JUIZADO ESPECIAL, DESCASO E ABANDONO


Em Fevereiro de 2009 entrei com uma ação no juizado especial, e a audiência foi marcada para junho. Reclamei, achei um absurdo essa espera toda, levando em consideração que o juizado foi criado para agilizar pequenos problemas do cidadão. Realmente, logo que inaugurou era uma beleza, falo isso por ser uma cidadã que recorre bastante aos serviços de lá. Ar refrigerado, limpeza absoluta e atendimento rápido. As audiências eram marcadas em tempo hábil e como os meus casos se resolviam na reconciliação de ambas as partes, saía de lá contente do serviço prestado. Mudou muito, desde então. E posso precisar, em questões de três a quatro anos, não mais, o uizado especial sucateou. Dessa vez, a demora para eu entregar meu processo no protocolo foi de quatro horas, em fevereiro, num calor de matar e sem ar refrigerado. Banheiros sem papel higiênico e a funcionária sozinha atendendo no balcão. Reclamei com ela em relação a demora e ela disse que nada podia fazer, era a única no setor e que para ela também era difícil agüentar essa carga de trabalho. Foi agendado para quatro meses depois. Não era assim.
Em junho compareci para a audiência. Espera de mais quatro horas e apenas uma juíza para atender a todas as audiências da manhã. Ressalto que nos quadros do agendamento as audiências se sucediam com intervalos de quinze minutos de uma para a outra, e também duas ou três marcadas para o mesmo horário, em salas diferentes. UMA JUÍZA APENAS NO TURNO DA MANHÃ, e claro ela não era divisível, não podia estar em três ou quatro salas ao mesmo tempo. Então, o contribuinte amarga uma espera exasperante e como platéia atônita de um teatro precário vê a juíza correr de um lado para o outro. Trágico se não fosse desolador, retrato de um país subdesenvolvido. Ao cabo de quatro horas entramos, não houve conciliação e fui para casa acompanhar o andamento do processo.
Ontem, dia 4 de agosto, voltei ao juizado, e como tinha ganho a causa, fui encaminhada para o dativo para a elaboração da planilha, Outra espera de três horas e meia. Apenas um dativo, que se ausentava da sala a cada audiência. E é assim, um dativo pela manhã e outro pela tarde. Complicado, dado a quantidade de gente que busca auxílio. Dessa vez, abri o verbo, que descaso é esse com o contribuinte, por que não põem mais advogados, agilizam o que deveria ser agilizado e não é mais? Como sempre, não adiantou, falei eu sozinha enquanto as pessoas olhavam para mim, com estranheza. Povinho anestesiado, esse. O juizado está decadente, sujo, banheiros sem papel higiênico, e mais uma vez é o povo que paga o pato. Vamos por a boca no trombone.
Em compensação o atendimento é nota dez, o dativo que me atendeu era muito atencioso (era ela), numa sala sem computador, e sem maiores confortos. Uma pena.

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