O GINECOLOGISTA

Sempre foi desprezível, mas de inteligência brilhante. Nunca fez amigos na escola ou em qualquer lugar que freqüentasse. Acnéico tinha dificuldade de arranjar namorada. Seu rosto era constituído de pequenas crateras por onde o pus corria livremente. Mas vingava-se sendo o primeiro da classe e o único que sabia tudo na ponta da língua. Esnobava os outros com sua sabedoria e proclamava aos quatro ventos:

- Ainda hei de ter as mulheres mais lindas de pernas abertas para mim.

Estudou medicina e bacharelou-se em obstetrícia. Em cinco anos fez mestrado e doutorado e logo a sua fama de excelente médico espalhou-se pela cidade. Sua clientela era rica e bonita. Deu-se ao luxo de não atender convênios e cobrava salgado por uma consulta.

Saboreava com indizível prazer o exame ginecológico. Ficava tenso, excitado, mas nunca deixava transparecer. Era minucioso no exame de toque mamário e genital e prolongava o máximo que podia esses minutos com suas pacientes cheirosas e limpas. Findo o exame ia para o banheiro se masturbar.

Raimunda, sua assistente, moça pobre da Baixada, tinha fascinação pelo seu chefe. Era Deus no céu e dr. Ornellas na terra. Esperta, a moça logo percebeu o comportamento bizarro do médico, como também percebeu os olhares que o médico dava para o seu corpo rijo de formas acentuadas. Começou a estudar um plano para seduzi-lo.

Depois da consulta de Gisela Ambrósio, uma das clientes mais lindas do médico e com a qual ele ficava muito tempo explorando as curvas dos seios e as reentrâncias do útero, Raimunda sabia que assim que a cliente se levantasse para trocar-se, ele iria correndo para o banheiro pronto para explodir fragmentos de sêmen. E pensou.

- É agora ou nunca.

Fechou a porta atrás de si, tirou a calcinha e se encaminhou para o banheiro do médico. Pousou a mão na maçaneta para abri-la, mas desistiu. O médico abriu a porta e viu a cena inusitada.

- Que é isso Raimunda? O que você está fazendo aqui, parada?

Ela abaixou a cabeça, totalmente sem graça. Ele olhou a calcinha na mão dela.

- Se você está com algum problema, posso te examinar no final do expediente.

Ele pediu que ela deitasse na cama. Examinou-a diligentemente, igualzinho como fazia com as outras pacientes. Os dedos macios do médico causavam frisson na paciente. Ela extasiava. O olhar pidão o instigava, e ele se esmerava. Findo o exame, ele se trancou no banheiro. Ela o esperou. Ele saiu, deu-lhe boa-noite e ela apagou as luzes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O DISPENSÁRIO DA IRMÃ ZOÉ

O PREÇO DA VERDADE. FILME.

GUERRILHA NA AVENIDA BRASIL E A INCOMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA DE CLAUDIO CASTRO.