REX



                                               REX

                Meu cachorro escolheu hoje, um domingo quente de primavera para empreender a sua viagem sem volta.
                Lia o jornal quando ele foi passear pelos arredores da casa. Desceu para o terreno de baixo, sentiu-se mal e aos poucos morreu delicadamente. Como foi a sua vida. Um cachorro quieto, de índole calma, mas que não interagia com os seus semelhantes.
Denzel foi o único observador de sua despedida, chorando e correndo de cima para baixo e vice-versa e eu sem entender o porquê dessa angústia sem motivo aparente. Agora, sei.  Fomos encontrá-lo já morto com Denzel ao lado dele, chorando agoniado.
                Foi enterrado aqui mesmo e vou comprar uma muda linda de árvore, será a árvore do Rex.
                A morte é sempre surpreendente e devo dizer que ao acompanhar a morte de meus cachorros e de alguns amigos que se foram, estou aprendendo cada dia mais a entendê-la e apesar de sentir uma tremenda dor, choro o que tenho que chorar e nesse estranhamento que se segue, tento achar um equilíbrio na minha emoção que me impulsione para frente, até porque meu dia está mais perto do que jamais esteve.
                Almocei e continuo  a minha rotina. Olho para os lados e o vejo, arfando, andando devagar, os olhos bastante comprometidos com a degeneração ocular, mas feliz em estar num lugar tão bonito, ele que gostava de se sentar na varanda e admirar o visual.
                Denzel está estranhamente quieto, e eu também, pranteamos juntos, cada uma a sua maneira, o ser amado que se foi.
Itaipava, outubro 28/2012

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