BERLIM, EU TE AMO

Histórias curtas românticas, que acontecem em Berlim. É uma franquia que roda o mundo, focando narrativas nas principais cidades. No Prime Amazon. Delicioso,  a surpresa é Mickey Rourke, que quando apareceu ao lado de Kim Bassinger, a loiraça da época, causou furor. O filme de 1986 chamava-se Nove Semanas e Meia de Amor, e tinha cenas ousadas.  Era um ator interessante, intenso e que ao longo dos anos se submeteu a tantos tratamentos e tatuagens que ficou irreconhecível. Quando ele apareceu num dos contos, tive a sensação que o ator era um tanto familiar, depois fui pesquisar e vi que era o Rourke. Impressionante o que fez consigo mesmo, na minha opinião. Extreme makeover na verdadeira percepção da palavra.

A GRANDE HOMENAGEM À ARACY DE CARVALHO, O ANJO DE HAMBURG

Na escola nunca ouvi falar de Aracy de Carvalho Tess, a brasileira que trabalhou no Consulado brasileiro em Hamburg, Alemanha e que foi a responsável pelos vistos de imigração para judeus devido ao nazismo nojento que dominou a Alemanha por conta do inominável Hitler.  Começou sozinha e com a chegada de João Guimarães Rosa como cônsul adjunto teve sua colaboração prestimosa e amorosa.  Soube sobre essa mulher incrível já adulta e fora da escola. E na Globoplay a minissérie PASSAPORTE PARA A LIBERDADE a história está toda lá, com os devidos cuidados cenográficos e de figurino. À princípio me incomodei com a maquiagem excessiva da atriz Sophie Charlotte e cheguei a comentar com um amigo. Mas, fui pesquisar e fiquei impressionada com a semelhança com a própria Aracy, cabelo, maquiagem, enfim, tudo muito dentro dos conformes. É uma série impactante, e assistindo as situações perigosas em que ela se metia para ajudar os judeus a virem para o Brasil, o coração de qualquer pessoa, brasileira, com certeza, sentirá um orgulho imenso de Aracy, do fato de ser brasileira e de ter tido papel decisivo em mandar para o Brasil, os infelizes que acabariam em câmaras de gás nos campos de concentração nazistas.  E que encontro bonito ela teve com Guimarães Rosa, escritor que admiro mas, confesso ter dificuldades para lê-lo, mas essas duas criaturas foram definitivamente extraordinariamente humanas num período crucial e infernal. Viraram anjos. A série é ótima, e vale como reflexão. O país tem um governo mal e ruim, estamos mal economicamente, socialmente, e a ascensão do nazismo também teve causas semelhantes. Claro que Hitler foi único... aliás todos somos únicos, não acham? ninguém é cópia de ninguém. Ah, e que emocionante os depoimentos dos descendentes dos judeus imigrantes.

É INTRAGÁVEL VER COMO A SELVAGERIA IMPERA NAS PRAIAS CARIOCAS

Banhistas são roubados, o tempo todo, de celular a cordão até mochilas. Conheço as praias da Grécia e nunca vi roubo ao banhista ou muito menos policial andando pelas areias para "manter" a segurança. É lamentável mesmo ter que conviver com essa explosão demográfica pela orla, onde não se pode mais sentar para pegar um sol. Isso era possível há 30 ou 40 anos atrás, de lá para cá os roubos sempre foram uma constante, e quando não acontece em ciclovias ou em qualquer outro lugar, com direito a matar o ciclista ou a quem se aventurar a não entregar os pertences para o bandido. Não vejo mesmo nenhuma solução, é para piorar o que já está ruim, sempre em linha ascendente. Que pena. 

ELZA SOARES SEMPRE ETERNA

Teve vida longa essa grande cantora, tão única e espetacular. Sim, sua vida foi muito difícil, pulou obstáculos, foi criticada, e muito, por conta da união com Garrincha, quando namorou Pelé, com certeza é fogo enfrentar o conservadorismo de uma sociedade que sempre se mostrou burra e preconceituosa. Elza tomou posições fortes, sempre falou o que queria e se tornou um ícone. Elza é vencedora, seu timbre para sempre inesquecível, tenho certeza que passou dessa para uma melhor.  

