O EDIFÍCIO YACOUBIAN
Foi o primeiro filme egípcio que vi. Fiquei comovida. Poderia falar aquela língua. Fiquei prestando atenção aos sons que saíam das bocas dos atores, fazendo-me lembrar sons ouvidos na infância. O filme é super interessante, e a crítica do jornal O Globo foi direta: um grito de socorro de uma sociedade que se vê afundada no arcaico. Bem, semelhanças de miséria e corrupção, temos aqui e lá, o que difere talvez seja apenas uma questão de latitude.O machismo arrogante, o poder sem limite dos poderosos, a máfia cruel da droga em parceria com pessoas do governo, o sexo como trampolim para uma vida melhor, e muita música, que me irritou um pouco em momentos que achei desnecessário. Tenho apenas uma crítica: quando o personagem gay tenta explicar sua homossexualidade o texto é da pior qualidade. Ele culpa a mãe inexoravelmente. Ora não é culpa de ninguém, aliás, que culpa? A pessoa é gay por opção, por gostar, não porque a mãe é puta, como o texto do filme tenta mostrar. E o final do personagem não é dos melhores. Dá também para se ter uma boa sacada da merda que é o fundamentalismo islâmico.Torno a dizer: não temos capacidade para entender o oriente muito menos o oriente médio. Eles têm outros valores e vêem a vida por outro prisma. E há momentos líricos na personagem da Claudine, uma francesa, acho, que vive no Cairo e toca piano no seu bar, freqüentado por pessoas de maior poder aquisitivo. Muito interessante e gostei muito de ver o filme.
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