domingo, setembro 16, 2007

POR QUE SERÁ QUE O RIO NÃO SE DESENVOLVE?


Leio que as favelas do Rio aumentaram em cinco anos. Todos sabem que o futuro da cidade está seriamente comprometido com a favelização em torno. Todos sabem também que o Estado Do Rio de Janeiro não arrecada impostos suficientes uma vez que as grandes indústrias saíram daqui. A conseqüência é gente sem emprego, sem possibilidades de ascender economicamente, violência exacerbada, falta de civilidade, e a lista é longa. E ainda temos César Maia, que criminosamente se omite nas edificações da Rocinha, e faz vista grossa para os problemas urbanos da cidade. Deputados populistas no pior sentido que essa palavra possa ter, incitam moradores de uma recém favela surgida no Rio das Pedras (acho) a não abandonarem seus casebres e a afrontarem as forças públicas do Estado, em prol, sinceramente não sei de quê. Já para ao norte, ou melhor, acima do Equador, Nova York se revitaliza. O setor imobiliário tem novo boom e a classe média está deixando Manhattan e ocupando espaço em bairros outrora considerados pobres. A divisão entre Uptown e Downtown também está desaparecendo e o sul e norte da ilha vão ficando parecidos. E bem verdade que depois do 11 de setembro muita coisa mudou. Lugares que eram conhecidos por abrigarem drogados estão dando lugar a moradia de estudantes, a economia é forte e há três moradores da ilha concorrendo para Presidente: Hilary Clinton , Obama e Giuliani. Só tem que dar certo.

A CHARRETE DA LEITURA


Que notícia mais alvissareira: no nordeste uma BRASILEIRA, Mônica Oliveira, professora da Escola Municipal João Francisco de Melo (Pernambuco, e imaginem a miséria de salário que deve ganhar) leva livros em cima de um jegue para a criançada, que mora no sertão, ler. A iniciativa está os motivando a escrever. Surgiram já pequenos poetas de dez e onze anos e uma menina que quer ser escritora. Ah, como fazem bem esses exemplos, num Brasil tão corrompido e injusto. Bravo Mônica.

quinta-feira, setembro 13, 2007

RENAN CALHEIROS, DÁ PRA ENTENDER?

Cruzes, como é que pode? Nossos políticos são mesmo desclassificados e péssimos exemplos pra todos nós. Que desmoralização medonha é essa? Aluízio Mercadante que sempre achei um homem de idéias boas, dignas, se absteve de votar. Acho que a carreira dele acabou. Tem que fechar Senado, Congresso e mandar essa gente suar a camisa. Torno a dizer, político não tem que receber NADA para representar o povo. Que tenha a sua profissão, e legisle pelo seu estado, cidade, apenas algumas horas por semana e depois do expediente. Queria ver! Me sinto otária o tempo todo. Os senadores do Rio também não ficaram por baixo. Estão todos igualados na merda.

segunda-feira, setembro 10, 2007

CENA VISTA DA JANELA


Estavam os dois na grande janela olhando o movimento da rua. Ela, senhora passada dos sessenta e ele um rapaz de não mais de vinte anos. Não eram parentes, não se conheciam, apenas resolveram desfrutar, quase que na mesma hora, a paisagem vista da janela, já que não tinham muito que fazer, naquele dia entediante de outubro.

O ar pesado prenunciava chuva. O calor fazia com que os passantes parassem para comprar água dos camelôs postados ali naquela esquina por onde passavam hordas de trabalhadores humildes. Carrocinhas de camarão fedorento, de milho, de cachorro quente empesteavam o ar. Homens sem camisa conversavam aos gritos e quando a bexiga incomodava, se aliviavam por ali mesmo. Ninguém ligava ninguém torcia o nariz. Os guardas municipais, em três na esquina, de costas para a bagunça, contavam os minutos para se apresentarem a corporação e irem para as suas casas em tempo de ver as novelas da Globo.

Silenciosos, a senhora e o rapaz continuavam olhando a rua. Tiveram a atenção despertada para dois meninos de rua, talvez quinze dezesseis anos, que acintosamente pediam dinheiro a todos que passavam por eles. Alguns davam outros não. Um deles, de modos efeminados, se requebrava todo e soltava gritinhos histéricos a cada trocado recebido. Juntos dividiam o camarão, o cachorro quente, o milho. A senhora e o rapaz continuaram mudos, mas os olhares convergidos para os dois pivetes. Os dois, depois de saciarem a fome, resolveram atravessar a grande avenida de quatro pistas. Foram se metendo entre os carros e só não foram atropelados por milagre. Continuaram vendo a cena, a senhora e o rapaz. A senhora resolveu falar:

- Que coisa, você viu? Não roubaram porque receberam uns trocados. Mas eu tenho certeza que assaltam, e com muita violência.

O rapaz concordou e perguntou, timidamente.

