VALE O ESCRITO- A GUERRA DO JOGO DO BICHO

Série documental da GloboPlay narrada e dirigida com extrema competência. A narração e a supervisão artística é de Pedro Bial. 
A imiscuidade entre policiais e bandidos já vem na pista pelo menos há 50 anos. E foi ficando pior, dada a "cegueira" entre os poderes. Quando criança, minha mãe e avó sempre jogavam no bicho, chamavam de "fezinha", e também ganhavam.  Era uma prática folclórica, como a classe média dizia. Lembro-me do sujeito sentado numa cadeira, na calçada ao lado de bares ou restaurantes e lá ficava recebendo o dim-dim. Eu não tinha ideia da bandidagem que estava por trás.
O documentário foca nos velhos chefões e mostra os próximos herdeiros. Bem, recomendo a todos. Fica muito mais fácil entender o que acontece hoje na cidade do Rio de Janeiro. Sim, minha gente, está tudo dominado. A violência sem freios que assola a cidade vem de longe. Maninho era o rei da Zona Sul, veja se pode? As quadrilhas são muito bem organizadas, o dinheiro jorra que nem água, e quem sair da curva, tiro nele. A família de Maninho é um espanto. Pior do que a família Soprano. Irmãs que se odeiam, mãe que fala manso e doce, e que foi traída a vida toda pelo garanhão do marido, a amante oficial, moça sarada, fazendo questão de dizer que ela é que era a namorada oficial, maridos das filhas compactuando com o crime, enfim, uma salada que foi muito bem temperada e apresentada para o consumo. Os velhotes, hoje patéticos, falam sem pudores de suas práticas, são riquíssimos e posam de bons moços. De Sabrina Sato a Alcione todas posam ao lado do Capitão Guimarães. Celebridade X celebridade. Você posaria ao lado de bandido? Eu não. 
E aí aparece il capo di tutti capi, que se escondeu aqui no condomínio onde moro, e cuja captura todos vimos. Parecia cena de filme. Fiquei entusiasmada. Foi preso e o ministro Nunes Marques, agora, o soltou. Recomendo ao ministro que veja a minissérie.
A geração que sucede os velhos mafiosos está aí nas bocas para continuar o "trabalho". Foram entrevistados, e fiquei preocupada com o discurso deles. E só penso no que faria meu pai que errou tanto, mas que me passou valores humanos, de dignidade e respeito que me fizeram ser a pessoa que eu sou, se tivesse um filho bandido.

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