O LUTADOR


Me lembro de Mickey Rourke em Nove Semanas e Meia de Amor. Ele e Kim Bassinger, belíssima na época ( bem, ela é belíssima) deram um show de erotismo num filme que não era lá grande coisa, mas valia, no meu entender, pela plasticidade, beleza de seus
protagonistas e pelas cenas calientes. Nada que chegasse perto de Corpos Ardentes com William Hurt e Katherine Turner, filme esse que deixava as calcinhas molhadas e membros em ereção, me desculpem a linguagem.

Mickey Rourke me chamou a atenção, lembrava Marlon Brando na maneira de atuar e de se posicionar para a câmera. Algo estudado, natural e excelente. Havia também no seu semblante um deboche, como se se concedesse um favor em estar ali.
Ele foi saudado como grande ator, no entanto se sabotou nos anos seguintes. Seu nome foi parar nos noticiários policiais e fez muita besteira, filmes ruins e se afastou das telas. Eu, pessoalmente, vi pouquíssima coisa dele e nem consigo me lembrar o que foi. Veio ao Brasil, filmou na Bahia e voltou em grande estilo neste filme O Lutador, que resisti o quanto pude em ver. Vi ontem.

O bonequinho do Globo diz que ele beira o sublime.

Vamos ao filme.
Eis o enredo:
Um lutador é obrigado a encerrar a carreira após sofrer um infarto durante uma luta. Só que ele recebe uma proposta para enfrentar seu grande ex-rival, que pode permitir que retome a dignidade perdida. Dirigido por Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho) e com Mickey Rourke, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood no elenco.

Dissecando o filme:

Rourke está estranho: um cabelão, bronzeado artificialmente, pele manchada, acabado, enfim perfeito para o papel - O lutador é um bom profissional mas um perdedor na sua vida pessoal. Tem um emprego que não lhe rende muita coisa, mora num trailer, tem problemas de relacionamento com a filha, e a mulher que lhe interessa, é dançarina numa casa noturna e que enfrenta o envelhecimento na profissão. Tudo vai bem até que ele tem um infarte, recebe um marcapasso e o médico pede que ele se afaste das lutas, o coração não vai aguentar. Essa proximidade da morte o faz se afastar temporariamente da luta, mas o fracasso na tentativa de relacionamento com a filha e a mulher que ele gosta o faz aceitar a luta com um ex-rival, mesmo sabendo que o final não será feliz.

Realmente Mickey está divino, sublime mesmo como diz o crítico do jornal. A mesma cara impassível onde se desenha qualquer coisa que a gente não sabe decifrar, um jeito Marlon Brando de representar, o microfone captando sua respiração ofegante, gente, ele está mesmo sublime. A decepção com a filha, a solidão, o medo que sente, tudo a gente sente também. Fantástico.
As cenas de luta são violentas, claro, eu fechava os ollhos e abria devagar, tentando me lembrar que ali naquela cena, deveria ter pelo menos mais de 50 pessoas, mas não aguentava e fechava de novo. Vale a pena a ida ao cinema.
O final foi espetacular. Me lembrei de Billy Elliot saindo da coxia e dando um salto espetacular.
Queria falar também de Marisa Tomei que não fica atrás. Suas emoções estão bem construídas e a gente, mulher, entende o desconforto que ela sente quando tenta se mostrar para os clientes, é rejeitada, e percebe que ali, a carreira dela se encerrou. Muito bom.
Esse filme recebeu 2 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Ator (Mickey Rourke) e Melhor Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei).- Ganhou 2 Globos de Ouro, nas categorias de Melhor Ator - Drama (Mickey Rourke) e Melhor Canção Original ("The Wrestler"). Foi ainda indicado na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei). - Ganhou o BAFTA de Melhor Ator (Mickey Rourke), além de ter sido indicado na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei).- Ganhou 3 prêmios no Independent Spirit Awards, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Mickey Rourke) e Melhor Fotografia.- Ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza.

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