BODAS TÁ NA RUA DE SANGUE- LORCA/HADDAD


Fui ao Espaço Tom Jobim ontem, domingo de Páscoa, pela primeira vez. Nosso grande maestro e compositor adoraria ver a homenagem que lhe fizeram, embora exteriormente as vidaraças estivessem sujas e uma calha destruída, no entanto lá dentro é bem legal.

Estava curiosa para ver o espetáculo. Antigos colegas estavam no elenco, um deles Jitman Vibranovski.

Bem, falar de Bodas de Sangue é irrelevante, todos conhecem a história. Se não leram, já viram o filme.

Um pouco antes das 20 horas a grande porta é aberta e os atores estão em plena celebração. Recebem as pessoas cantando e dançando, bem no espírito do teatro de rua de Amir Haddad. As canções são brasileiras e vi aquilo como um aquecimento muito apropriado, já no espírito da releitura da peça de Lorca. Por que não a dança? Totalmente cabível, vai ver que era assim em tempos bastantes idos. Atores chamando o público para o seu teatro. A cantoria demorou uns vinte minutos, no meu entender bastante tempo.

Entra em cena Amir Haddad. Fala do espetáculo, fala dele, fala muito, achando talvez que estivesse em plena palestra de uma casa do saber. Ego inflado, bastante vaidoso, vai tecendo comentários acerca da encenação, frisando que atrás de cada ator, existe um diretor, e como as pessoas amam os atores, ele resolveu se mostrar para também ser amado. Que o ator não existe sem o diretor. E fala outras coisas, fala e fala. Necessidade de aparecer, de ser visto, sei lá que mais. A platéia adora, ri, e Betina Vianna, lembram dela? sai correndo da platéia e se atira nos braços do velho diretor que nem a vê. É abraçado, a platéia aplaude e ela volta para o lugar. A falação me incomoda, não estava ali para ouvir preleção de Amir Haddad, e então ele expõem o que acha do movimento cultural do Rio de Janeiro, que a seu ver tem cultura de balneário, mas que ele está ali para promover cultura, para mudar e por isso encena Lorca. E tome de falação- mais vinte minutos. Fala dos workshops ali mesmo no espaço e convida a galera para as oficinas, quem sabe sai dali um ator ou atriz dali. Graças a deus ele para de falar, mas ainda com o intuito de contribuir para a cultura do carioca,chama uma atriz que declama um poema de Lorca e então a peça começa. Se ele acha que com essa peça muda o movimento cultural da cidade, se enganou redondamente. O espetáculo é interessante, a interpretação de Catarina Abdala é visceral e valeu a ida ao teatro, como também estão muito bem todas as atrizes da peça, o que não se pode dizer o mesmo dos homens, a não ser, claro, Jitman Vibranovski que dá peso ao papel. As danças são excessivas, interferem no andamento da peça e depois de três horas sentada, não tinha mais posição e perdi o interesse. Fiquei vendo um ator negro, gostoso, musculoso falando, e achei que ele ficaria melhor num filme pornô do que alí, e fiquei bem feliz quando acabou. Três horas e meia, o mesmo tempo de Hamlet de Adebral Freire-Filho.

BODAS DE SANGUE deveria ter sido encenado fora do Espaço Jobim, por ali mesmo no jardim, seria muito mais apropriado, é uma encenação para a rua e não para um palco tradicional.

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