MAIS UMA NOTINHA SOBRE A BIBLIOTECA ESTADUAL

Realmente trabalhar na Biblioteca Estadual ou em qualquer serviço público é dose pra leão. Há um ranço de acomodação que me incomoda demais e que me provoca raiva de mim mesma por ter de trabalhar num lugar assim. Minha inteligência é subestimada o tempo todo. Dou sugestões que não são ouvidas, peço coisas e não sou atendida, e funcionário bom é aquele que faz pagamentos para a chefe e compra o lanchinho da tarde. Já comentei que na Biblioteca entra quem quiser. Dei sugestões que isso mude, até porque a gente fica muito vulnerável, mas vem a cantilena - Aqui sempre foi assim , ou A governadora Rosinha proibiu que se constrangesse os leitores, etc. e tal. Bolas, tem gente que vai para a Biblioteca dormir, tira os sapatos ou sandálias, e baba sobre os livros. E é normal para as senhoras do Salão de Leitura. Isso tem que mudar, ora. Eu fico indignada. Há que ter postura. A Biblioteca é feia, suja mas é uma instituição e como tal tem que haver normas de comportamento. Pedi que as minhas sugestões fossem levadas à direção, mas duvido que foram. A chefe do Salão de Leituras é amiga da diretora e tem 70 anos. Pela compulsória teria que pedir a aposentadoria. Mas não larga o osso. Continua lá com o seu carguinho. Ela tem idéias antigas, trata mal o público, não gosta que a gente use o computador para mostra ao leitor como fazer a pesquisa, e pra finalizar acha a faxineira, que é péssima, uma maravilha. Hoje ela fez uma cena digna de filme. Uma estudante chegou pra mim e perguntou o que a Biblioteca tinha sobre semiologia. Eu não sabia o que era. Nem ela, claro, mas ela disse que estudava Português e Literatura Brasileira, e foi o professor de literatura que tinha pedido a pesquisa. Fui conversando com ela até o computador. Quando a chefe me viu chegar no computador com a estudante, falou alto para a garota.
- Eu não disse pra você falar com a outra bibliotecária? A mais forte? Não era essa.
A menina e eu olhamos para ela.
- Tem que ir na estante. Pra que o computador? Pergunte a Charlote que sabe tudo que a Biblioteca tem.
Não acreditei no que ouvia. Respondi.
- Deixa-me atender da maneira que acho correta.
Ela amarrou a cara e foi falar com a outra bibliotecária.
Bem, o computador listava uma série de livros. A moça continuou a pesquisa. Quando deu uma brecha, me dirigi à chefe e reclamei.
- Escuta, o que você tem contra o computador? Se acha que é irrelevante, fale com a direção, pois estão gastando dinheiro à tôa.
Ela me deixou falando sozinha. Ai não agüentei, me irritei e saiu.
- Você devia ter se aposentado. A cabeça envelheceu.
E é verdade. Não sei se ouviu. Espero que sim e que ela tenha o bom senso de refletir. Pois nas 4 vezes que fui ao computador com o leito, ouvi a mesma ladainha.
- Esquece o computador. Vá direto na estante.
Ou
- Pergunte a Charlote.
TUDO ERRADO- ISSO É SERVIÇO PÚBLICO.

Comentários

-jr- disse…
Maria Alice, o pior é que é assim em praticamente qualquer área, em qualquer nível. Enquanto eu estava em Brasília, presenciava esse tipo de mentalidade o tempo todo. Pelo menos, as pessoas do alto escalão do órgão onde eu trabalhava eram diligentes e competentes. Mas o resto era isso mesmo: resto.
Beijos.
-jr- disse…
Maria Alice, o pior é que é assim em praticamente qualquer área, em qualquer nível. Enquanto eu estava em Brasília, presenciava esse tipo de mentalidade o tempo todo. Pelo menos, as pessoas do alto escalão do órgão onde eu trabalhava eram diligentes e competentes. Mas o resto era isso mesmo: resto.
Beijos.
Anônimo disse…
Ô amiga, é pra acabar né! Muita calma e paciência nessa hora!
Isso tem que mudar! Nós estamos fazendo a nossa parte certo?

Keli

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