A BIBLIOTECA ESTADUAL E A REVITALIZAÇÃO DO CAIS DO PORTO

A Biblioteca Estadual foi fechada para obras. Uma grande reforma foi prometida e a maquete é formidável, com direito a uma passagem que sairia do prédio e chegaria ao Campo de Santana para atender ao cidadão que preferisse ler ao ar livre. A cidade precisava de uma biblioteca à altura. Trabalhei lá por um tempo e ficava bastante deprimida ao ver livros rasgados, roubados, sujos, os didáticos, principalmente, precisando de atualização, e também de constatar que o lugar servia para os sem tetos da região, que imundos, incovenientes ocupavam as poucas mesas para babar em cima dos livros ou passar o tempo até o próximo horário da tal refeição a um real. A administração da Biblioteca não coibia tal procedimento e o constrangimento ficava por conta do funcionário tendo que fazer vista grossa à mendicância que se instalava por lá. Por isso, a obra foi um alento. Hoje, passei pela Biblioteca e não vi nada que lembrasse uma obra. A Biblioteca continua do jeito que sempre foi, feia, caindo aos pedaços. Não vi operários, nem máquinas, e nenhum movimento que indicasse obra. Corre à boca pequena que a obra vai se resumir a uma boa maquiaquem, pois o foco agora é a revitalização do Cais do Porto, uma obra gigantesca e eleitoreira, que talvez garanta ao governador a reeleição, e afinal, não esqueçamos, o Rio é candidato as Olimpíadas, e a cultura, mais uma vez, é posta para escanteio. Se o presidente Lula nunca leu um livro, para quê uma Biblioteca? Não é assim que pensa essa gente?

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