VUVUZUELAS AFRICANAS E AS CORNETAS BRASILEIRAS

Barulho é uma coisa que me tira do sério. Reclamo, fico enfezada e até o tom de minha voz muda. O Rio de Janeiro é uma das cidades mais barulhentas do mundo. Pessoas falam alto na rua, dentro de suas casas, nos restaurantes,  os veículos fazem barulho urbano ensurdecedor, cães latem porque ficam sozinhos, crianças andam de bicicleta dentro de seus minúsculos apartamentos e jogam bola para a porta, esta se  fazendo de gol ( no apartamento ao lado do meu isso acontece com frequencia), enfim, estamos vivendo a cultura do barulho. Gosto de futebol, admiro o esporte, atleta que fui, mas em tempo de copa de mundo, aguentar o barulho de cornetas, fogos, apitos e torcidas extrapoladas e patriotas é demais. A honra do país em jogo, todo mundo tendo orgulho de ser brasileiro é, no mínimo, ridícula. Leio que os médicos estão alertando para o perigo do som que sai das vuvuzuelas, e pelo que ouvi pela televisão, é estarrecedor. É de um mau gosto extraordinário e imagino como ficam os ouvidos das pessoas depois de um jogo, lá na terra de Mandela. Mas não precisamos ir tão longe, nossas cornetinhas também são de matar. O que não entendo é como papai e mamãe podem comprar isso pros seus filhotes. Crianças e os muitos jovens não tem ainda uma noção significativa de muitas coisas , e cabe aos pais a orientação adequada. Não aguento quando vem com a justificativa que é Copa do Mundo, todo mundo faz barulho. Acredito que a diferença quando se educa é justamente essa, mostrar ao filho o que todo mundo faz e que não é legal, que não é educado, que não é civilizado. Os animais se ressentem do barulho exagerado (acrescido dos fogos de artifício que para os seres da  natureza é algo assustador) e latem desesperadamente. Eu não consigo latir ainda, infelizmente, mas fico bastante incomodada. A corneta, com certeza, não seria um mimo com o qual eu presentearia um filho ou um filho de um amigo, ao contrário, os colocaria numa máquina de triturar e acabava com aquilo de vez.