espirro e começo a tossir. Nada de licor ou de conhaque. Me entupi de antibióticos e rezei pra que a gripe passe longe dessa vez.

CRÔNICA DE ANIVERSÁRIO

Ontem estava deprimida, mas hoje acordei legal. Dizem que é comum se sentir meio triste, antes ou até no dia do aniversário. É a tal da conjunção astral. Arhhhhh!
A tristeza de ontem se deveu a morte de um parente e ao acidente da TAM. Foi tão de repente que não me deu nem tempo nem de pensar. Só fui me lamentar e chorar horas mais tarde quando tudo já estava resolvido. Apesar de relativizar sobre a morte, a verdade é que quando ela chega nunca estou preparado para recebê-la, só o morto está. Nós todos ficamos à deriva, chorando e lamentando a perda da pessoa querida. E duvido quem não pense em si mesmo, ali naquele caixão, algum dia. Por isso não estava bem na antevéspera do meu aniversário.
Convalescendo de uma virose que me derrubou, tudo que eu queria era passar longe das comemorações de praxe. Mas quem resiste? O dia é par, redondo, o mês é de férias, e pra mim, iluminado. Lembrei-me dos meus amigos, gente que me acompanha há tanto tempo, lembrei também dos que já foram, e um calorzinho começou a esquentar o meu coração. Não comemorei no dia. Fiquei em casa, atendi os telefonemas, fui trabalhar e fiquei feliz. Nos dias subseqüentes vi meus amigos, uma amiga me ofereceu um jantar.
Trilho meu caminho com passos fortes, às vezes tropeço, caio, me levanto e sigo em frente. Adoro o dia do meu aniversário, sou bem sincera e acho que todo o mundo devia também adorar. Falo isso porque sei de gente que não gosta e passa ao largo. Posso estar sozinha, mas festejo com a alegria da criança que ainda habita em mim.

ANA PAULA MAIA E A GUERRA DOS BASTARDOS


Ana Paula é carioca e tem 30 anos. E é fantástica. Dona de um senhor estilo (li de um fôlego só )A Guerra dos Bastardos é altamente cinematográfico e fiquei pensando no que Quentin Tarantino faria com ele. O livro é sanguinolento com um desencadeamento de fatos surpreendentes. Mas a prosa de Ana Paula é tão boa que apesar das náuseas que o texto provoca, eu aplaudia a todo o momento a genialidade e o talento dessa escritora já tão pronta. Não recomendo o livro para estômagos fracos, mas pra quem aprecia o gênero, Ana Paula é opção A.

domingo, julho 15, 2007

Ó COMENTÁRIO DE CÉSAR MAIA SOBRE AS VAIAS AO PRESIDENTE LULA

Foi ridícula, para não dizer patética a explicação do prefeito em relação às vaias ao presidente Lula. Chegou até a falar da mão suada de Lula e do fato dele ter saído logo após as vaias. O comentáro expelia veneno, ironia, deboche. Começou dizendo que "o carioca atribui ao Lula a pretensão de tirar do Rio e dar caráter federal aos Jogos Pan-Americanos." Será? Tenho as minhas dúvidas. Eu nunca torci pelo Pan porque acho que com esse dinheiro muitas coisas poderiam ser feitas por aqui- obras de infra-estrutura e conserto nos hospitais públicos. Essa briguinha entre os três níveis de poder pode ser até marketing jornalístico, não? A imprensa também mostra um lado marrento pra poder vender. César também não gostou do presidente não ter assistido a toda a cerimônia. Tudo bem, mas porque fazer o comentário? Pra ficar por cima? Babaca. Diz ainda que avisou ao Nuzman que o Lula poderia ser vaiado e que não deram importância. E termina dizendo " em alguns anos mais, vamos lembrar que show mesmo foi aquele em que o Lula levou seis vaias." O povo dessa cidade não prima pela educação e nem pela civilidade e ainda lendo o que fala este homem é sopa no mel. Tô fora. Nem César, nem Lula, nem coisa nenhuma. O ideal mesmo é que a platéia se mantivesse calada na hora que o nome do presidente Lula fosse anunciado. Talvez fosse mais forte do que a vaia. Mas issos é exigir muito de um povo como o nosso.

quarta-feira, julho 11, 2007

UM HOMEM CHAMADO MARIA

Acabei de ler "Um homem chamado Maria" de Joaquim Ferreira dos Santos, e me dei conta que o genial jornalista, cronista compositor e tudo o que ele foi, me influenciou bastante naquilo que escrevo hoje. Não que eu seja um Maria de saias, não, mas o jeito carioca de escrever acho que vem dele, e muito. Eu adorava ler a sua coluna de jornal, a mesma coisa com Nelson Rodrigues no A Vida como ela é, e ler o livro foi relembrar bastante o Rio de Maria que era um pouco o meu também e verificar com tristeza o quanto a cidade mudou. Maria fez falta, e realmente foi um cara que viveu intensamente, tão intensamente que o coração não agüentou. O perfil que Joaquim traça é primoroso, uma delícia.

