PERDIDA, filme de CARLOS EDUARDO PRATES CORRÊA
Conheço pouco a filmografia da Carlos Prates. Vi Noites do Sertão, Cabaré Mineiro e gostei bastante e fiquei feliz de poder ver PERDIDA, exibido ontem no Canal Brasil. O filme é de 1975, parece que ficou censurado um ano, e ganhou vários prêmios. Alguns de seus atores já morreram, inclusive meu amigo Helber Rangel, Maria Sílvia, Carlos Wilson, Wilson Grey e vou parar por aqui, senão vira página de obituário. A história se passa no interiorzão mineiro, uma moça simples, Estela, é empregada doméstica,e por sofrer abusos e agressões dos patrões foge com a trouxa na cabeça. Um bêbado investe contra ela no bar de um posto de gasolina, mas um chofer de caminhão a salva e a leva para casa. No dia seguinte ele a convence de ir para um bordel, mas lhe assegura que quando estiver na cidade passa a noite com ela. Apaixonada por esse homem, ela o espera por um tempo infinito, mas depois de um tempo, cansada do bordel, ela abandona tudo, trabalha numa fábrica e por fim vai para Belo Horizonte, um novo horizonte, um novo futuro.
Pois é, fiquei lendo os prêmios recebidos pelo filme e me perguntei como pode ganhar tanto? Em respeito ao Prates, e ao Helber, acho que a cinematografia brasileira mudou muito desde 1975. Os atores, hoje, tem uma excelente mobilidade em cena, talvez até por causa das novelas, que deram cancha e prática ao pessoal, os roteiros são mais ágeis, o que sai da boca dos atores é mais verossímel, enfim, foi bom ter visto para ver o quanto o cinema brasileiro evolui. Uma coisa que me incomodou e muito foi a gratuidade do nu. Há uma cena em que Maria Silvia está nua em pelo e o Helber vestido e até com meias. Outras cenas foram as do bordel. Uma gratuidade ímpar em se filmar em close as intimidades do corpo da mulher(acredito que não fossem atrizes, e sim figuração) com calcinhas e peitos de fora dançando sendo observadas por um Zeca (Helber) bêbado. Houve um close em que por alguns segundos fiquei vendo a calcinha da mulher com seu pelo pubiano espremido na renda da tanguinha,ocupando toda a tela. Valha-me Deus. Em 1975 vai ver que o nu gratuito era chamariz para os espectadores pouco habituados ao cinema, ao ver o filme poderem se masturbar depois. O excesso de música me incomodou também, para cada cena uma música altíssima, ao invés de apenas pontuar. Mas a música era de muita qualidade.
Tentei colocar a foto do Helber e não consegui e então a homenagem a Maria Sílvia que se foi no ano passado, vítima de câncer de pulmão.
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