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Mostrando postagens de agosto, 2007

LULA E A ELITE INTELECTUAL

Demorei a comentar o fato porque fiquei perplexa com as considerações do presidente Lula em relação às bolsas dos mestrados e doutorados. Não é possível que não enxergue que uma nação precisa de cientistas, mestres e doutores para sua evolução científica, tecnológica e literária. Uma nação se faz com homens e livros , já dizia Monteiro Lobato. É necessário sim, que todas as crianças estudem, mas tenho muitas dúvidas quanto ao assistencialismo do Bolsa Família. Canso de ler que o Brasil avançou alguns passos em relação à pobreza absoluta e fico querendo acreditar MESMO. Amigos mais radicais me acham ingênua, dizem que preciso aprender a ler entrelinhas. Não tenho essa habilidade. Leio o que vejo na minha frente. Porque também sou assim- falo direto sem subterfúgios. Mas voltando às primeiras linhas: o presidente Lula até porque não tem nenhum estudo acadêmico se vangloria de ter chegado à Presidência com pouco estudo, e por isso menospreza a elite intelectual. Acho esse pensamento muito

A AMERICANA DO ARIZONA

A festa na casa dos Smiths prometia. O apartamento, num dos lugares mais nobres do Rio de Janeiro, o Parque Guinle, havia sido preparado especialmente para essa festa. Celebrava-se o noivado de Emily, a filha do meio do casal, com Chris da Silva, um publicitário carioca com pinta de cafajeste. Todos nós sabíamos a boa bisca que ele era, mas não tivemos coragem de dizer para ela. Também acreditávamos que ele poderia, desta vez, estar de fato apaixonado. Soubemos que não estava, e que continuava o cafajeste de sempre, quando seis meses depois terminou o noivado, e foi morar em São Paulo com uma antiga namorada. Suspiramos aliviados por Emily. Eu tinha vindo para o Brasil num programa do Peace Corps e me encantei pelo jeito simpático dos brasileiros. Trabalhei com famílias humildes em Minas e quando vim passar uns dias no Rio de Janeiro, fiquei de tal modo seduzido pela cidade rodeada de morros e praia, que decidi que aqui seria a minha nova

AS AUTORIDADES CARIOCAS ESTÃO MELANDO

Gente, até os bombeiros viraram marginais!! Não sei se me escangalho de rir de nervoso ou choro no meio-fio. A quem recorrer, moçada? A bandidagem aqui nesse país faz escola. Sei não, minha esperança em relação a esse pedaço de terra gigante em berço esplêndido, está escoando ralo abaixo. Sérgio, meu amigo querido, já me disse que devo prestar atenção pra não ficar reclamona, e apresentar soluções. Bem, tenho uma. Voltar ao passado e trocar de lugar com os Estados Unidos que tiveram, pelo menos uma descoberta e civilização com colonos que queriam se dar bem. But this is impossible, então o jeito é remar contra a maré. Fora Renan, fora Anac, fora Infraero, fora Sérgio Cabral que agora deu pra vaiar estudantes, fora César Maia que não cuida do Rio, fora Lula que chora como um bebê chorão, fora todo mundo. Vamos recomeçar, do zero. Como? Não sei. Aceito sugestões. Menos eu para Presidente.

CRIANÇA

Foi muito rápido :o susto O segundo fragmentado Em que o mundo parou Senti a tragédia Que se abatera No meu ventre Antes túmido de esperança E agora murcho de dor A boca aberta O grito sufocado O som parado no ar Meu filho Pobre anjo torto Arremedo de gente Olhava pra mim Pedindo desculpas Qual lâmina afiada A dor lancinando meu peito Peguei-o nos braços E nos reconhecendo no infortúnio Juramos um ao outro amor eterno

INSPIRADÍSSIMO JOSÉ MAYER

Está em cartaz no Teatro Villa-Lobos, a peça UM BOÊMIO NO CÉU, estrelado por José Mayer, com direção de Amir Haddad. A peça é uma das melhores coisas que já vi na minha vida. Mayer está inspiradíssimo, beirando a genialidade. Canta, dança, representa e nos encanta com a doçura que emprestou ao seu personagem. De arrepiar. Seus diálogos com Antônio Pedro, outro ator extraordinário, é da gente prender o fôlego pra não perder uma vírgula. O texto é engraçado, lírico e altamente poético. A montagem anda tem Eichabuer no cenário, Aurélio na iluminação e Biza nos figurinos, gente que já está ai nos brindando com qualidade há várias décadas. Fico pensando no quanto a televisão castiga seus atores, com textos bobos e interpretações pífias, a maioria das vezes. É no teatro o verdadeiro habitat do ator. Mayer é um ator vigoroso, voz impecável, carisma extraordinário, enfim um criador de se tirar o chapéu. Mais teatro, compadre. E obrigada por aqueles momentos tão deslumbrantes.

MILTON HATOUM E CINZAS DO ORIENTE

Todo mundo que lê o meu blog, e não são muitos, já sabem da minha admiração por este escritor amazonense de raízes libanesas. Devorei toda a sua obra com um apetite de adolescente. Terminei agora Cinzas do Norte, um livro amargo sobre a história de Mundo, pela ótica de seu amigo Lavo. As relações familiares complicadas do personagem principal na Manaus de pós guerra, dando adeus aos últimos dias da boa-vida extrativista puxando o fio da meada à uma vida efervescente no Rio, Londres e Berlim, mas tudo isso com uma previsão catastrófica de tragédia. É um belo livro, como disse amargo, mas muito profundo onde as relações são doídas e incompreendidas. Amo Hatoum. No meio desse amargor, há sempre lirismo na sua escrita.

JOÃO GILBERTO NOLL- O CEGO E A DANÇARINA

Ah , sou encantada com os nossos escritores. Sint 0-me abençoada por estar trabalhando de novo na Biblioteca Estadual. A relação foi difícil no início, devido à pobreza do lugar, desconforto e falta de infra estrutura até para desenvolver um trabalho legal. Minha tarefa é atender ao público no amplo e imundo Salão de Leitura, cheio de infiltrações e quente como um forno crematório, e como o público que atendo é mínimo, e ainda mais em tempos de internet de fácil acesso, sempre dá para ler, e muito. E estou aproveitando. Não quero outra vida até me aposentar, o que hoje até duvido que possa acontecer no período que eu vinha contando pelos dedos. O salário miserável vai me obrigar a permanecer naquele prédio medonho que me assombra todas as vezes que entro na garagem e olho para aquele livro aberto saído da cabeça do Darcy Ribeiro. E por conta disso cheguei até João Gilberto Noll , gaúcho como os Veríssimos . O Cego e a Dançarina é um livro de contos curtos interessantérrimos , cada u

SOBRE VÔOS E PONTES

Acompanho as notícias sobre esse trágico acidente da TAM e fico pasma com tudo que leio. Até agora não se chegou a nenhum veredicto. Mas uma coisa é mais claro que água. O Ministro José Viegas já havia alertado sobre possíveis acidentes no espaço aéreo brasileiro e o governo deixou de investir na infraestrutura aérea. E ainda reduziu a verba. E deu-se o caos. Leio hoje que a mesma coisa aconteceu no EUA. Fontes autorizadas alertaram o governo sobre rachaduras na ponte que desmoronou. Lá também faltou investimento na infraestrutura. Cruzes, tanto lá como cá estamos à deriva. Segurança do povo, tanto no ar como no solo não é prioridade governamental. O que seria então?