terça-feira, julho 03, 2007

MINHA OPINIÃO SOBRE OS FATOS VIOLENTOS DE AGRESSÃO QUE OCORRERAM PELA CIDADE

Foram muitas as considerações sobre as gangues de jovens de classe média que saíram dando pancada em mulheres, homens e quem se pussesse na frente deles. A imprensa, como sempre, cobre o fato exaustivamente dias seguidos, mas o interessante é ler as cartas dos leitores. Desde a morte de João Hélio, que remete ao índio Galdino, etc. e etc. também refleti sobre o acontecido e tenho as minhas opiniões. A cidade se enjaulou. Principalmente na Barra da Tijuca, onde os condomínios são imensos, dando todo o conforto para os seus moradores. Me lembro de ter lido, há algum tempo atrás, uma reportagem enorme na revista Veja sobre o comportamento abusivo da juventude em determinados condomínios. Foi de estarrecer- orgias regadas a droga e todos entre 14, 15 até 19 anos. Muito sério. Com a violência urbana no nível que está, com a ausência de parâmetros tanto dos pais quanto das autoridades, droga, o desfacelamento da família, corrupção grassa, falta de educação familiar, educação acadêmica falha, justiça inexistente, um país onde quem tem privilégio é o rico, é de se esperar o quê? Explosões onde a moçada tenta resolver os seus problemas na base da porrada, sabendo que não vão ser presos nem julgados. e se forem, rapidinho sairão da cela. Os exemplos estão todos aí.

segunda-feira, julho 02, 2007

NÃO TORÇO PARA O PAN E NEM VOTO NO CRISTO

As Cartas dos Leitores do jornal O Globo são ótimos indicativos de como pensa o carioca que lê e está antenado com o que ocorre na sua cidade, no país. Hoje dois leitores se manifestaram contra o Pan e contra a votação do Cristo. E eu concordei com eles. Transito pelo centro da cidade e eveywhere e estou horrorizada com o estado das ruas, da falta de educação do povo, na ausência de policiamento, nas multidões atravessando as ruas sem olhar para os sinais de trânsito, e por aí vai. Hoje vi dois caras de bicicleta trafegando na direção contrário aos carros, um na Presidente Vargas e o outro em frente do Rio Sul saindo do túinel.Em pleno rush. Nunca vi isso em lugar nenhum do mundo, nem na Índia.Botafogo está imunda, cheirando a fezes e urina, buracos imensos nas calçadas, enfim uma cidade de quinta categoria. Ouvi ontem no rádio que o número de turistas no Brasil diminuiu este ano. Pudera, fora o Pantanal, Bonito, e o turismo sexual no nordeste, não sei bem o que pode atrair visitantes. Violência, assaltos à mão armada, balas perdidas?

A SENHORITA JÚLIA DE HEDA GABLERE FEDERICO GARCIA LORCA

A montagem desse clássico de Ibsen optou por uma Heda leve e entendiada. Pelo menos foi o que passou para mim. Christine Fernandes é bonita, fluídica e fala o texto muito bem. Claro que nem vou discutir o talento, pois é óbvio numa pessoa que já excerce a profissão já algum tempo. Mas quem dá o recado, e muito bem, é a atriz Vera Fajardo, comadre querida, que faz uma senhorita Júlia bem-humorada, risonha, com nuances no texto, enfim, uma tia que todos nós gostaríamos de ter. Acho que Heda Gabler não faz nem pensar. É tão distante do que o mundo é hoje, que não dá nem para refletir. Gosto do teatro que fala à alma de problemas universais sociais identificados por alemães, brasileiros, italianos, etc. Ou adaptações para a nossa realidade: Gôta D' Àgua foi uma magnífica transposição da tragédia Medéia para morros cariocas e a Ópera do Malandro, outra jóia de Chico, baseada na Ópera dos Três Vintéins de Brecht (devo essas lembranças ao meu amigo Iran, numa conversa que tivemos após o espetáculo de Antonio Gilbert0- Federico Garcia Lorca). Já o Lorca é um monólogo enxuto e ótimo, de excelente nível artístico bravamente defendido por José Brandt. O que ele fala da poesia, da literatura é tão maravilhoso que toca a alma. É poesia pura.

domingo, julho 01, 2007

O DINHEIRINHO ABAIXO DO PANO NA BIBLIOTECA ESTADUAL

A chefe dá dinheirinho embaixo dos panos para o funcionário que fez um trabalho qualquer na Biblioteca. Só que ele é pago pelo poder estadual para isso, mas ela achou de molhar a mão dele. Fiquei feliz porque ele recusou. Íntegro, disse que estava ali para trabalhar para a Biblioteca. Pano rápido.

O PODER PARALELO NA BIBLIOTECA ESTADUAL

A Biblioteca Estadual está condenada e até o secretário de cultura sabe disso, pois foi ele que em alto e bom som falou pra quem quisesse ouvir. Mas há um fato que me deixou revoltada. O entorno da Biblioteca é cercado por grades e a camelotagem que fica na Praça da República usa o interior da Biblioteca como depósito de suas tralhas. O pessoal do apoio já levou ao conhecimento da diretora, mas aparentemente nada é feito. Mas, uma conversa off the record com um funcionário antigo esclareceu o porquê de nada ser feito. Os camelôs depredariam a Biblioteca caso algum impecilho fosse colocado que impedisse a eles colocarem a tralha no interior da Biblioteca. Fiquei pasma. Eu mandaria erguer um muro alto como a greja ao lado, e queria ver o que acontecia. Não podemos ficar indiferentes a esse descalabro. Temos que enfrentar essa corja com autoridade e competência.

