SOCIEDADE DOENTE
É de estarrecer o episódio dos jovens que agrediram a doméstica, pensando que ela fosse prostituta. Argumento impróprio e patético, pois se ela fosse uma puta, o problema era dela e eles não tinham nada com isso. Agredi-la a a pontapé numa fúria explosiva e incontrolável me fez lembrar com aperto no coração o sofrimento de João Hélio, do índio Galvino e da cadelinha prenha arrastada por quilometros presa a um carro para deleite de quem estava conduzindo. Sociedade doente é essa a nossa, e não vejo sinceramente luz no horizonte. Pobres e ricos se igualam na raiva. Há uma raiva incontida nesse país que está explodindo a todo o instante. Não sei se é fruto de corrupção generalizada (ouço na tevê que o processo do senador Renan vai ser arquivado- espero ainda que haja uma reviravolta), dos desníveis economicos abissais, da elite dando exemplos execráveis de impunidade, dessa multidão que existe nesse país, nessa cidade, onde respeito e educação viraram objetos de luxo... sei não, faço a minha parte e fico perplexa com o que estou vendo. E não posso deixar de registrar a infeliz declaração de um dos pais do jovem bandido. Não percebeu que o filho dele era tão bandido quanto aquele outro, de sandália havaiana e que mora no morro. Deus dá olhos a quem não consegue ver - não é esse o ditado? É por tudo isso que não tenho coragem de votar no Cristo - a cidade não merece- estamos todos num balaio cheio de granadas, e o Cristo está de braços abertos porque não consegue fechá-los. Chega de impunidade. Que a justiça mostre a sua cara.
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