BENOÎTRE GROULT
Benoître Groult é uma escritora francesa, famosa, e quando escreveu esse livro tinha 80 anos. Conheço pouco da atual literatura francesa, e foi com muito prazer que me deixei levar pela beleza de sua prosa. O livro trata da existência, da vida,e é fantástico como a trama se desenrola. O livro me tocou porque quando ela fala de sua personagem principal, um autora que vai envelhecendo, com as perdas do marido, da irmã, vendo o envelhecimento dos filhos, enfim, ela vai tocando nos nossos medos, nas nossas inseguranças, coisas que percebo que entre nós não falamos, porque a moda é estar em alto astral, como se esses tópicos não existissem. Fica feio falar da tristeza, a gente sempre tem que estar bem para não atrair energia ruim. Acho graça. Tenho amigos que me surpreendem, estão sempre ótimos, o que duvido mesmo porque sei que são pessoas que sofrem com problemas no casamento, com a carreira, com a dificuldade real do envelhecimento, da morte que se aproxima, mas ninguém fala. Apenas uma amiga convesou comigo. Falamos da solidão do envelhecimento e ela me perguntou o que eu faria quando estivesse muito velha pra viver sozinha. Respondi-lhe que se não pudesse ficar na minha casa iria para uma clínica geriátrica. Claro que ficamos pensativas e uma nuvem de tristeza pairou no ar, mas a realidade é essa e temos que enfrentar. Quando terminei de ler fiquei bem triste, reflexiva, mas confesso que a cada dia entendo melhor a chegada da finitude. O livro é belo, sensível e só podia ter sido escrito por uma mulher que já passou dos sessenta anos.
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