PAULO MOURA - 1932-2010
foto de Joaquim Nabuco
Leu que ele tinha se internado na Clínica São Vicente. Uma notinha, assimzinha, na coluna social de seu jornal preferido. Na hora teve a certeza de que do hospital ele não saía mais. Esperou uma semana para ter a confirmação da notícia.
Foi numa noite regada a muita bebida, sexo e jazz que se conheceram. Quando ele entrou, causou frisson, quem é, ela quis saber. É um músico e tanto, instrumentista, toca um saxofone de arrepiar, famoso, gosta de mulheres louras, namora uma judia e é casado com uma negra. Ela, de uma morenice libanesa, riu e acrescentou, não vou ter nenhuma chance com ele, então. Sei não, ele gosta de mulher, falou o alcoviteiro, nunca o vi rejeitar cara nova, e ele olhou para você. Vamos ver no cara ou coroa. Deu cara. E os dois saíram juntos da festa: ela e o músico instrumentista, famoso, maestro e compositor e dono dos olhos mais lindos que já viu.
Viveram uma paixão, sexo puro. Cheio de compromissos, sociais e afetivos, o maestro se desdobrava para estar com a morena, e assim foram levando por algum tempo. Ela perseguia a carreira de atriz, naquele mundo todos estavam aos seus pés e ela era a dona do mundo. Como tudo era fácil, e ainda por cima tinha o maestro em noites tropicais ao som de um saxofone tocado depois de uma noite de amor.
Ficaram sem se ver muitos anos. Ao se reencontrarem ele estava casado e bastante mudado, assentado, como se essa nova mulher também tivesse reorganizado sua vida e seu visual. Mas os olhos continuavam os mesmos. Tocaram-se com carinho e a promessa de se encontrarem ficou no desejo. A nova vida dele não dava chances para estripulias outras.
E ela nunca mais viu o maestro.
Leu também que os amigos fizeram um sarau na clínica onde estava internado e que ele, num arroubo de vida pegou seu clarinete e tocou pela última vez.
Pensativa por um momento, a morena se lembrou de uma noite plena em que ele, inspirado pelo amor e tesão, pegou o saxofone e tocou para ela. Só para ela, aquele momento único eternizado para sempre.
E foi assim que ele se foi, eternizado pela sua bela música e cercado pelos amigos.
Leu que ele tinha se internado na Clínica São Vicente. Uma notinha, assimzinha, na coluna social de seu jornal preferido. Na hora teve a certeza de que do hospital ele não saía mais. Esperou uma semana para ter a confirmação da notícia.
Foi numa noite regada a muita bebida, sexo e jazz que se conheceram. Quando ele entrou, causou frisson, quem é, ela quis saber. É um músico e tanto, instrumentista, toca um saxofone de arrepiar, famoso, gosta de mulheres louras, namora uma judia e é casado com uma negra. Ela, de uma morenice libanesa, riu e acrescentou, não vou ter nenhuma chance com ele, então. Sei não, ele gosta de mulher, falou o alcoviteiro, nunca o vi rejeitar cara nova, e ele olhou para você. Vamos ver no cara ou coroa. Deu cara. E os dois saíram juntos da festa: ela e o músico instrumentista, famoso, maestro e compositor e dono dos olhos mais lindos que já viu.
Viveram uma paixão, sexo puro. Cheio de compromissos, sociais e afetivos, o maestro se desdobrava para estar com a morena, e assim foram levando por algum tempo. Ela perseguia a carreira de atriz, naquele mundo todos estavam aos seus pés e ela era a dona do mundo. Como tudo era fácil, e ainda por cima tinha o maestro em noites tropicais ao som de um saxofone tocado depois de uma noite de amor.
Ficaram sem se ver muitos anos. Ao se reencontrarem ele estava casado e bastante mudado, assentado, como se essa nova mulher também tivesse reorganizado sua vida e seu visual. Mas os olhos continuavam os mesmos. Tocaram-se com carinho e a promessa de se encontrarem ficou no desejo. A nova vida dele não dava chances para estripulias outras.
E ela nunca mais viu o maestro.
Leu também que os amigos fizeram um sarau na clínica onde estava internado e que ele, num arroubo de vida pegou seu clarinete e tocou pela última vez.
Pensativa por um momento, a morena se lembrou de uma noite plena em que ele, inspirado pelo amor e tesão, pegou o saxofone e tocou para ela. Só para ela, aquele momento único eternizado para sempre.
E foi assim que ele se foi, eternizado pela sua bela música e cercado pelos amigos.
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