GLENN GREENWALD NO RODA VIVA
Quando o Intercept publicou conversas entre a turma da Lava Jato, a população desse país imediatamente tomou a posição que parece ser o lugar-comum desde o governo petista: os nós contra eles. Quer dizer, a favor ou contra Sérgio Moro, que a exemplo de Tancredo Neves, Ayrton Senna e Lula, virou Super Herói. Brasileiro é chegado a isso, achar sempre um Salvador da Pátria, alguém que lute por eles. Aquela coisa, a manada segue o boi.
Quando a Lava-Jato expôs aos olhos do Brasil a corrupção medonha que há décadas se instalou por todo o canto envolvendo parlamentares, empreiteiras, empresários, etc. e tal, evidente que o responsável por tudo isso, galgasse todos os degraus da glória em pouquíssimo segundos e logo se tornasse o preferido para a presidência da República. Nada mais natural num país que se localiza na América do Sul e abaixo da linha do Equador.
Evidente que a Lava Jato foi e é muito importante para o país. É impossível uma nação crescer com tamanho cancro em suas vísceras. Tanto que não crescia como merecia. A turma de Curitiba teve o apoio de milhares de brasileiros, eu inclusive, feliz pelo fato em si, e orgulhosa desses brasileiros. A quantidade de gente de colarinho branco presa é significativa, de ex-presidentes, a ex-governadores, parlamentares, empresários e doleiros. Foi devastador.
E como sempre acontece, o ego inflou, acharam que podiam tudo, ultrapassaram barreiras éticas, os convites para palestra$ lhe encheram os bolsos, e as conversas nada republicanas se tornaram conhecidas de todos. Soubemos disso pelo Intercept, o furo jornalístico de Glenn Greenwald.
Foi até engraçado o que aconteceu depois dos primeiros diálogos publicados. Era tanta gente dizendo que era ilegal, que era legal, Moro declarando que nada tinha de especial, a turma não sei de onde dizendo que essas conversas eram praxes entre procuradores, juízes. Enfim nenhuma conclusão, e dá-lhe de diálogos entre a turma de Curitiba.
O Roda Viva marcou um golão entrevistando Glenn Greenwald. Glenn, sereno e inteligente, deu banho de competência, e por nenhum momento se irritou ou deixou de responder a nenhuma pergunta. Tive vergonha daqueles jornalistas, que ao invés de fazerem perguntas pertinentes, queriam porque queriam saber quem era a fonte. Ora essa, a fonte não era importante, já que o jornalista se vale delas para furos jornalísticos. O que era importante ali era discutir o conteúdo. O que não aconteceu. Foi armado um circo romano para que a vítima fosse degolada. Não aconteceu também. O que ficou patente foi o despreparo da turma. Do nada, a insinuação maldosa da âncora tentando fazer um paralelo da vida profissional de Glenn quando defendeu como advogado uma empresa de filmes pornôs.E daí? Era relevante? Não era. Era relevante ao apresentá-lo já dizer que ele era homossexual casado com filhos? Não era. Que mediocridade, vamos combinar. Nunca assisti a nenhuma entrevista que o âncora comece falando da escolha sexual do entrevistado.
O que ficou claro para mim, é que Glenn não mentiu, os diálogos são contundentes, conversas incriminatórias foram divulgadas e precisam ser analisadas e julgadas. Todos são iguais perante a lei, essa máxima precisa ser obedecida e respeitada.
Fechando, faço votos para que a turma dos entrevistadores voltem aos bancos escolares. Um pós nos EUA.
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