O CASO CELSO DANIEL , na GLOBOPLAY
Vivi todas as fases das barbáries no Rio de Janeiro. Da ação dos pivetes, na década de 80, quando pulavam nas janelas dos ônibus, quando os veículos paravam no sinal, para arrancarem joias das mulheres sentadas nas janelas: de cordãozinho à brincos. Na orla então, era pior. Foi nessa década que meus pais desistiram das caminhadas matinais pelo Parque do Flamengo, e as mulheres passaram a usar bijuterias. Eu mesma salvei uma mulher de roubo por um travesti, na saída de uma passagem subterrânea em Botafogo. Quando vi que ela estava sendo agredida, inventei um nome como se já a conhecesse, e a livrei do pior. Ela estava tão amedrontada, que quando se viu livre, saiu correndo. Na década de 90, o país foi mesmo para o buraco, e logo depois começaram os sequestros. Carros importados eram o foco, resgates robustos, fraude pelo telefone também - diziam que tinham um parente preso e exigiam X. Muita gente caiu neste jogo. E depois vieram os saques com as vítimas retirando dinheiro do caixa eletrônico ou com os bandidos usando os cartões. Admirável este país. A bandidagem sempre presente. No documentário sobre o prefeito de Santo André vemos de novo a barbárie presente. Os bandidos, todos de comunidade, perversos, ignorantes, morando mal, sem acesso a nada, é criminosa a ausência total de políticas públicas nesses antros canibais - claro que sei que há muita gente, mas muita gente legal mesmo que mora em comunidades, mas quando vem à tona, o que se vê é um bando de carniceiros cujo ódio mata que tem mais. O documentário é muito bom, eu mesma pouco sabia sobre ele. Foi um grande brasileiro, e deixou legado, fato raro hoje em dia. Passe por lá.
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