INVERSÃO DE VALORES NUM PAÍS QUE NINGUÉM MAIS SABE QUE O DIREITO DE UM TERMINA QUANDO COMEÇA O DIREITO DO OUTRO
Sempre me irritou e vai sempre irritar o fato de brasileiro não ter a mínima noção de respeito e cidadania. O barulho aqui é institucionalizado. Quando morava na cidade do Rio de Janeiro nunca me conformei com as bombas, todos os domingos, por conta de campeonatos de futebol. Morava num prédio com dois blocos, sendo que os fundos do bloco A ficava de frente para o blco B com um tanque piscina a separá-los. Todos os domingos, independente do time que ganhava, a gritaria era ensurdecedora. E fora os palavrões soltados. Horrorizava-me, porque já tinha que aturar o barulho de um bar de esquina, cujos frequentadores ao invés de usar a palavra no seu diapasão normal, se comunicavam aos gritos, estimulados pela bebida.
Viajo muito e não ouço fogos, nem gritaria por conta de jogo de futebol.
Certa vez, indo de Nápoles para Pompeia, entrou no vagão do trem um casal, pai e filho, com características ciganas que tocavam um acordeão. TODOS, TODOS, fingiram ignorá-los. Acrescento que a empresa que faz esse tipo de transporte trafegam com carros totalmente detonados, portanto a decadência abrange vários outros segmentos, inclusive a presença de músicos dentro dos vagões.
Isso tudo para chegar ao episódio de um sujeito tocando dentro de um vagão do metrô e sendo interpelado por uma cidadã que lhe fez ver a inconveniência do ato. Os passageiros se indignaram e ficaram do lado do infrator, e a cidadã saiu do metrô fazendo gesto obsceno. Não devia. Valores trocados, vagão de metrô, ônibus ou qualquer outro transporte público não pode permitir música ao vivo. Mas, como eu disse, nós aqui não temos noção de nada, e talvez a turma que aplauda, ache moderninho esse tipo de comportamento. Muito que aprender, se é que um dia aprenderemos.
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