GURUS, PASTORES, PADRES E MEDIUNS COMO JOÃO DE DEUS- O QUE ELES TÊM EM COMUM?

 

            Líderes religiosos têm um poder infinito de guiar almas através da escuridão e fornecer luz para que continuem o caminho inglório pela vida. Já disseram que viver não é para principiantes, e sim para profissionais. O que entendemos sobre isso? Na minha modesta opinião, começamos como amadores, vamos nos escolarizando à medida que crescemos, aos trancos e barrancos, superando obstáculos ou paramos perante a inabilidade de prosseguir, e aí é que surgem os gurus, pastores, padres e médiuns que nos oferecem não só ajuda para transpor os obstáculos, mas com um precinho a combinar. E esse precinho é muito cruel. Padres pedófilos, pastores abusando de mulheres, gurus e médiuns fazendo a mesma coisa. E também envolve vultosas somas em dinheiro, tudo pela paz na terra e uma morada permanente no além.

Em Wild Wild Country, na rede da Netflix, narra a história de um polêmico líder de seita- o guru indiano Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho, que constrói uma comunidade utópica no Oregon, os conflitos criados com a comunidade local, e os escândalos, depois revelados, em cascata. Ao assistir o documentário, eu, plateia, ficava perplexa como é que aquela gente caiu em tamanha esparrela. Não dá para acreditar, mesmo que o sujeito se apresente com cara de santo. E quantos Rajneeshs se espalharam pelo mundo? Na década de 70, no Rio de Janeiro eram centenas, vendendo incenso e usando suas roupas exóticas, enquanto seu guru seria expulso dos EUA não muito tempo depois. Viva ao povo do Oregon que percebeu o embuste e o detonou. Eu conheci pessoas interessantes e cultas que admiravam e seguiam Osho, um sujeito embusteiro que se enriqueceu às custas de palestras e dos ricos que o apoiavam. Aliás, e a propósito não é o primeiro guru a se envolver também com promiscuidade sexual, abuso, está tudo lá no documentário. Bem recente, outro sujeito, brasileiro, que também se diz guru, e dá palestras onde arrecada um bom dinheiro, e promove cursos que lhe asseguram bem-estar, foi parar nas redes sociais por abuso sexual. Assisti ao depoimento dele, e fiquei pasma com o seu cinismo e arrogância. De novo, a minha perplexidade com pessoas que o seguem e ainda pagam para ouvi-lo. Parece que no Brasil, a profissão guru rende bons dividendos. Claro que há exceções, mas é engraçado que mesmo tão próximos e ao alcance dos olhos, poucas pessoas conseguem vê-los como realmente são.

O médium João de Deus teve trajetória espantosa. Milagreiro, adorado, até Oprah Winfrey veio entrevistá-lo, como tive testemunhos de amigos curados por ele, foi difícil entender como é que desceu escada abaixo tragado por uma lama peçonhenta que o levou à prisão. E como os gurus, era milionário. Reflexão: o que nos leva a adorar esse tipo de pessoa? Me incluo, como simpatizante do espiritismo, sei que há médiuns espetaculares que fazem uma baita diferença na vida do sujeito que procura por apoio religioso. Eu mesmo já conheci médiuns fantásticos, como minha mãe, por exemplo, e outro, que já se foi.

E os padres pedófilos? mancha escura na Igreja Católica, que se sucedem há séculos, claro, pois castidade é obrigação, para mim castigo dos deuses. Nunca entendi a obrigação de ser casto, sexo é vida, orgasmo é revigorante, mas não com crianças e sim com parceiros adultos. Pastores casam, padres deveriam casar também.

Líderes religiosos tratam com pessoas com diversas carências, com sofrimentos causados pela vida familiar, situação financeira desastrosa, doenças, então, se aproveitam e cobram caro. Torno a dizer, não são todos, mas tem uma maioria consistente. Temos que ter os olhos abertos e denunciar sempre que virmos o errado, o ofensivo, o abusivo.