A PEQUENA SUIÇA É UMA COMÉDIA DELICIOSA

Sem pretensões, o filme diverte, ri muito e é isso que eu quero em tempos tão difíceis. Uma localidade basca pretende ser incorporada à Suíça por conta da descoberta do túmulo do filho de Guilherme Tell, no interior de uma igreja. É hilário, os atores não estereotipam seus personagens e com isso as cenas são muito engraçadas.

 

PISO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA TEM QUE SER JUSTO , NÃO PODE SER DIMINUÍDO

É inacreditável os antolhos das autoridades que lidam com a Educação. Os professores da educação básica são importantíssimos na  formação dos brasileirinhos. São eles os primeiros a ensinar, a levar conhecimento às crianças e adolescente, cujas cabeças estão no momento certo para a aprendizagem. Professores precisam sim, sempre de reciclagem e precisam ganhar condignamente para se sentirem estimulados a progredir e a passar conhecimentos. É muito difícil o magistério. O professor lida com crianças mal educadas, mimadas, e tem que saber também lidar com isso. A Escola, diretores e auxiliares,  também precisam se reciclar, é um trabalho constante. Com a pandemia, os alunos da rede pública foram os mais prejudicados, já perderam metade do bonde da história. Investir nos professores e na escola será bom para todos. 

O QUE SERÁ QUE BOLSONARO TEM A DIZER A PUTIN? OU VICE-VERSA?

O brasileiro odeia comunista, recentemente não foi à posse do presidente do Chile, não foi ao da Argentina, e agora vai se encontrar com o maior comunista do planeta? É intrigante.

 Putin gosta de moças jovens, a mulher do presidente brasileiro é anos luz mais nova do que ele, e sobre o que conversarão, exatamente? Putin adora montar cavalos e o brasileiro adora pilotar motos e jet skies, coisa pra macho, concorda? O foco é ter uma máquina ou um cavalo entre as pernas e sentir o sopro de liberdade no rosto, nos cabelos, quer coisa mais sensual? Tenho um amiga que gozava quando andava de bicicleta e outra que gozava pilotando sua moto. 

Claro que sei que há interesses econômicos por parte do governo brasileiro, mas logo agora, quando a Rússia está a um ponto de invadir a Criméia? Quem sabe o brasileiro, que gosta de exército, armas, possa ajudar na estratégia, será?

O CANTO LIVRE DE NARA LEÃO, NO GLOBOPLAY

Espetacular, comovente e no fim baixa uma saudade daquela tempo tão rico, tão inovador e tão marcante na história da cultura brasileira. Através de Nara Leão e sua vida tão enriquecedora, uma mulher além de seu tempo, corajosa, inteligente, temos uma panorâmica sensacional das décadas, 60,70 e 80. Ela morreu de um câncer no cérebro em 1989.  

Tive o privilégio de acompanhar todo esse movimento efervescente porque morava no Rio de Janeiro, em Botafogo, assistia a todos os programas musicais que eram transmitidos pela televisão e ainda lia jornal, sempre o segundo caderno. Então, esse documentário precioso me fez voltar no tempo, e foi mesmo emocionante. A roda gira e não se deve deixar a nostalgia ruim se instalar. Lembrar com leveza e saudade é legal, afinal ainda estou viva. Nara foi mesmo única. Abraçava a todos, com os ouvidos sempre abertos para o novo com qualidade. Gosto de pessoas corajosas e ela era demais, e com certeza nunca tinha visto uma cantora se posicionar com tanta clareza destemida. Pagou um preço e se exilou. 

Rever a turma toda jovem fez bem ao meu coração. Os que estão vivos deram declarações valiosas. Todos acima de 70 e tal.  Fui ao espelho e vi o quanto também envelheci. Faz parte, não é isso? Interessante ela declarar que no início de sua carreira, não era levada a sério... por ser mulher. Êta machões... que com o tempo mudaram de ideia, aposto. 

