A FITA BRANCA

É um filmaço e tanto dirigido por Michael Haneke. A hístória se passa na Alemanha antes um pouco do estouro da primeira guerra mundial. É uma reconstituição de época magistral. O filme é escuro, o figurino dos atores é escuro e é em preto e branco o que dá muita força a história que o diretor conta. A vida do vilarejo gira ao redor das terras do barão. Há um pastor que cuida das almas, um  médico viúvo, um administrador das terras do barão e um professor de música, ele o narrador da história. Começa o filme mostrando um incidente grave, e a partir daí outras atrocidades vão acontecendo, tudo cercado de grande mistério. A vida dos aldeões é mostrada por uma câmera sensível e sobretudo pela interpretação dos atores, todos magistrais. A empatia com a câmera me surpreendeu, sobretudo em relação às crianças. O diálogo entre dois irmãos a respeito da morte foi de uma delicadeza comovente. Me lembro que eu, quando criança perguntei ao meu avô o que era morrer. E ele, calmamente me disse que era quando as pessoas se esqueciam de respirar. Isso foi um tormento, e por muitos anos fiquei atenta ao meu respirar, porque não queria morrer. Causou-me arrepio a rigidez absurda da educação daquela época, e entendi perfeitamente porque a Alemanha se tornou nazista. Um grande filme.

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