- O que a senhora acha que vai acontecer com eles?

- Vida longa, acho que não vão ter, não. Se não matarem a vítima serão mortos um dia pela própria polícia. Não vão durar muito não.

E a senhora e o rapaz olharam para a rua em tempo de ver os dois dançando na frente dos carros, alheios ao perigo, num mundo que só eles entendem como é.

sábado, setembro 01, 2007

LANÇAMENTO DE CONTO ENTRE CONTOS

Meu primeiro livro de contos foi lançado no dia 28 de agosto, um dia chuvoso, de ventos fortes (que me destruiu um guarda-chuva) e de trânsito caótico. Cheguei à Casa da Gávea atrasada e já fiquei contente quando avistei alguns amigos, a Valeska da 7 letras e minha comadre. Aos poucos foram chegando meus heróicos amigos e a Casa foi se enchendo de carinho e afeto. Meu coração explodia de alegria e a cabeça recebia pontadas. Sabia que a emoção descontrolava a pressão, mas o que fazer? Continuei recebendo abraços carinhosos, mas a Casa não encheu como eu esperava. A chuva continuava a cair e muito. O momento alto do lançamento foi os contos lidos pelos compadres, afilhada e as amigas Terezinha e Eliene, atrizes também. Eu estava numa bolha de felicidade. Os contos falados por eles adquiriram outros tons, tomaram outros vôos. Nem parecia que eu os tinha escrito. Foi o dia mais feliz de minha vida. Fiquei orgulhosa de ter amigos tão especiais. Minha afilhada Júlia deu um show- falou tão bem e é tão linda e doce. O momento sensível foi a entrada de minha amiga Lilian Ferraz, que trabalhou comigo no Consulado Americano em priscas eras. Lilian acompanhou todos os meus amores e todos os meus sonhos. E me dava conselhos sábios. E ela subiu de muletas os 21 degraus da Casa da Gávea, ajudada pelo porteiro, mas subiu num dia cinzento e feio como foi o dia 28 de agosto. Mas dentro de mim fazia sol e o céu era de brigadeiro. No dia seguinte os telefonemas foram inúmeros. Meus amigos me agradeciam pela noite linda, elogiando o alto astral e de como foi legal a leitura dos contos. Minha caixa de mensagens também ficou cheia de mensagens do mesmo teor. Como fiquei feliz e esqueci de dizer - os contos estão fazendo o maior sucesso. VALEU, MEUS AMORES. MUITO OBRIGADA.

ACIDENTE DE TREM

Acidentes trágicos mexem muito comigo. Penso no desespero das pessoas vendo a morte tão perto, na solidão de suas dores e na completa desesperança em que se encontram naquele momento. Não é à tôa que Deus existe. Todos se pegam com Ele. Mas ao ler que ladrões saqueavam as vítimas em momento tão cruel me pus, de novo, a pensar nessa sociedadezinha podre em que vivemos. Será que isso aconteceu na tragédia do World Trade Center, no choque de trens na Espanha? Não me lembro de ter lido a respeito, mas li a notícia carioca e fiquei triste de pertencer a um país onde pessoas da mesma nacionalidade que a minha cometem atos tão bárbaros. O Brasil avança, claro, parece que a pobreza realmente diminuiu, mas enquanto os governantes não olharem com cuidado para essa classe de gente desprivilegiada em termos de educação, saúde, moradia e ascensão social, essa barbárie irá continuar e cada vez pior. Louvo ações como o do Afro-Reggae, o Nós do Morro, Danço para não Dançar, e tantas outras que fazem um trabalho bonito nas comunidades pobres, mas ainda é muito pouco. Ações como essas fazem como eu não me reconheça no lugar em que vivo.

O BARRACO DOS SENADORES

Lendo no jornal o barraco entre os senadores fui diminuindo, diminuindo de tamanho e mais um pouco era engolida pelo ralo. Que péssimo exemplo essa gente dá. Não é à tôa que cada dia que passa estamos pior em termos de educação e civilidade. Como é que pode senadores da República se comportarem como pessoas grossas e sem educação. Pressupoem-se que pessoas de alto nivel tenham modos mais refinados e eu acreditava até que o pum fosse mais cheirosinho do que o da ala de baixo. Mas o que vejo atualmente no Congresso, no Senado, nas declarações do presidente Lula, no prefeito César Maia, no governador Sérgio Cabral são atitudes e declarações que mostram bem que a merda deles fede mais do que esgoto a céu aberto. Tenho clareza absoluta em relação aos políticos - em quem voto e em quem não voto. E a cada dia que passa sou totalmente a favor do fechamento deste congresso e de um outro em que os políticos não recebam salário para trabalhar e muito menos ajuda para roubarem do jeito que roubam. Se um dia isso for feito, voto de novo. Isso tem que acabar e somos nós que temos de mudar isso.