A FÃ


Severina levou um susto quando leu que sua artista preferida tinha nascido no mesmo dia que ela e que tinham a mesma idade. Por uma questão de segundos e de útero, poderiam ter sido gêmeas. Esse fato foi determinante para que Severina se sentisse ligada a ela por toda a vida. Das fãs, a mais fiel, das fãs a mais entusiasmada. Fazia das tripas coração para com àquela se parecer, copiava das roupas ao cabelo e vivia a vida da outra, pelas revistas.
Severina foi tecendo sua vida à margem de sua artista preferida. Existia porque a outra existia. Acompanhou os inúmeros namoros, o casamento com empresário famoso e o nascimento dos gêmeos: Paulo e Luísa, os nomes que ela daria aos seus próprios filhos. Quando sua artista estava no elenco das novelas, não desgrudava do aparelho, e emocionava-se, alegrava-se e se apaixonava ao sabor das cenas que via.
Sabia que sua artista preferida costumava tomar um café num determinado lugar no Leblon. Um dia, tomou coragem, e foi para lá. Passaram-se meses, e ela postada na frente do café, do lado oposto da rua, sempre ao cair da tarde, e nada de sua artista aparecer, até que um dia a viu, tão linda, tão diáfana, atravessar a rua e se sentar numa mesa na calçada. O coração de Severina veio-lhe à boca. Nossa, é muito linda, pensou com o coração em festa, embora a garganta apertasse de emoção, os olhos se enchessem de lágrimas de felicidade, enquanto pensava numa palavrinha delicada que fosse agradável aos ouvidos de sua musa, mas, a coragem lhe faltou, não tinha nada a falar, e ficou ela, ali, se abanando, um espantalho humano, cego de idolatria, olhos cravados na sua artista preferida. A atriz percebeu a presença da mulher e se sentindo invadida e incomodada, levantou-se e entrou para o restaurante, escolheu uma mesa no canto e ficou de costas para a rua, não viu, quando sua fã, de todas a mais fiel, de todas a mais entusiasmada, emocionada com o tanto que aquela mulher lhe fazia feliz, agradecia a deus pelo encontro, prometendo continuar fiel a quem lhe dava tantas alegrias, e em passos lentos, encharcados da presença luminosa de sua artista preferida, deixou o local.

Comentários

Unknown disse…
Conheci um amigo de uma amiga americana que se dizia amigo de Barbra Streisand.E narrou um fato que aconteceu num restaurante em Los Angeles. Um fã dessa senhora a viu jantando num restaurante à mesa com alguns amigos. Esse fã, incrédulo, não hesitou. Foi até à mesa e falou;
- Ms Streisand, que prazer em vê-la. Que felicidade!!
A senhora, grossa e arrogante olhou de soslaio para o declarado fâ e, dirigindo-se ao seu acompanhante, mandou essa:
- Who the fuck is that guy?
O fã empalideceu e, totalmente decepcionado, virou-se e foi embora.
Outra de estrela.
Um comissário de bordo de uma companhia americana dessas, trabalhando na 1ªclasse, fica em êxtase quando vê Lucille Ball entre os passageiros daquela classe nobre, acompanhada de sua secretária. Gentilemente e tietemente,dirige umas palavras amáveis à dita cuja. E a secretária, prontamente, responde:
- Desculpe, mas a Senhorita Ball não fala com qualquer um.
Severina precisava ler isso.... Bjs

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