BICICLETAS EM PARIS

Li hoje no jornal OGlobo que o prefeito de Paris vai viabilizar bicicletas para o parisiense usá-las como transporte público. Há uma taxa contra roubo e haverá bicicletários próprios, onde o morador pega a biccleta no ponto perto de sua casa e a deposita no ponto mais próximo de seu destino. Legal, né? Você acha que há possibilidades de se fazer o mesmo no Rio? Ha-ha-ha....Respostas para esse blog.

sexta-feira, junho 29, 2007

O BOOM DAS FAVELAS COMEÇOU NO GOVERNO BRIZOLA

O carioca sabe que o boom das favelas começou no governo Brizola. O Rio está desse jeito por conta dos governos desastrosos desde então. Polícia tinha um acordo com quem mandava nos morros. Policial não subia o morro e os donos da droga ficavam por lá mesmo. Também não desciam. Acordo de cavalheiros. Com a pobreza grassando, falta de infra-estrutura, corrupção generalizada e crescimento populacional sem planejamento justo nas áreas carentes, esperava-se o quê? O que está acontecendo agora. Pelo menos o governo Sérgio Cabral está mandando ver no Complexo do Alemão. O secretário Beltrame dá declarações honestas e o estado está buscando soluções. Deus queira que dê certo.

VIVAS PARA O DR.ROMEU CÔRTES DOMINGUES

Nem tudo está perdido. O Dr.Romeu Côrtes Domingues tem uma clínica exclusiva para pessoas carentes. Cobra por mamografia, ultrasonografia e ressonância magnética apenas 85% do que é cobrado nas clínicas particulares. O médico realizou um sonho e buscou parcerias para concretizá-lo. Vivas para ele. Fiquei feliz ao ler a notícia.