Enfim, Nara tinha voz pequena, houve um ti-ti-ti com a polêmica Ellis, quando disse que Nara não cantava, e isso foi o motivo pelo qual Nara nunca quis se apresentar num programa onde Ellis estivesse. Nara era afinadíssima, com uma percepção musical extraordinária, conhecia a teoria musical, tocava muito, e sim a voz era pequena, não tinha o vozeirão de Bethânia ou Ellis, e daí? Sua importância foi marcante e é simplesmente delicioso ouvi-la cantar. Vale a pena assistir essa pérola. Nara presente.

E por que não dizer? Também estudei no Ginásio Mello e Souza, em Ipanema, celeiro de alunas que se destacaram na vida cultural do país.  Como era mais velha do que eu, três anos, não a conheci.

O QUE TÊM EM COMUM BORIS JOHNSON, DONALD TRUMP E JAIR BOLSONARO?

Donald Trump é um ser de cabelos laranjas, biquinho de rola, bilionário, midiático, mas a economia do seu país cresceu enquanto ele sentava na cadeira onde também se sentou Obama. A saída do governo foi tumultuada, com invasão no Capitólio por aquelas americanos de ultra direita, racistas, etc. e tal. Ele incentivou, e ficou assistindo pela tevê. Bolsonaro é seu fã número 1, e também vem ameaçando agir caso não seja reeleito. Está nos jornais. Agride as instituições, povo, e a inteligência dos brasileiros que não só sabem, mas percebem o ser humano desprezível que ele é, mas continua lá, no trono. E Boris Johnson, moçada? Tal e qual Trump inova no cabelo. Parece crista de galo e é um ser extra terrestre. Para mim sempre me pareceu um deslocado no lugar que ocupa. Não sou inglesa, vivo num país já cheio de problemas, como me atrevo a falar do Reino Unido, não é mesmo? Mas falo, há uma decadência na política, assustadora, veja o caso do tenista sérvio, Djokovic, e a politicagem australiana. Aqui no Brasil perco o folego ao pensar na chapa Lula-Alckmim; Sérgio Moro risonho, tendo aulas de fono para ser ouvido e entendido melhor pelos bolsonaristas desiludidos com o Bolsonaro; Ciro que não decola porque se boicota o tempo todo por conta de seu destempero, enfim, não há políticos decentes num quadro presidencial a curto prazo - eleições - este ano. Para fechar, o Congresso na chefia de Artur Lira dá vergonha, claro que sei que há ótimos parlamentares, mas são engolfados pelo Centrão maldito. Tem jeito isto aqui? Já teve grandes oportunidades e as perdeu.

NÃO GOSTO DE FILMES ESCATOLÓGICOS

A Origem do Mundo, comédia francesa que acabou de entrar na rede Netflix, começou engraçada, irreverente, focando num homem cujo coração parou de bater, mas ele continuava vivo, mas para ele continuar vivo haveria de se ter uma foto da vagina de sua mãe de 82 ou 84 anos. Com cenas inusitadas com os atores cumprindo super bem o papel, até que a mãe do personagem, num revival conta que defecou, sim, defecou, em cima da cama de uma ex-namorada do filho. E a cena é mostrada, com a senhora abaixada, e as fezes caindo no lençol. Não achei engraçado, não entrei no espírito da coisa, e claro, saí do filme. Aliás, não é a primeira vez que vejo isso na cinematografia francesa. Tem uma série que parei de ver - uma família que se dedica ao plantio de maconha e distribuição e sofre vários revezes. Engraçada, mas numa determina cena o personagem também defeca em cima de um aparador. Será que para os franceses essa atitude é normal?

