GREGORY PECK FANTÁSTICO EM TO KILL A MOCKINBIRD
Minha mãe adorava Gregory Peck, ele era o galã da época, anos 40, 50. Realmente, um homem lindo, extraordinário ator, com voz máscula e marcante, optou por papeis de homens decentes, que passassem mensagens edificantes, e foi assim nesse magnífico filme em que incorpora o advogado Atticus Finch. Viúvo, com dois filhos ainda crianças, recebe a incumbência, se é que posso chamar assim, de defender um homem de estrupo em mulher branca, com marcas de violência física. Nada documentado, apenas citado pelo pai da mulher, um homem branco, tosco, sempre visto embriagado. Baseado no livro de Harper Lee, e passado em 1932, o enredo se passa numa cidade sulista, pobre, onde o racismo é violento. Vamos lembrar que foi apenas nos anos 60, no governo Kennedy que os direitos dos negros foram institucionalizados, e ainda assim o preconceito é enraizado na sociedade americana. O filme tem diálogos incríveis e as três crianças dão show. O livro de Lee retrata personagens magníficos, prato cheio para qualquer ator. Evidente que Atticus, pelas mãos de Lee, é um homem que todas gostaríamos de ter ao nosso lado, ótimo pai, ótimo profissional, não racista, inteligente, muitas qualidades e nenhum defeito, nenhuma escorregadia, enfim, a magia da literatura e do cinema. Na cena do tribunal em que defende Tom, o negro acusado do estrupo de uma mulher branca é brilhante. Apresenta defesa certeira, o sujeito não poderia ter maltratado a mulher, por ser canhoto e os ferimentos que tinham sido analisados tinham sido feitos por pessoa destra. Fica evidente que quem espancou a mulher foi o pai. Ela, uma desequilibrada, valeu-se de Tom, que lhe prestava um serviço, agarrar-se a ele, no momento em que o pai chega em casa. Tom, apavorado sai correndo e o pai aproveita e espanca a filha. Não sei porque a atuação de Peck me lembrou a de Glória Pires. Palavras certas, econômico no gestual, carismático e acertando nas pausas e seus efeitos, Peck tira o melhor de si e empresta ao personagem. Ganhou o Oscar, claro. E Tom é acusado, e no caminho da prisão é morto. Passou ontem no telecine cult.
Comentários