terça-feira, junho 26, 2007

O CERIMONIAL DO GOVERNADOR



Sérgio Mendonça de Barros Neto era um político ambicioso. Almejava a Presidência da República. Muito rico e sem escrúpulos, fazia qualquer aliança que lhe garantisse a permanência no poder. Não andava sem seguranças e fazia questão de ser onipresente. Num mesmo dia era fotografado numa missa em Salvador, à tarde almoçando em São Paulo e à noite numa festa no Rio de Janeiro.
- Ué, esse cara não trabalha?
- E você já viu político trabalhar?
- Político não trabalha, rouba, mer’irmão.
E o povo ria e bebia mais uma cervejinha que ninguém é de ferro e fazia o bolão para ver quem seria o campeão da Taça Nacional.
Barros Neto começou como prefeito de uma cidade do interior onde sua família mandava e desmandava. Casou-se com Georgiana, uma moça tão rica quanto ele, e cuja família reinava no município vizinho. Mas o sogro avisou:
- Na nossa família as mulheres não se divorciam. Ficam viúvas.
Com esta união Sérgio consolidou as alianças regionais, pautando seu caminho ao tão sonhado cargo de governador de estado.
Candidatou-se e foi eleito por uma margem ampla de votos. Não havia dúvidas: o povo o queria e ele não ia decepcioná-lo.
Antes de sua posse fez uma única exigência ao chefe do gabinete civil:
- Quero no meu cerimonial, mulheres lindas. Para serem cobiçadas e eu invejado. Não precisam ter muito preparo. Se duas ou três tiverem, já é o suficiente. Contrate duas ou três funcionárias de qualquer secretaria estadual, pra não dizerem que não favoreço a prata da casa.
E falou para a sua mulher:
- Se submeta a uma dieta rígida. Para caber num manequim 38. Vamos ser o casal mais bonito e invejado desse estado. Como Jack e Jackie Kennedy. As mulheres te invejarão e os homens gostariam de estar no meu lugar.
O chefe do gabinete civil e seus aspones (assessores de porra nenhuma) correram para contratar novas funcionárias. Choveu uma quantidade de filhas, sobrinhas de ministros, desembargadores, deputados, prefeitos do interior, todas loucas para ter uma ocupação remunerada e sem fazer muito esforço.
Finalmente foram escolhidas:
Cristiana- 22 anos. Filha de prefeito do interior.
Débora- 25 anos. Filha de desembargador.
Cátia- 23 anos. Filha da amante de um ex-governador. Trabalhou para o partido do namorado da mãe.
Marcilene- 30 anos. Amante de um ministro.
Eliane- 40 anos. Socialite, amiga da mulher do vice-governador.
Cilene- 50 anos. Funcionária de carreira. Auxiliar de serviços gerais. Encarregada do fax e do telefone.
Mônica- 34 anos. Funcionária de carreira. Psicóloga. Casada e sem filhos.
Clara- 30 anos. Funcionária de carreira. Professora com mestrado em literatura.
Gilvan- 40 anos. Funcionário de carreira. Pau pra toda a obra. Curso primário. Vários filhos de mulheres diferentes.
Supervisionando o cerimonial, um diplomata, indicado por um amigo de infância.
Barros Neto começou seu governo prometendo investir na educação, na saúde, no meio-ambiente, segurança, etc., o mesmo discurso de todos os seus antecessores e de seus sucessores. E já nos primeiros meses mostrava serviço. Era inauguração de estrada pavimentada para os prefeitos do partido; entrega de chaves de casas populares de quinta categoria; inauguração de hospital público de excelência, mas a festa era apenas no andar que estava pronto e mais nada seria construído até o fim do governo; programas assistencialistas em profusão, e mais almoços e cafés da manhã para os correligionários, amigos, amigas da primeira-dama, e muito blá-blá-blá.
Barros Neto se encantou platonicamente por Cátia. A morena era linda. Negros cabelos e olhos profundos. Conhecia o amante da mãe dela, e por conta dessa familiaridade cruzada, era um tanto paternal com a garota. Para tudo, ele mandava chamar a Cátia, até que resolveu colocá-la como sua secretária particular. Assim poderia vê-la todas as vezes que desejasse, sem que despertasse comentários maldosos.
Georgiana sentiu cheiro de pólvora no ar quando viu Cátia sentada na ante-sala do marido. Mas como tinha um pai cabra macho, achou que o marido não ousaria traí-la.
- Vai ser capado. Ele que se atreva.
As cerimonialetes aprenderam o essencial e se esmeravam. A rotina dos eventos não era do outro mundo, aliás, era sempre a mesma. Uma vez aprendida, tudo se tornava fácil e até bastante elementar. A preocupação maior era com a roupa. A batalha principal era ver quem estava mais bem-vestida e quem ia ganhar os beijinhos do governador. Próximas do poder, as brigas no ambiente de trabalho se sucediam. Qualquer coisa era motivo de briga. Brigavam até por banalidades. Mas a pior de todas era Clara. Moça enfezada e de perene mau-humor tinha um palavreado pior do que a mulher mais baixa da zona. Frustrada nas suas ambições literárias jogava toda a sua raiva nas colegas de trabalho. Era impossível conviver com ela quando estava atacada. E o pior é que era dia sim, dia não. O chefe não se conformava. Moça tão prendada, tão inteligente! Todo mundo escutava. Uma vergonha.
Cristiana apaixonou-se pelo chefe de segurança do governador, Romão, que era casado, depois que foi abandonada pelo noivo, sem maiores explicações. A mulher dele quando descobriu ligou para a primeira-dama e contou da traição do marido. Chorou, falou dos filhos e conseguiu emocionar dona Georgiana que exigiu do marido a exoneração da moça.
- Mas como, mulher, ficou doida? O pai dela é um grande aliado, como é que eu vou fazer?
- Fácil, manda ela de volta para a prefeitura do pai. Afinal, você é o governador, pode tudo. E Romão tem que sair também.
- Mas ele é competente, mulher.
- Dane-se. Ninguém é insubstituível, meu pai costuma dizer, a não ser no casamento, lembra?
Barros Neto frente à tão forte argumentação não duvidou. Substituiu Romão, que acabou se separando da mulher, perdeu o cargo e hoje está casado com Cristiana e com dois filhos. Voltaram para o interior. O sogro, prefeito, contratou-o para ser o chefe de sua segurança. E arranjou um empreguinho pra filha, com o salário maior do que quando ela trabalhava no cerimonial.
A cobra fumava quando o governador oferecia os banquetes Era uma disputa descabelada para saber quem ia tomar a frente de tudo. Ganhava por metros de dianteira a socialite Eliane. Mulher muito rica trabalhava para não entrar em depressão. Queria ser útil à sociedade de qualquer maneira. Um sentimento de culpa que carregou para sempre, que nem o trabalho do cerimonial amenizou.
Eliane preparava uma mesa como poucas. Contava com a ajuda de Flávia Helena, cujo buffet era o mais requisitado da cidade. Os banquetes do governador eram não só elogiados como fotografados para o país inteiro. Uma vez chegou até ser assunto uma revista americana. As cerimonialetes adoravam essas festas. Sentavam-se às mesas com os convidados, e disputavam em elegância e beleza com a primeira-dama os olhares dos homens presentes. E isso para Barros Neto era o que contava.
O problema maior era quando precisavam falar uma língua estrangeira. Ficavam mudas e o inglês de Miami não dava nem para começar. Quem salvava a situação era Clara, se não estivesse de mau-humor. Falava inglês, um pouco de francês e italiano. Eliane apesar de viajada, misturava inglês com espanhol, e era difícil entender o que ela dizia.
Débora era uma funcionária que se esforçava. Estava noiva de Roberto Alves cujo pai tinha uma das bancas de direito mais conceituadas na cidade. De inteligência mediana digitava bem, mas era incapaz de redigir qualquer coisa própria. Nunca havia trabalhado e no fundo se divertia com tarefas que nunca pensou que um dia faria. O dia que viu Guilherme Moreira, um dos seguranças do governador, quase desmaiou de emoção. O homem era um autêntico modelo de Calvin Kelin.
- Calvin Klein, Débora?
-É, Calvin Klein. Altíssimo, pernas adjetivas, olhos verdes de pantera. Eu quero aquele homem.
- Você é noiva. Cuidado, não vá por tudo a perder, dizia Cilene, a mais velha, a mais ponderada.
Investigou os horários do rapaz e descobriu que ele fazia tiro ao alvo às 14horas no estande de tiro. Pediu ao chefe uma dispensa e foi para lá aprender a atirar. Mas de nada adiantaram suas investidas. Guilherme Moreira namorava Marcilene, que já estava cheia de ser a segunda na vida do ministro. Ninguém sabia do namoro dos dois. Um dia, Marcilene apareceu grávida. Todos acharam que era do ministro, mas ninguém perguntou. Houve controvérsias, claro. Alguns acharam que era de Guilherme.
O governador quando viu a barriga de Marcilene ficou preocupado. Conhecia Rômulo de Albuquerque e sabia que se a mulher dele desconfiasse que um filho dele com outra mulher estava prestes a vir ao mundo a coisa ia estourar para o lado dele. Chamou Marcilene e perguntou:
- Esse filho é de Rômulo?
- Não, excelência, é de Guilherme Moreira.
O governador ficou felicíssimo, pois não gostava dos olhares que o rapaz dirigia à Cátia. “Se ele fez um filho em Marcilene é sinal que não está tão interessado em Cátia assim.” – pensou com seus botões.
Próxima de dar à luz, Marcilene pediu demissão e foi ter o filho no México. Seu amante, o ministro, morreu pensando que tinha um filho mexicano. Sustentou a criança enquanto viveu, e lhe deixou uma bela herança. Meses depois Guilherme pediu demissão e foi para o México. Casou-se com Marcilene. Viveram às custas da pensão do ministro.
Eliane saiu sem ninguém notar pela sua falta. Recebeu o pagamento durante alguns meses até que alguém se tocou que ela não aparecia no trabalho há meses. E então, não houve jeito, foi exonerada.
Enquanto isso, Gilvan, que desprestigiado pelas colegas pela pouca instrução e cheio dos ataques de TPM delas, escreveu um poema e anonimamente o distribuiu em todos os departamentos:

