O QUE ME DEIXA MUITO ORGULHOSA 2: A MÚSICA BRASILEIRA
Minha admiração vai para os artistas, os criadores, sem eles o mundo não teria a menor graça. Não sou pessoa que amo o país. Nasci aqui, vivo aqui, tenho característica culturais que me identificam com as pessoas que também vivem aqui, mas jamais morreria pelo país e se fosse homem e tivesse que ir pra guerra, simplesmente fugia. Mas, por outro lado, sempre tem o outro lado, amo a literatura, a música, a dança do grupo Corpo, de Debora Colker, a arte de Beatriz Milhazes e de saber que muitos brasileirinhos oriundos de favelas estão bailando e sendo aproveitados por companhias estrangeiras. E Quase todos negros. Não é simplesmente maravilhoso? E que também tem outros brasileirinhos, que graças a um tipo de brasileiro abnegado tocam instrumentos clássicos e fazem parte de pequenas orquestras. Isto sim, me deixa muito feliz.
Tive muita sorte de crescer numa família musical. Meu avô conheceu Villa Lobos, e me contava muitas histórias envolvendo o maestro. Sou apaixonada pela obra do grande Villa. Entrei para o Conservatório Brasileiro de Música muito pequena e lá conheci Francisco Mignone, já bem idoso. Quando pude tocar suas peças, ficava toda orgulhosa de tê-lo conhecido. Suas Valsas de Esquina tem uma brasilidade encantadora. Qualquer um, mesmo não sendo músico, reconhece o país na melodia. Como Gershwin para o mundo. Os Estados Unidos está impregnado na sua obra. Mignone, Lorenzo Fernandes, Ernesto Nazareth, Alberto Nepomuceno, Eduardo Souto compunham peças com temática brasileira. De temas africanos, como Jongo, à cantigas de roda.
E na música popular, começando pela Chiquinha Gonzaga, e tantos outros que vieram depois. Preciso falar de Pixinguinha e da emoção que sentia ao vê-lo já idoso regendo orquestra em shows na televisão.Carinhoso é o grande carro chefe de sua genialidade. Ary Barroso foi outro que me comoveu (pois é, sempre me comovo com essa turma ). Até hoje suas músicas me calam fundo e quando ouço Aquarela do Brasil e Na Baixa do Sapateiro me curvo à grandiosidade do mestre. Tenho vários CDs de chorinho, tocado por um time imbatível: Jacob do Bandolim, Paulo Moura, Zé da Velha, etc.
Ter crescido e usufruído dos talentos de Antonio Carlos Jobim,Vinicius, Chico Buarque, Ivan Lins, Caetano e Gil, Gismonti, não é pra qualquer um. A turma da Bossa Nova , que veio um pouquinho antes, mudou a música que se fazia no país. Me lembro perfeitamente que não achava a menor graça em Dalva de Oliveira e da turma que cantava como ela. Foi com a Bossa Nova que comecei a curtir a nova música que se fazia no país. E surgiram os intérpretes de ouro: Bethania, Gal, Elis, Milton. Muitos outros ótimos que vieram depois e que vão vir sempre. Somos um bom celeiro de artistas. E nada melhor do que começar o ano brindando à essa turma genial.
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