A ULTRA DIREITA NA GOVERNANÇA BRASILEIRA

Meus muitos anos de vida me permitem ser uma observadora da vida e da história desse país, pelo menos há mais de 50 anos.
O país sempre foi atrasado, na década de 50 vivíamos a ditadura getulista, os coronéis mandavam e desmandavam no nordeste e norte, a população de lá era paupérrima, a seca um flagelo. No Rio de Janeiro faltava água, faltava luz, muita miséria, muito analfabetismo, muito tudo de ruim. Veio Juscelino sonhando com uma nova capital para povoar o centro-oeste. Ideia  ótima, não resta a menor dúvida. Nieymeyer no comando arquitetônico da futura capital, arrasou, e para seduzir os funcionários a se mudar para o planalto, instituiu benefícios. Iniciou-se a corrupção com a construção de Brasília, com a dobradinha salarial dos barnabés, outras benesses também, e assim o balão foi inchando e inchando. Hoje temos as castas funcionais ganhando horrores enchendo seus bolsos com benefícios legais, frutos do corporativismo e que nos ofendem. 
O paí avançou, não resta a menor dúvida, mas hoje, 2019 temos a oportunidade de ver como ainda rastejamos na democracia e na civilidade. Para eleger um homem como Jair Messias Bolsonaro houve retrocesso, não resta a menor dúvida. Messias guia seu povo em direção ao atraso, ao preconceito, essa horda que se escondia por não ter voz, e agora sai do armário bufando para assumir sua identidade grotesca e burra.
Fui testemunha ocular do nascimento do PT e de como toda a classe intelectual brasileira fechava em torno de Lula. Pelo menos no Rio de Janeiro, artistas, jornalistas, professores, funcionários públicos, todos eram PT ou simpatizantes do partido. Demorou muito para Lula chegar lá, e quando chegou foi uma festa brasileira. Estava em Salvador e fiquei impressionada com a alegria baiana, e do resto do país.
Onde Lula errou? Em muitos aspectos, e só vou citar dois: primeiro: mentir para o povo brasileiro dizendo que Dilma era uma grande gestora e a pessoa competente para presidir o país, e que ele voltaria logo. Dilma se mostrou incapaz, mentiu sobre o seu currículo acadêmico, mentiu sobre os índices econômicos e com seus desmandos e erros não havia outra solução senão o impeachment.
De repente se fala em Lava-Jato, e ninguém sabia o que era. Em poucos meses, todos já sabiam que tinha sido uma operação para prender corruptos de colarinho branco. Sérgio Moro virou ídolo nacional, uma característica brasileira de eleger sempre um salvador da pátria, e pela primeira vez autoridades foram para a cadeia, inclusive Lula.
O outro erro de Lula: após  impeachment de Dilma, Lula se candidatou mais uma vez. Mas, dessa vez a situação era outra. O povo já não o aclamava mais, os aplausos nos comícios eram apenas de seus seguidores, e já preso não abdicou da candidatura. O povo tinha mudado, não gostou do que vinha vendo. Ao invés de abdicar de sua candidatura para Ciro Gomes, indicou Fernando Haddad, outro poste, tal e qual Dilma Rousseff, que já se tinha mostrado incompetente no MEC  na prefeitura de São Paulo. 
Jair Messias Bolsonaro, com seu discurso fascista encantava essa turma, até ontem dentro do armário. Quando levou a facada, ali se elegeu presidente do Brasil.  O voto antipetista cresceu e mesmo pessoas que não gostavam de Bolsonaro, fecharam com ele porque não queriam Haddad/Lula no poder novamente. E o país estava em crise, desde o segundo mandado de Dilma, só para relembrar.
E que vemos hoje? Um homem que desconhece o que é ser presidente, que só fala asneiras, onde mostra seu preconceito e ódio (embora se diga cristão) arraigado, que só sabe atacar a esquerda de forma violenta porque não tem capacidade para falar de outras coisas, e conta com a ajuda prestimosa de seus filhos, criaturas sem lastro intelectual, democrático e acadêmico. São de arrepiar, e preparem-se porque vem mais um por aqui, o tal que viajou para a Argentina, às custas do dinheiro do contribuinte.
A economia continua ruim, a política ambiental desastrosa, idem para a educação, e direitos humanos e o que direi da política exterior? Bolsonaro e filhos escutam um filósofo ultra conservador que mora nos EUA e de lá dá declarações não só desastrosas como inconvenientes, que são aceitas por essa companhia que preside o país.
O país desce de rolimã ladeira abaixo. Vai chegar uma hora em que esse rolimã vai bater em algum obstáculo, ou virar ou se desmanchar. Estou aqui torcendo para que exploda no ar.




Comentários

Maria Laura disse…
Muito boas observações, como sempre, Alice.
Espero que o rolimã que, vem vindo, sim, ladeira abaixo, não se espatife. Mas não tenho mesmo certeza de que alguma coisa boa possa acontecer, nesse descaminho que tomamos.

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