“Não eram todas
mas as moças daquele Cerimonial
não atendiam às exigências do cargo

Nem cultas, nem educadas,
muito menos raffinées
ao contrário eram
boas de briga
onde a língua afiada
batia mais que porrete de guarda
em bunda de malandro

O serviço exigia
cuidado, elegância, fidalguia
mas as cerimonialetes
não estavam nem aí
faziam tudo ao contrário
no susto e no breque
naquele gabinete
do Cerimonial”

Foi um Deus-nos-acuda. Quem escreveu? Causava espanto o uso de uma palavra em francês que poucos conheciam.
- Então, quem escreveu sabe francês.
- Clara sabe. Será que foi ela?
- Mas ela não é nada raffinée.
Nunca ficou esclarecido.
Gilvan entusiasmado com a repercussão de seu poema tomou coragem e meses depois já tinha um manuscrito pronto. Procurou editoras, não conseguiu nenhum retorno e então, resolveu bancar a publicação. Deu-se bem. Todos os secretários, funcionários e até o próprio governador compareceram e compraram o livro. Esgotou-se a publicação. Hoje já tem dois livros publicados e é considerado poeta de vanguarda. Saiu do cerimonial, enveredou-se pela política, elegendo-se vereador pelo seu município.
O governador fez um governo medíocre igual ao seu antecessor e provavelmente igual ao que fará o seu sucessor.

SOCIEDADE DOENTE

É de estarrecer o episódio dos jovens que agrediram a doméstica, pensando que ela fosse prostituta. Argumento impróprio e patético, pois se ela fosse uma puta, o problema era dela e eles não tinham nada com isso. Agredi-la a a pontapé numa fúria explosiva e incontrolável me fez lembrar com aperto no coração o sofrimento de João Hélio, do índio Galvino e da cadelinha prenha arrastada por quilometros presa a um carro para deleite de quem estava conduzindo. Sociedade doente é essa a nossa, e não vejo sinceramente luz no horizonte. Pobres e ricos se igualam na raiva. Há uma raiva incontida nesse país que está explodindo a todo o instante. Não sei se é fruto de corrupção generalizada (ouço na tevê que o processo do senador Renan vai ser arquivado- espero ainda que haja uma reviravolta), dos desníveis economicos abissais, da elite dando exemplos execráveis de impunidade, dessa multidão que existe nesse país, nessa cidade, onde respeito e educação viraram objetos de luxo... sei não, faço a minha parte e fico perplexa com o que estou vendo. E não posso deixar de registrar a infeliz declaração de um dos pais do jovem bandido. Não percebeu que o filho dele era tão bandido quanto aquele outro, de sandália havaiana e que mora no morro. Deus dá olhos a quem não consegue ver - não é esse o ditado? É por tudo isso que não tenho coragem de votar no Cristo - a cidade não merece- estamos todos num balaio cheio de granadas, e o Cristo está de braços abertos porque não consegue fechá-los. Chega de impunidade. Que a justiça mostre a sua cara.

sexta-feira, junho 22, 2007

AS ESCADAS ROLANTES DO MERGULHÃO

É triste constatar que em 2007 ainda agimos como verdadeiros selvagens. Não me lembro de ter visto em nenhum lugar do mundo civilizado a depredação do patrimônio público como vejo no Rio de Janeiro. É degradante e dá uma profunda dor no peito ver o estado lamentável das escadas rolantes que levam ao mergulhão da praça Quinze. Não há vigilância e os selvagens que habitam essa cidade roubam e depredam ao seu bel prazer. Além disso a cidade fede e papéizinhos de todas as cores são jogados na rua. Nunca o Rio esteve tão sujo, tão feio, tão fedorento. Andar na cidade também é um tour de force que não é pra qualquer um. Hoje tive que resolver pendências e todas eram no centro da cidade. Fui empurrada umas cinco vezes, vi pessoas feias e mal ajambradas e tive pena de todos nós. Vi camelôs correndo, todos com cara de bandido e um monte de cedês piratas espalhados pela rua. Jamais convidaria um amigo estrangeiro para vir ao Rio. À primeira vista ele até que poderia gostar. Uma cidade exótica, as mulheres sensuais e com pouca roupa, baderna na rua. Tudo que ele não tem no seu país. Isso poderia funcionar na primeira semana, duvido que aguentasse outra semana. A coisa aqui tá feia, irmão.

terça-feira, junho 19, 2007

E NÃO É QUE A ELITE BRASILEIRA ETÁ AUMENTANDO SEUS SALÁRIOS SEM O MENOR CONSTRANGIMENTO?

