BRASILEIRO NÃO OUVE MÚSICA PARA SI, TODOS EM VOLTA TÊM QUE OUVIR
Moro num lugar aprazível onde os sons da natureza com o latido dos cães dos vizinhos são a constante. Inclusive à noite, que pode ser bastante incomodativo. Há também as buzinas, uma vez que neste condomínio são raras as campainhas nas portas, além de não termos interfone. É um vale, onde todos os sons se propagam de maneira caótica e indecente, dependendo do barulho. E eu considero a música que vem da favela uma afronta a qualquer ouvido. Defendo que cada um ouça a sua música, e eu não preciso ouvi-la e vice-versa, mas nós, brasileiros, não temos essa sofisticação comportamental. Claro que muitos temos, mas numa comunidade, seria muito achar que tenham, até pela maneira com que vivem, praticamente sem privacidade, e sem tudo. Infelizmente. Sempre aos sábados e domingos pelas manhãs, e quando há festas no sábado, a música que vem de lado é ruim, é pancadão, sem melodia, incrível. Então, coloco música clássica e me delicio com a orquestra vibrando. E hoje, principalmente me perguntei porque o secretário de cultura do município não leva a música clássica para a favela? Duvido que fiquem indiferentes aos sons da orquestra. Seria uma maneira de mostrar que há outros sons. Aliás, na cidade do Rio de Janeiro há ONGs que oferecem dança e música clássica para seus habitantes, estou certa? Aqui em Petrópolis não tem, deveria. A sofisticação musical, assim como a cultural e a gastronômica têm que ser ensinadas. Li uma vez uma reportagem sobre isso, como se educa o ouvido para a boa música, que não precisa necessariamente ser a clássica, mas jazz, samba, MPB, e os populares. Quando ouvi Piazzola a primeira vez fui tomada de grande emoção. E é isso que a boa música, a bela pintura, uma cena de dança, teatro e um livro causam na gente.
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