O CANTO LIVRE DE NARA LEÃO, NO GLOBOPLAY
Espetacular, comovente e no fim baixa uma saudade daquela tempo tão rico, tão inovador e tão marcante na história da cultura brasileira. Através de Nara Leão e sua vida tão enriquecedora, uma mulher além de seu tempo, corajosa, inteligente, temos uma panorâmica sensacional das décadas, 60,70 e 80. Ela morreu de um câncer no cérebro em 1989.
Tive o privilégio de acompanhar todo esse movimento efervescente porque morava no Rio de Janeiro, em Botafogo, assistia a todos os programas musicais que eram transmitidos pela televisão e ainda lia jornal, sempre o segundo caderno. Então, esse documentário precioso me fez voltar no tempo, e foi mesmo emocionante. A roda gira e não se deve deixar a nostalgia ruim se instalar. Lembrar com leveza e saudade é legal, afinal ainda estou viva. Nara foi mesmo única. Abraçava a todos, com os ouvidos sempre abertos para o novo com qualidade. Gosto de pessoas corajosas e ela era demais, e com certeza nunca tinha visto uma cantora se posicionar com tanta clareza destemida. Pagou um preço e se exilou.
Rever a turma toda jovem fez bem ao meu coração. Os que estão vivos deram declarações valiosas. Todos acima de 70 e tal. Fui ao espelho e vi o quanto também envelheci. Faz parte, não é isso? Interessante ela declarar que no início de sua carreira, não era levada a sério... por ser mulher. Êta machões... que com o tempo mudaram de ideia, aposto.
Enfim, Nara tinha voz pequena, houve um ti-ti-ti com a polêmica Ellis, quando disse que Nara não cantava, e isso foi o motivo pelo qual Nara nunca quis se apresentar num programa onde Ellis estivesse. Nara era afinadíssima, com uma percepção musical extraordinária, conhecia a teoria musical, tocava muito, e sim a voz era pequena, não tinha o vozeirão de Bethânia ou Ellis, e daí? Sua importância foi marcante e é simplesmente delicioso ouvi-la cantar. Vale a pena assistir essa pérola. Nara presente.
E por que não dizer? Também estudei no Ginásio Mello e Souza, em Ipanema, celeiro de alunas que se destacaram na vida cultural do país. Como era mais velha do que eu, três anos, não a conheci.
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