Vivo indignada com a sem-vergonhice da elite desta republiqueta latina abaixo do Equador. Têm o desplante de aumentar seus salários e foda-se o povo. Como é que fica a cabeça de um miserável que ganha 350 reais por mês, o outro que ganha 600 e os 8o% da população que não ganha nem 2 mil reais por mês, que é casada, tem filho, mora mal, está mais exposto à violência, ao horror do transporte público, que se alimenta mal, estuda pouco e é mal servido pelo sistema público de saúde? Não dá pra acreditar. São atitudes como essas que mais nos distanciam da pretensão de um dia chegarmos a ser um país sério. Não há a mínima chance. Continuaremos a ser o país dos coronéis. FOREVER AND EVER AND EVER.

sexta-feira, junho 15, 2007

A SUIÇA NÃO É AQUI

O Presidente Lula não entende porque o brasileiro fala mal do Brasil. Diz ele que na Suiça o suiço não fala mal do país dele, e nem o italiano fala mal da Itália. Em relação à Itália vou me omitir, mas me sinto confiante em falar da Suiça. Bem, na Suiça os salários são altos, as pessoas são educadas e civilizadas, não urinam nem defecam na rua, vão e voltam sem serem vítimas de bala perdida ou arrastão na Linha Vermelha, Amarela, Roxa ou qualquer outra cor, fazem compras na Ipanema e Leblon de lá, sem terem de se esconder atrás de carros por causa de um tiroteio entre bandidos fardados e bandidos marginais...que mais... a corrupção não está entronada no poder, os políticos prestam contas à população e não têm metade das regalias daqui, não tem Sarney, Collor, ACM e Calheiros, coronéis do nordeste, e outros Garotinhos com redutos eleitorais onde pintam e bordam, não têm uma justiça obscena e inoperante como a nossa, não moram cercados de favelas onde os bandidos desafiam a ordem pública e são os verdadeiros donos do poder, não moram num país superpopuloso , miserável onde todos estão mais pobres e sem perspetivas de melhoria. E na Suiça, monsieur le Président anda tem chocolate Lindt. Temos o chocolate da Kopenhague, muito bom, mas pra quem tem o padrão suiço, pois é caro pra caramba. Ah, ia esquecendo o principal: o povinho daqui paga impostos extorsivos, que talvez se fosse na Suiça estaria bem empregado. Mas aqui não, nosso suado dinheirinho escorre para os ralos de Brasília. Então tudo é ruim: educação, saúde, meio-ambiente, políticas públicas, transportes , moradia, etc.etec.etc. A Suiça não é aqui. O Haiti é aqui.

quinta-feira, junho 14, 2007

A DECLARAÇÃO DO TÉCNICO BERNARDINHO

Acho que foi despretenciosamente que o técnico Bernardinho se referiu a violência do Rio de Janeiro e do medo que ele tinha em relação à família dos atletlas que vêem para o Pan. Isso suscitou respostas do alcaide e do governador. Sérgio Cabral garante segurança no Pan, e fiquei com a sensaçã que ele não garante nos outros dias e meses que compõem o calendário anual. Já o alcaide diz que o técnico não pensou nisso quando pediu apoio para transferir para o Rio a sede de um time de võlei que coordenava, e para finalizar, Nuzman diz que o técnico falou com ironia, pois afinal ele é que escolheu morar aqui. Moro no Rio porque não tem outro jeito. Minha rede de amigos, interesses sociais e profissionais estão aqui.Pensei em ir embora, para o Sul, que é minha terra de origem... mas sozinha? Morro de medo da cidade, acho que a imundície está cada vez pior, os governantes continuam péssimos e a violência então, passou dos limites. Mas pra quê falar dessas coisas, não é mesmo? Estamos todos já bastante acomodados que mais uma morte aqui, outra acolá, não vai fazer assm tanta diferença, não é mesmo? E fechar os morros, pra quê nos proecuparmos, moramos tão longe do Alemão.

sexta-feira, junho 01, 2007

CRÕNICA DO DIA- 1° de junho

Sinceramente não sei o que o César Maia faz na Prefeitura do Rio de Janeiro. A cidade está esburacada, suja, feia e ele entronado no vaso sanitário de sua casa de frente para o seu laptop- se cagando para o Rio que o elegeu. Hoje leio que as vans piratas foram responsáveis pela retirada de circulação dos ônibus da linha 780. O povo prefere pagar um pouco menos para viajar mais rápido mesmo com a segurança em risco. A Secretaria Municipal de Transporte alega que não pode multar a van pirata porque tem que pegar o flagra do passageiro pagando ao motorista. Muda a lei, ora. Sou a favor de transporte público de qualidade mas não é o que se vê, pelo menos por aqui. O número de vans aumentou consideravelmente logo após a chegada do Cabral ao poder e não gosto como elas se comportam no tráfego. Aliás, os motoristas de ônibus, táxis, vans odeiam o carro particular. Dirigem com raiva dirigida (desculpem, essa foi infame) e graças a deus a gente é bom no safo. O que me incomoda é a raiva explícita. Uma sociedade que tem a raiva que a nossa tem hoje em dia, me deixa alarmada e as consequências são o que estamos vendo. Casos como o João Hélio, da cadelinha grávida arrastada por um carro em movimento em Brasília, incêndio em mendigos, e vai por aí afora.Um país afogado em ódios ancestrais.

Outra do César- Vai proibir o que já é proibido:
  • cães sem coleira na praia do Flamengo
  • bicicletas fora do rodovia.
Ora, e os carrinhos de bebê, patins, corredores, casais de mãos dadas que andam pela ciclovia? Os passantes que esperam o sinal fechar para atravessar a rua? Que jogam lixo pela rua? Que fazem suas necessidades primitivas na rua sem o menor pudor?
O que falta são campanhas educativas em profusão para educar o carioca, que está se tornando a cada dia que passa mais mal educado, grosseiro e sujo.
Não gosto do César Maia.

quinta-feira, maio 31, 2007

FECHAR O CONGRESSO

Tem que começar tudo de novo. Com esses bandidos roubando e aumentando seus salários sem a menor vergonha num país onde o salário mínimo é ridículo, nós não podemos permitir mais que essa gentalha nos represente. Que se feche o Congresso e comece tudo de novo. Vamos acordar moçada.