E O SOL SUMIU DA SERRA PETROPOLITANA

 Fico melancólica com  tanta chuva e céu cinzento. Chove desde o final de setembro com poucas aparições solares. Foi assim quando se deu a tragédia no Cuiabá. E claro, para isso acontecer há de se considerar a devastação na Amazônia, o efeito estufa e tantas outras coisas que juntas detonam os horrores que devastam cidades. Em Itabuna, sul da Bahia as chuvas devastaram geral.  São pobres os moradores, moram em casas precárias, construídas por eles mesmos, e daí o problema na mesa...e de fácil solução: tempestades e inundações vão destruir as casas precariamente construídas.  E o poder público está aonde? que nunca fez, e nada faz para melhorar a vida desses brasileiros, que têm suas réplicas, país afora. Dá um cansaço imenso testemunhar essas tragédias há quase 60 anos. Sempre estouram em algum lugar e sempre nas áreas mais carentes e de maior pobreza.

HIBISCOS ROXOS, A LITERATURA DE CHIMAMANDA

Enquanto o presidente anda de jet ski nas praias catarinenses, o mundo desaba no sul da Bahia e os brasileiros continuam atônitos com o desmonte do país, a cultura nos salva. Leio bastante, terminei mais um livro de Chimamanda Ngozi Adichie, Hibiscos roxos, uma narrativa forte e impiedosa, onde um homem rico e extremamente religioso,  ora se mostra doce ora um verdadeiro tirano, tudo em nome de uma conduta religiosa. Sob a ótica da filha, tudo nos é contado nos mínimos detalhes. A menina é cega pelo pai, ela o adora, e releva toda a crueldade que percebe em sua volta, em relação a ela, e a todos. Interessante, mesmo. A Nigéria de Chimamanda. Recomendo a escritora nigeriana, já tinha lido Americanah e adorado, e me volto para a História da África, vários volumes que se pode ler de graça no site do domínio público. Isso tudo por conta do que diz Chimamanda sobre seu país. Quero entender mais, e também busco nos livros do Laurentino, Escravidão, alimentar a minha curiosidade sobre aquele continente, matriz da imigração de seu povo. 

E a série inglesa nos faz ficar grudado na telinha. Suspense o tempo todo na primeira temporada. Adoro esse tipo de narrativa, crimes e soluções. Roteiro inteligente também. Recomendo. Na Netfflix. 

A FILHA PERDIDA E GENTE ANSIOSA

 Duas minisséries na grade da Netlix. A primeira é escrita e dirigida por uma atriz norte americana que adoro, Maggie Gyllenhaal, e acho que é a sua primeira direção. Conta com Olivia Colman - que super atriz-, Ed Harris, Dakota Johnson, que tem uma genética linda, Peter Sarsgaad, êta sobrenome complicado- dinamarquês?- e Jessie Buckley.  Enfim, se cercou de ótimos atores, buscou Elena Ferrante e adaptou o livro para as telas. Acertou em todos os sentidos. É uma trama complicada, conflitante, que envolve maternidade, casamento, individualidade, obrigações sociais impostas pela sociedade, e enfim, a dificuldade eterna que os humanos têm com qualquer um que não se enquadre dentro de seus parâmetros comportamentais. Maggie imprime uma direção tensa, câmera bem próxima dos rostos dos atores, que expressam o que você quer ver. É complicada a mente de Leda, Olivia e Jessie estão perfeitas, e sempre ficava esperando alguma cena trágica, que, não vou dar spoiler, aconteceu, mas não matou. Eu acho. Corre lá e assista. 

Já Gente Ansiosa é sueca e dei boas risadas, apesar de se tratar de um suspense leve e bem interessante. É marcante assistir da minha poltrona confortável como se comportam as Polícias dos países nórdicos. Pessoalmente, fico mordida de inveja. Cada país e seu povo com seu DNA. A Suécia foi colaboracionista na Segunda Guerra, mas deve ter se redimido do seu erro. A terra de Ingmar Bergman continua fazendo bons filmes, mostrando cidades limpas e desenvolvidas, enfim, e com atrizes com caras normais, as mais velhas sem botox ou plásticas que as deformam. Ah sim, trata-se da captura de um ladrão amador, que se envolve por assaltar um banco, que não trabalhava com dinheiro em espécie. E quando ele vê o erro que cometeu, foge e aí a trama toma corpo. Muito bom. Gente, um BANCO QUE NÃO TRABALHA COM DINHEIRO EM ESPÉCIE. O futuro logo ali.