A MORTE DE MEU AMIGUINHO JACQUES
Jacques era namorado da Aimée, uma menina adorável que mora no meu prédio. Os dois tinham a mesma idade, estudavam juntos no colégio Ph e conheceram o amor em sua plenitude. Eu adorava os dois: Educados, gentis, tão diferentes do que vejo por aí.
Na sexta-feira passada, Jacques foi atropelado por um caminhão. O motorista passou por cima dele e de sua bicicleta, e fugiu. Ficamos todos em choque. Todos que o conheciam rezavam por ele, e eu achava que ele ia se safar. Não resistiu.
Fiquei com raiva quando me lembrei que há alguns dias atrás, nosso governador, em Paris, braços abertos em cima de uma bicicleta, falava na implantação de um sistema de aluguel de bicicletas no Rio de Janeiro, e de como seria bom essa prática para a Cidade. Esqueceu o deslumbrado governador que essa Cidade é violenta, selvagem e enquanto não se civilizar esse povo não adianta trazer idéias da Europa para os trópicos.
Primeiro há que se civilizar os ciclistas, que nas ciclovias dirigem como loucos, e fora das ciclovias estão sempre na contra-mão, atropelando o pedestre que atravessa a rua desavisado, olhando apenas para um lado. Não obedecem sinauis de trãnsito e circulam pela calçada, em alta velocidade.
Aposto que em Paris, os ciclistas não andam na contra-mão, obedecem os sinais de trânsito, e não andam pelas calçadas.
Depois, há que se civilizar os motoristas: de caminhão, de carros de passeio, de ônibus, enfim essa frota fanstástica que trafega pelas ruas de cidade, que pilota seus bólidos como se estivessem em guerra. O inimigo é sempre o que está na frente, no lado, em qualquer lugar atrapalhando a performance.
E FOI ASSIM QUE JACQUES MORREU.
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