terça-feira, maio 22, 2007

CORRUPÇÃO GENERALIZADA

Precisamos exigir mudanças. A corrupção generalizada em altas esferas é vergonhosa. Essa cafajestada tem que ir para a prisão. E acabar com a prisão especial. Bandido é bandido, independente de diploma. Os que têm nível superior roubam muito mais do que os pequenos. Essa gentalha têm que ir pra prisão comum, ser currado e dormir amontoado. Moramos numa infeliz republiqueta latinoamericana com pretensões a primeiro-mundo. Ha-ha ha é de morrer de rir. Vamos morrer afundados no subdesenvolvimento. Não há nenhuma vontade da classe política em melhorar o estado brasileiro. Você sabia que a maior parte dos políticos são empresários e a segunda maior parte de grandes fazendeiros? Político pensa apenas em si mesmo- em como poder roubar mais e ficar mais rico. São pouquíssimas as exceções. Com um Judiciário impotente como o nosso, qual o futuro dessa merda? Respostas para o Ninho.

sexta-feira, maio 18, 2007

quarta-feira, maio 16, 2007

CLODÕ, PARA OS ÍNTIMOS

Covarde o garoto, não é mesmo? Para fugir da repercussão de sua briga no Congresso se refugiou na Clínica Santé, que é de estética para tratar de hipertensão arterial. Clodovil é um sujeito doente, arrogante, preconceituoso e que no mínimo tem pau pequeno e é impotente. Falou mal das mulheres que implantaram silicone quando ele fez a mesma coisa na bunda. Me digam uma coisa: que tipo de gente votou no clodovil?

NOTÍCIAS COMENTADAS

Enquanto o jornal O Globo não me contrata, vou exercendo a minha porção cronista no Ninho de Manon.
O Presidente Lula fez várias declarações. Vamos a elas:

  • ABORTO- Como cidadão ele é contra. E vai mais além- afirma que nenhuma mulher é a favor.
Comentário- Não acho. Eu sou mulher e sou totalmente a favor. Eu e muita gente que pensa como eu. No atual momento há que haver discussão plena sobre o aborto sim, até como Planejamento Familiar indispensável num país como o nosso. Os bolsões de pobreza estão cheios de adolescentes grávidas, sem a mínima condição de criar uma criança, até porque como é que uma criança vai cuidar de outra? O Governo tem que entrar com laqueadura e aborto nas comunidades carentes. E escola, escola e escola. É fundamental deixar de lado a hipocrisia e tratar o assunto de frente.

  • CPMF/DRU- ...todo mundo sabe, em são consciência, que o Estado não pode viver sem a CPMF e a DRU....
Comentário- Argumento ridículo, pois já pagamos taxas embutidas em todos os produtos que usamos. As taxas brasileiras são as mais caras do mundo. Aqui se rouba o tempo todo. Quer roubalheira maior do que pagar DETRAN e IPVA? Não fazemos nada para impedir isso. Brasileiro tem que começar a reclamar. E além do mais mentiram deslavadamente dizendo que a CPMF iria acabar. Brasileiro é OTÁRIO MESMO. A CPMF VEIO PRA FICAR. Me sinto roubada todas as vezes que vejo o extrato bancário- Ah, e não podemos descontar do IR.


  • Quero terminar o meu mandato na condição daqquele uqe os candidatos chamem para ir ao palanque, porque é duro você terminar um mandato e ninguém te chamar pra nada, as pessoas te esconderem, fingirem que você não é do partido, no citarem seu nome, não o convocarem para a televisão.
Comentário- Essa declaração é patética. Estão aí Clinton e Fernando Henrique que dão palestras a preços de ouro, o brasileiro tem coluna em jornal e melhor, é sempre citado pelo sucessor. Querido, FH está sob os holofotes o tempo todo.

terça-feira, maio 15, 2007

LULA E O PAPA

Sempre fico perplexa com a retórica do presidente Lula. Ouvi e li Lula dizendo que o Estado Brasileiro é Laico mas que é fundamental uma integração religiosa na América Latina. Ninguém entendeu, nem o Papa.

sábado, maio 12, 2007

AUMENTOS SALARIAIS DOS PARLAMENTARES

Cada vez que leio o jornal tenho ímpetos de sair do país, falar outra língua, mudar a cor dos cabelos e dos olhos e esquecer que nasci aqui. Tudo aqui me deixa envergonhada. A classe política então, não pode ser pior. A qualidade está piorando de eleição para eleição. Para elegerem Maluf, Collor, Clodovil é para não acreditar. Que tipo de brasileiro é esse que elege esses bandidos, essa criatura desclassificada que é o Clodô? Político brasileiro, salvo pouquíssimas exceções, têm como meta enriquecer, e ponto final. São amorais, imorais e bandidos. Aumentam seus próprios salários (vamos incluir os pobrezinhos dos juízes, ministros, etc., e tal) têm regalias enquanto que a patuléia rala e o salário mínimo é ridículo. Há que se mudar esse estado de coisas. Essa dobradinha instituída no governo do Juscelino para incentivar os brasileiros a se mudarem para Brasília foi a principal causa dessa corrupção generalizada que existe nas Casas de Brasília. Aliás o brasileiro hoje em dia é um expert em roubo. Todos roubam, todos querem se dar bem. Há muita coisa errada numa sociedade que gera pessoas assim. Precisamos acabar com esse estado de coisa. Pense bem no ser voto e reclamem, reclamem e reclamem.

domingo, maio 06, 2007

O IRMÃO


André nunca gostou de negros. E não disfarçava.

