O LIVRO DE MARGARETH MITCHELL COM CERTEZA CAIRIA NAS GARRAS DO MEC

Cresci ouvindo minha mãe falar maravilhas do filme "E o vento levou". Adorava o Clark Gable e elogiava a beleza de Vivien Leigh, os dois protagonistas do filme. E se deliciava em me contar os detalhes. Quando pude ver o filme também saí extasiada, e agora, que li o livro, belíssimo, uma obra clássica onde a história dos EUA está toda ali dentro, sorrio amarga ao pensar que se a escritora fosse brasileira, seu livro estaria censurado. Seria considerado racista, pois não o foi Monteiro Lobato? Pois é, a política cultural do Mec é infame, mas de hoje em diante não vou mais falar nessa ojeriza que é esse partido porque posso ser ameaçada de morte como foi o ministro Joaquim Barbosa, e ainda quero viver alguns anos mais.
O livro foi escrito por uma dona de casa entendiada, foi o que soube. Ah, se isso fosse uma prática recorrente, teríamos livros incríveis, mas nem todas as bored American housewives têm o talento de Mitchell, pelo menos naquela época e hoje em dia é difícil até ter housewives, é ou não é?
Mas o livro é excelente. Uma narrativa forte, com personagens super bem delineados, riqueza de detalhes, é quase impossível não devorar as mil e tantas páginas de uma só vez. A guerra da Secessão que é praticamente o fundo histórico do romance é de tirar o fôlego, e mais uma vez constato que fazer guerra é uma burrice e tanto. Forte e contundente é o retrato do sul pintado por Mitchell, com certeza um mundo que acabou depois da guerra. Um mundo de fazendeiros com suas famílias que gostavam de festas, churrascos e nada mais. Veio a guerra, e esse mundo mudou. Reth Butler, maravilhosamente encarnado por Clark Gable é um personagem e tanto sem falar em Scarlet, Melanie, Ashley e tantos outros, que vão morrer comigo porque, como disse, conheço suas existências  desde sempre. Mitchell cria também diálogos fantásticos e situações extraordinárias onde as personalidades são desvendadas nua e cruamente, sem nenhum enfeite. Um fato notável, em se considerar a época em que foi escrito.  E falar da tradução é falar no trabalho incrível da minha amiga Marilene Tombini.

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