AQUARIUS DE KLEBER MENDONÇA FILHO
O cineasta Kleber é instigante. Seu filme O Som ao Redor me deixou apreensiva do começo ao fim. Trabalha bem com a câmera e sabe o que quer.
Quem não tem saudades de Sônia Braga? Todos os que acompanharam a sua vida profissional no Brasil, e foi ótimo vê-la em ação, num filme brasileiro e incorporando um leve sotaque pernambucano à sua personagem.
Desculpem-me mas Aquarius não teria chance na disputa do Oscar. É um filme ótimo que retrata a guerra de uma aposentada vivendo num apartamento de três andares, vazio, objeto de cobiça de uma grande construtora que usa de meios ignóbeis para conseguir seu objetivo. O roteiro se vale de flashbacks para ilustrar a vida anterior de Clara, o personagem de Sônia, e assim vamos vendo como era a sua vida, o jeito carinhoso que usava no sua intimidade em contraponto com a frieza que usa em algumas situações, já no outono de sua vida.
Não acho que seja o papel da vida de Sônia Braga, que estava magnética em O Beijo da Mulher Aranha, e ótima em Tiêta do Agreste onde mostrava a exuberância que tanto agrada a seu público. Aliás, detetei um erro de prosódia que ninguém falou. Sônia fala o português com outra musicalidade, que não é a nossa. Impossível terem pedido a ela esse tom, que não cheira nem fede, apenas passa,, e isso me fascinou e percebi que ninguém percebeu. Isso se chama prosódia, e quando comento, as pessoas dizem que só eu é que vi isso, mas no fundo penso que não sabem direito o que é prosódia. kkk. sorry.
A trilha sonora é show, mas as cenas de nu sem razão nenhuma de ser. Mostrar a mulher nua logo no inicio em flashback de uma senhora que comemora seu aniversário, praquê? fica feio, e depois aquele bacanal com um figurante de pênis ereto, pergunto novamente, pra quê? Não precisa, a insinuação do corpo humano é linda de ver com sensibilidade e sem expor na sua crueza, que convenhamos não é estético.
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