- Fedem, têm uma morrinha que espanta. E parecem macacos.

Não acreditou quando sua irmã apareceu com um negro em casa.

- Gente, esse é o Samuel. Colega de faculdade e meu namorado.

André olhou bem para Samuel, para a irmã, e sussurrou.

- Você tinha que escolher esse macaco? Será que não tinha um branquinho, assim bonitinho que nem você?

A irmã fingiu que não ouviu. Sabia que o irmão era racista. Aliás, ele era tudo de ruim. Homófono, racista, anti-semita, e ela, irmã, mesmo pai, mesma mãe, mesma educação, não entendia de onde vinha aquele preconceito todo.

Samuel percebeu que André ao chegar à sala o olhou com desdém e que alguma coisa foi sussurrada no ouvido de Sofia. Mas aparentemente não deu atenção e continuou prestando atenção ao que o pai dela falava.

- Me lembrei que a gente ficou de encontrar a Fabiana e o Jorge na frente do cinema e está em cima da hora- disse Sofia, arrastando o namorado e dando um beijo nos pais.

O namoro prosseguiu, mas Sofia nunca mais levou Samuel para a sua casa. André também nunca mais perguntou pelo namorado.

A noite tinha sido divertida. Sofia e Samuel encontraram com amigos num restaurante, depois decidiram dançar e ao raiar do dia voltavam para a casa quando tiveram o carro assaltado no sinal. Os homens usavam toucas ninjas e rifles nas mãos.

- Passem tudo, senão meto um tiro na goela.

Sofia e Samuel nem pestanejaram. Deram tudo.

Os bandidos mandaram os dois saírem do carro. Um deles ao ver Samuel começou a provocá-lo.

- O nêguinho gosta de xoxota branca, é? Qual é a diferença entre uma xoxota negra e outra branca? Tu já viu como tu fede? Como é que a branquinha tem coragem de trepar com você? Me conta.

E enquanto falava, tapeava a face de Samuel, e dava chutes no corpo dele. O sangue escorria e dois dentes saltaram de sua boca ensangüentada. Sofia pedia pelo amor de deus, que parassem. Vomitava e sentia a urina deslizando pelas suas pernas. O bandido estava mórbido de prazer. Queria mais. Gritava e encurralava Samuel de encontro ao carro. Não satisfeito mandou-o arriar as calças. Enfiou o revólver até onde conseguiu. O prazer do algoz era tanto que o desgraçado babava de prazer. Um silêncio pesado sufocava os outros comparsas. Não era aquilo que tinham planejado. Sofia ajoelhada no chão duro do asfalto, chorava e rezava baixinho. Samuel curvado ao peso da calamidade e humilhação pelas quais havia passado tinha os olhos secos e uma dor profunda no coração. O bandido se aproximou de Sofia e disse baixinho.

- Vê se arranja outro namorado. Um branquinho igual a você.

Os olhares se cruzaram e ela vomitou em cima dele. Arrastou-se até o namorado, abraçou-o e simulou um desmaio. Um dos bandidos, nervoso com a situação, ordenou

- V’mo embora. temos a grana e os celulares, não precisamos de mais nada.

Sofia e Samuel ficaram abraçados durante um tempo, as lágrimas e a dor se misturando. Um carro de polícia passou e os socorreu.

No dia seguinte, os celulares, e outros pertences roubados estavam intactos em cima da cama de Sofia.

sábado, abril 28, 2007

O PRESIDENTE LULA E A EDUCAÇÃO

Tenho uma certa raiva com a arrogância do Lula em achar que tudo que ele faz (fará?) no Brasil, NUNCA NINGUÉM FEZ E NUNCA FARÁ. Ah, dá um tempo. Todo mundo sabe, que para colocar a educação deste país (jargão do próprio) em patamares altos há que se mudar TODA A ESTRUTURA EDUCACIONAL- capacitação profissional , salários altos, mudança drástica no curriculum escolar e escolas everywhere. Quando isso vai acontecer? Sei não, talvez a muito, muito longo prazo. Não vai dar para o Lula escrever na História desse país a mudança na educação como ele deseja. Eu juro que torço e muito. Muito mesmo. Teria que ser com a ajuda de todos os governadores e prefeitos, todos unidos e abraçando a idéia. Político só pensa no bolso e jamais no povo. Aí sim posso acreditar.

segunda-feira, abril 23, 2007

EQUADOR- Miguel Sousa Tavares

Minha amiga Ângela ganhou no ano passado, este livro de presente. Só a capa já me deu água na boca. Já tinha lido a respeito e como tenho o privilégio de ter amigos bons de livros, fiquei na fila de espera. EQUADOR é outra obra magistral que me caiu nas mãos. Trata da colonização das Ilhas de São Tomé e Príncipe no continente africano, bem na linha do Equador, no começo do século XX. O autor narra a vida de um lusitano bem apessoado, rico e sedutor que atendendo a um pedido do el-rei D. Carlos, não tem outro remédio a não ser aceitar o cargo de governador por aquelas bandas. As histórias que tratam de colonização são sempre muito cruéis. Lendo Equador é inevitável que se pense no nosso país e no horror que foi o trabalho escravo ( até hoje existente e o pior, com crianças). Portugal só tinha interesse nas riquezas e jamais em civilizar os nativos, criar uma civilização como foi nas colônias americanas da Inglaterra, que tornaram-se o potente EUA. A narrativa é densa e o autor conta com dois excelentes trunfos para surpreender o leitor, quase ao fim do livro.
E é seu livro de estréia. Imaginem o que poderá vir depois. Que venham.