FATOS SOBRE A BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL

A Biblioteca Pública Estadual é um prédio horroroso de concreto armado, em plena Avenida Presidente Vargas. Trabalhei lá no início da minha vida profissional (sou bibliotecária), quando ainda era o prédio antigo. Uma casa bonita, toda branquinha. Sai de lá, morei na Europa, voltei para o Brasil e me reintegrei no Estado. Voltei para a Biblioteca, achei tudo detestável e pedi para ser transferida para qualquer outro lugar. Nisso, a Biblioteca sofreu um incêndio (parece que foi proposital) e Darcy Ribeiro foi buscar na França, o modelo da atual Biblioteca. Foi uma comissão com ele analisar, estudar e colher informações. O resultado está no prédio atual, que talvez se fosse construído num país rico poderia oferecer o conforto que aqui inexiste. É um tormento trabalhar num lugar que está atrasado cinqüenta anos, cujo mobiliário é pobre e precário, onde a ventilação é deficiente e a sujeira presente nos livros nas estantes, pelo menos no Salão de Leitura que é onde trabalho(estou de volta há um ano e doida para me aposentar) A equipe de limpeza é formada por 4 funcionários apenas, sendo que a faxineira que nos cabe é da pior espécie. Ela finge que limpa, certas pessoas acreditam, e ela vai levando, assobiando na sala, falando alto e escapulindo, como pode, de suas tarefas. O pessoal da segurança então, é hilário. Rapazes que foram recrutados porque estavam sem emprego. O subchefe então, quando fala é de dar dó. Mas agora vamos ao público que freqüenta o Salão de Leitura, onde me instalo. A Biblioteca permite que qualquer pessoa entre sem mostrar documento, então, entra de tudo. De tudo mesmo. Estou cansada de ver homens dormindo e babando em cima dos livros, descalços e fedorentos. Esses elementos ficam putos quando chego, educadamente, e os acordo. Faço a minha voz soar o mais educadamente possível e lembro a eles que a Biblioteca é uma instituição pública e como tal devem agir. Não permito de jeito algum esse tipo de comportamento. Reclamam e saem bufando, quando não me hostilizam. Parece que Darcy Ribeiro sonhava com uma Biblioteca popular onde as pessoas entrassem, sentassem no chão, namorassem, enfim se sentissem em casa, à vontade. Sem ostentação para não inibi-los. Darcy era um visionário, importante sim na educação e já morreu há bastante tempo. O Brasil mudou, a Biblioteca está caindo aos pedaços, quente e abafada, com a ventilação comprometida por conta de janelas emperradas, com goteiras no prédio inteiro, e esse povo que ele gostava tanto, empobreceu, está violento e sem educação. E temos que exigir do público que nos freqüenta compostura, pelo menos. Não posso permitir que um sujeito entre no meu ambiente de trabalho para dormir, babando em cima dos livros e ainda tirando o sapato para ter mais conforto. Estou pedindo para que a direção reflita sobre essa permissividade. A Biblioteca também serve de exemplo para o estudante pobre do subúrbio que vai lá fazer pesquisa. Temos que exigir a identidade também para todos que usam o Salão de Leitura, para a nossa proteção, inclusive. Isso também coibiria a freqüência de certos tipos mal encarados, que só de olhar dá medo.

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