DUAS VISÕES DA MUY DIGNA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

São duas amigas queridas que moram no Flamengo. Uma mora sozinha e a outra tem toda a família em volta. A que mora sozinha, comentava comigo (pedi permissão para postar neste blog suas impressões) está muito irritada com a sujeira constante do Parque do Flamengo. Diz que no fim-de-semana é praticamente impossível encontrar um lugar sossegado para tomar sol ou ler um livro, embora ela diga que durante a semana não é muito diferente. Pessoas trazem farnéis, se espicham no gramado, crianças jogam bola e atingem pessoas que não estão no jogo, e o pior, barraqueiros plantaram barracas ao longo da orla, e segundo ela, essas barracas tiraram a bela vista da Baía. Ela pontua também o desleixo do Parque, fezes humanas e de animais, homens, mulheres e crianças urinando sem pudor, dane-se se você estiver passando.

A outra, que morava aqui em Petrópolis, está adorando cada segundo na cidade. Claro, que o fato da família estar à mão faz uma diferença enorme. Rema na praia, escolhe o restaurante onde quer comer e está feliz com a mudança.

Outras amigas que moram colado a praia já não mais a frequentam. Com poder aquisitivo alto, viajam para fora do país, ou para o norte para usufruírem das praias. Falam também dos engarrafamentos constantes, e das filas para entrar no cinema, embora exista a possibilidade de se comprar o ticket on line.

Eu leio o jornal diariamente. Leio as inúmeras reclamações e fico triste, porque sabemos muito bem o que vai acontecer logo ali no futuro. 

Assisti as comemorações de fim-de-ano nas praias cariocas e qualquer um pode antecipar a sujeira que estaria no dia seguinte, com famílias, inclusive, acampadas na praia. É triste, sim, decadência urbana a todo o momento.

Minha amiga também fala dos mendigos, pessoas de rua, se acomodando nas calçadas, que segundo ela, aumentam desproporcionalmente a cada dia.

Retrato em preto e branco de uma cidade cuja localização é tão privilegiada, mas de maravilhosa não tem mais nada.