SALVADOR, UMA CIDADE LINDA, MAS....
Minha paixão pela Bahia começou com a música Na Baixa do Sapateiro de Ary Barroso. Apaixonada pela melodia, a canção sempre me emocionou. Depois vieram os livros de Jorge Amado, que me cativaram e fizeram de mim uma fã ardorosa do escritor. Depois vieram os Baianos, Caetano, Gal, Bethânia e Gil. E ainda tinha as cocadas, o vatapá, Dorival Caymmi e João Gilberto.
Fiz duas viagens à Bahia, uma para Porto Seguro e Arraial da Ajuda quando esses lugares ainda eram pouco povoados. Impressionou-me a cor da água (no Rio tudo era poluído), o clima gostoso, e a comida deliciosa- não a que vendiam nas barracas da praia, que inclusive me deixaram doente por conta da falta de higiene, mas a dos restaurantes. A segunda vez, passei alguns dias em Salvador e depois fui para o Morro de São Paulo e Boipeba. Caí de quatro, esplendorosas. Caminhava muito, tirava o biquini dentro d'água e nadava nua, em água morna. INESQUECÍVEL, não conheço o Caribe, mas o potencial dessas praias se estivesse em mãos certas seria um baú de dinheiro para o turismo. O problema crucial nesta terra é a falta de estrutura para atrair o turista rico como por exemplo nas ilhas Gregas. E sei o que estou dizendo porque conheci Creta e Santorini, e as praias de Santa Catarina e as do Nordeste não ficam nada a dever àquelas.
Agora Salvador. Adoro a cidade, suas avenidas limpas e largas, uma brisa sempre a levantar a roupa, mas estranho qualquer calor hoje em dia porque moro na Serra Fluminense, cujo clima não tem igual.O impacto da cidade é grande, parece que em Salvador o Brasil é mais Brasil. Aquela negritude linda, o sotaque do povo, a malemolência do andar, a comida maravilhosa, sou apaixonada mesmo, e acho que ao invés de ter me criado no Rio, deveria ter vivido lá. Falaram muito da violência, dos assaltos em ônibus, nos ataques a turista, principalmente nos pontos turísticos e fiquei triste, mesmo sabendo que a violência extraordinária das cidades brasileiras é uma constante há décadas. Décadas, e e nada se faz para coibir isso. Soube que os turistas estrangeiros andam escasseando por lá, e aqui também, pudera, morrer no Brasil por conta de celular ou de uns poucos dólares, ninguém merece. Que fiquem fora deste país, até melhorar, é o meu conselho.
Mas, mesmo assim, o fato de ter ficado hospedada na Barra, ter revisto minha querida amiga Symona Gropper, razão da minha ida à Salvador - queria lhe dar um abraço pela publicação de seu livro- A menina que era vento, e Stella Ferraz, sobrinha de outra amiga querida, já valeram a viagem. Nadei na praia, conversei com todo mundo naquele pequeno pedaço, Symona me levou para passear, vi onde morava Ivete Sangalo e Duda Mendonça, Carlinhos Brown e visitei a casa de Jorge Amado no Rio Vermelho. Com a alma em festa passei pelo terreno do Gantois e pela casa de irmã Dulce. Comi bem, me delicieis com cocadas, respirei fundo o ar da Bahia, e o gosto do sal nos meus lábios nos três dias que passei lá.
Não gostei dos vendilhões do templo, aquela cambada nojenta de ambulantes que ficam nos pontos turísticos querendo lhe vender bijuterias pobres e horrorosas. ME LEMBROU A ÍNDIA. Ninguém merece. Fora isso, Viva Salvador, Axé Bahia de Todos os Santos, aliás que baía mais linda.
Acabei de me dar conta do contra senso. No Rio de Janeiro temos um Cristo Redentor de braços abertos, numa cidade que se mata horrores todos os dias, e em Salvador, a bela baía é a de Todos os Santos, cidade também muito violenta. Jesus e os Santos não dão mais conta do Brasil, estamos mal.
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